Círio de Nazaré, no contexto da “Pandemia”

Padre Wiremberg José

 

Caros amigos e leitores, outubro chegou e é Círio, mais um ano, nele vivemos novas emoções em clima de festa, ainda que, num contexto “dum novo normal” a festa da família paraense, da qual, somos convidados a trazer Maria, a Mãe de Jesus, para casa, nossos lares e nosso coração, qual fez o “discípulo amado” (cf. Jo. 19, 25), como nos relata o Evangelho de São João, na cena de Maria aos pés da cruz, “O Evangelho da Família na casa de Maria”, temática deste ano, portanto, em família, somos abençoados e conduzidos por Nossa Senhora de Nazaré que nos convida, neste tempo pandêmico, o enfrentamento de tamanha situação tão complicada, que remexeu com todas as estruturas da vida humana internacional, social, econômica e porque não dizer eclesial. A prudente decisão da Igreja junto às autoridades, nos convida, a vivermos um tempo diferente e um Círio adequado “em formato novo e provisório”.

Novamente, não teremos as habituais procissões, e o número tão grande de aglomerações, de “modo oficial”, no entanto, sabemos que o povo faz “seu Círio”, carrega sua “nazinha” nos braços , ou na cabeça, pedindo proteção, contudo, a fé será a mesma que nos une, na mesma corda que se liga a berlinda, altar que caminha qual jardim celestial amazonida em direção à Virgem do Amor de cada família paraense, e nos une nosso coração ao coração da Mãe, e ainda de modo virtual, e on line,  poderemos dizer é Círio no coração de cada família paraense, e então poderemos dar vivas àquela que é nossa mãe e razão de celebrarmos tantos  outubros, ao som da Ave- Maria, suplicando-lhe e pedindo a intercessão dela e a nossa conversão, para que tal pandemia ensine a humanidade sermos mais humanos, mais gente, para termos progresso em nossa vida humana e espiritual.

Nossa Senhora, sempre foi pauta em tempos de pandemia, basta conhecermos um pouco a história de fé, de nossa gente, do catolicismo do povo de Deus, [e de tantas orações e suplicas que rezamos até nossos dias, tais quais, “Rainha do Céu, no tempo pascal, Salve-Rainha, no tempo comum”, basta essas duas para dá certo destaque elucidativo e ilustrativo,] que até mesmo “parou” a maior procissão católico-mariana do mundo.

A Virgem Maria é fonte de inspiração para numerosos cristãos, que sempre recorrem a ela em tempos de aflição espiritual em busca de conforto para a alma, ou quando em tempos de bonança para agradecer os benefícios alcançados.

O Papa Francisco, conduz este momento com mita sabedoria e audácia, sendo nosso guia espiritual com habilidade, também seguindo os passos e a ternura da Mãe, assim nos expõe:

[Jesus nos confiou Maria como mãe]

"Jesus estendeu a maternidade de Maria a toda a Igreja quando lhe confiou o discípulo amado, pouco antes de morrer na cruz. A partir daquele momento, fomos todos colocados debaixo do seu manto, como vemos em certos afrescos ou quadros medievais." Segundo o Papa, Jesus nos confiou Maria "como mãe, não como deusa, não como co-redentora, mas como mãe".

É verdade que a piedade cristã sempre dá a Maria títulos bonitos, como faz um filho com a mãe. Quantas coisas bonitas diz um filho a uma mãe que ele quer bem! As coisas bonitas que a Igreja, os santos dizem a Maria não tiram a unicidade redentora de Cristo. Ele é o único redentor. São expressões de amor de um filho a uma mãe. Às vezes exageradas, mas o amor, nós sabemos, sempre nos faz fazer coisas exageradas, portanto, [Maria está presente nos dias da pandemia] Como dizem os Evangelhos, Maria é a “cheia de graça e “bendita entre as mulheres”. Depois, à oração da Ave-Maria foi acrescentado o título “Theotokos”, “Mãe de Deus”. "Maria está sempre presente à cabeceira dos seus filhos que deixam este mundo. Se alguém se encontra sozinho e abandonado, (Ela) está ali perto, tal como estava próxima do seu Filho quando todos o tinham abandonado", disse ainda o Papa, acrescentando:

Maria estava e está presente durante os dias da pandemia, perto das pessoas que infelizmente concluíram o seu caminho terreno numa condição de isolamento, sem o conforto da proximidade dos seus entes queridos. Maria está sempre ali, com a sua ternura maternal. As orações a Ela dirigidas não são vãs. Mulher do “sim”, que aceitou prontamente o convite do Anjo, responde também às nossas súplicas, ouve as nossas vozes, até aquelas que permanecem fechadas no coração, que não têm a força para sair mas que Deus conhece melhor do que nós. Como e mais do que todas as mães bondosas, Maria nos defende nos perigos, preocupa-se conosco, até quando estamos ocupados com os nossos afazeres e perdemos o sentido do caminho, colocando em perigo não só a nossa saúde, mas a nossa salvação. Maria está ali e reza por nós, reza por quem não reza. Porque Ela é a nossa Mãe!     

Por meio da intercessão de Maria, Deus atende prontamente as súplicas dos seus filhos e filhas amados. Na festa de “casamento em Caná da Galileia” (Jo 2, 1-11), Maria se mostra atenta e percebe a carência de vinho e intercede em favor dos noivos, e Jesus atende suas súplicas. O Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, disse que “como uma verdadeira mãe, ela caminha conosco, luta conosco e aproxima-nos incessantemente do amor de Deus”. Se num ambiente festivo ela salvaguarda a alegria da festa, quanto mais não salvaguardará a saúde a seus filhos em tempos de calamidade para a vida humana.

A crise instaurada pela “pandemia do coronavírus” exige dos cristãos e mesmo dos não cristãos a consciência humanitária. O fato de observar as recomendações sanitárias de higiene pessoal e coletivas se tornam expressões de amor consigo e ao próximo. Assim, quem cuida de si mesmo, cuida e protege também a sua família e toda sociedade. Esta é uma característica da Virgem Maria. Ela se preocupa com todos. É prestativa e está sempre disponível para cuidar da vida e o bem comum. Em tempos de grandes tribulações é imperativo que os cristãos, sobretudo, os católicos se aproximem mais de Deus, por meio da oração, seja ela pessoal, familiar ou em comunidade. O importante é se conectar com o sagrado por meio de súplicas.

 

Wiremberg José

Sacerdote Católico, incardinado à Arquidiocese de Belém, vigário paroquial de Nossa Senhora do Amparo na Cidade Nova VIII, Ananindeua, Mestre em Teologia, com especialização em Mariologia e em Círio de Nazaré. Apresenta o podcast Aqui por ti, do Liberal.    

 

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