Almoço do Círio será intimista e seguro

CUIDADOS – Por causa da pandemia, haverá menos convidados, medidas de higiene serão seguidas à risca, o uso da máscara será flexibilizado, mas o contato físico não será possível

Ericka Pinto
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O almoço do Círio é um dos momentos mais esperados nesta época do ano pelos devotos de Nossa Senhora de Nazaré. Não apenas pelo sabor das delícias que vão à mesa, como a maniçoba e o pato no tucupi, além de outros pratos que compõem a ceia nazarena, mas pela simbologia que carrega, de reunir familiares e amigos em uma grande confraternização. 

Alguns deles vêm de longe, seja do interior do Pará, de outro estado ou país. Mas, pela primeira vez, essa tradição foi interrompida para muitas famílias católicas, em virtude da pandemia de Covid-19.

No Círio 2020, em algumas residências o almoço será mais intimista, ou seja, com poucos participantes.

É o caso da esteticista Josy Macedo, de 40 anos, que optou por fazer uma reunião com no máximo dez pessoas. Em anos anteriores, ela conta que chegou a receber em média 30 pessoas em sua casa no domingo do Círio, entre familiares e amigos.

“Este ano, não iremos nem receber e nem visitar parentes e amigos, que era um costume que nós tínhamos”, e completa, “seguimos com as normas de segurança, evitando aglomerações, e vamos manter os cuidados com a higiene”.

HIGIENIZAÇÃO

A professora de biologia, Patrícia Calandrini, 52 anos, lamentou as mudanças que ocorreram este ano por causa do Coronavírus (Sars-CoV-2), mas reconhece que é necessário que todos contribuam para evitar a disseminação da doença. Ela relembrou os momentos de participação no Círio, em que acompanhava a procissão ou apenas assistia à passagem da Berlinda com a imagem de Nossa Senhora. Ao final, retornava para casa e aguardava os convidados para o tradicional almoço.

As reuniões sempre foram realizadas com uma média de vinte pessoas. Mas este ano Patrícia Calandrini resolveu manter o almoço do Círio somente com os familiares mais próximos.

“Serão apenas oito pessoas e, como moro em apartamento, não tem como colocar muita gente num ambiente pequeno. Além disso, tenho uma pessoa da família, que mora comigo, que faz parte do grupo de risco para a Covid-19, então, não dá pra relaxar com a prevenção”, afirmou.

A bióloga explica que os cuidados vão ser os mesmos que já fazem parte da rotina em sua residência, como o uso de pano de chão com água sanitária para a limpeza dos sapatos na entrada do apartamento e a higienização de maçanetas e das mãos com álcool 70%. 

Por outro lado, o uso de máscara será flexibilizado. A recomendação aos convidados durante o almoço será apenas evitar o contato físico.

 

Infectologista elogia

a quebra da tradição

 

A infectologista Helena Brígido, da Associação Paraense de Infectologia, classifica como positivo o rompimento da tradição do Círio pela própria coordenação da festividade, que suspendeu as romarias.

“A saúde tem que estar em primeiro lugar. A própria igreja católica decidiu, de forma correta e positiva que, diante da situação de pandemia e das recomendações sanitárias, não haverá procissão para evitar aglomerações, portanto, isso vale para o almoço do Círio, que é um momento em que muitas famílias se confraternizam”.

A médica acredita que, mesmo com todas as orientações que foram repassadas à população paraense, ainda haverá aglomerações no almoço do Círio.

“Muita gente vai aglomerar; vai chamar os vizinhos; vai receber parentes e amigos do interior do Estado e, em quatorze dias, no máximo, uma ou mais pessoas desse grupo vai apresentar a Covid-19. Dá pra arriscar? Não dá!”.

Embora tenha ocorrido queda no número de internações no Pará, Helena Brígido reforça que o vírus ainda circula entre as pessoas e diz que o momento ainda não deve ser de relaxar as medidas de segurança sanitária, principalmente em relação a comemorações em grupo.

“As pessoas parecem que esqueceram o que nós já passamos. Abril, maio e junho foram meses de sofrimento enorme para todos, profissionais de saúde, gestores, pacientes, enfim, para a sociedade em geral”, e completa, “hoje, conseguimos leitos de UTI com facilidade, o que é muito bom. Mas isso ocorre porque houve um investimento muito grande de cada um, seja dos profissionais de saúde, dos gestores e da própria população, que ajudou e ficou em casa no período que foi necessário. Portanto, não dá pra relaxar agora e perder o que já conquistamos em termos de redução de casos de Covid-19 no Pará”, pontuou.

RISCO

Helena Brígido é enfática ao dizer que a comemoração deve reunir apenas aos familiares que moram na mesma residência, porque, ainda que se receba um grupo pequeno, há o risco de contaminação.

Mesmo tomando todas as medidas de segurança no almoço do Círio, a médica explica que as pessoas estarão expostas, porque vão tirar a máscara de proteção para comer e beber. E é nesse momento que elas esquecem os cuidados com a limpeza e o manuseio.

Para fazer uma reunião de forma tranquila, ela recomenda que a comemoração reúna só os familiares que moram na mesma casa.

“Faça sua homenagem, festeje, faça seu almoço e, se for o caso, uma videoconferência com parentes e amigos. Essas restrições não vão lhe impedir de celebrar o Círio. Não tem nada melhor do que estarmos com a consciência tranquila e sabermos que garantimos a segurança e a saúde de todos que amamos, através de medidas que só colaboraram pra isso e que não nos impedirão de celebrar o Círio”.

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Círio
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