Romarias do Círio somarão 39 horas e 132 quilômetros

As 12 romarias do 227º Círio de Nossa Senhora de Nazaré serão cumpridas em 39 horas, aproximadamente. Somando todos os trajetos, a distância total é de 132 quilômetros. A maior de todas as procissões é exatamente a primeira, nesta sexta-feira (11): o Traslado para Ananindeua. Esse já foi um evento de percurso muito maior e mais demorado, mas após ajustes, passou de mais de 50 quilômetros para 47. Os dados foram sistematizados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Estado do Pará (Dieese-PA), em conjunto com a Diretoria da Festa.

No Traslado para Ananindeua, estima a Diretoria da Festa de Nazaré, cerca de 1,3 milhão de pessoas participam. Apesar de ser uma romaria motorizada, muitos romeiros acompanham o longo trajeto a pé ou de bicicleta. Alguns motociclistas também seguem a procissão. É um evento que altera a rotina de trânsito da Região Metropolitana de Belém por quase 10 horas, até a chegada à Igreja Matriz de Ananindeua. O começo do percurso tem uma das homenagens mais significativas: a dos pacientes em tratamento oncológico do Hospital Ophir Loyola.

Uma das características principais do Traslado é que a imagem peregrina vai até os fieis que não estão em Belém. A romaria passa por áreas periféricas. Muitos fieis enfeitam as portas das casas ou estabelecimentos comerciais, só para receber a rápida passagem da santa — suficiente para muita gente.  Várias comunidades católicas são visitadas, mas há participação de comunidades evangélicas e de religiões de matriz africana.

Sábado tem quatro romarias

No sábado (12), ocorre a segunda mais longa procissão, a Romaria Rodoviária. Curiosamente, muitas pessoas confundem essa com o Traslado e dão o mesmo nome. Mas são eventos diferentes. Neste, o trajeto é de 24 quilômetros, da Igreja Matriz de Ananindeua até o trapiche de Icoaraci. Há muitos menos paradas para homenagens e a conclusão é em, aproximadamente, 3 horas. É outra procissão em que a imagem peregrina da Virgem de Nazaré vai até a população. A principal concentração de fieis é na avenida Augusto Montenegro.

Logo após a Romaria Rodoviária, há uma bênção, no trapiche de Icoaraci. Então a imagem peregrina é embarcada para dar início à Romaria Fluvial. É o terceiro evento oficial do Círio. O trajeto é de 18 quilômetros, pela baía do Guajará, até a praça Pedro Teixeira, carinhosamente conhecida como "Escadinha" da Estação das Docas. A imagem é recebida com honrarias de chefe de estado, desde 1999, quando a santa foi reconhecida como Padroeira do Estado do Pará.

Ao final da Romaria Fluvial, a imagem é recebida com honras de Chefe de Estado (Cristino Martins / Arquivo)

Em 2018, 450 embarcações participaram da Romaria Fluvial. Esse quantitativo não deve ser muito diferente neste ano. É um evento que reúne cerca de 50 mil pessoas. A chegada é aguardada por muitas pessoas. Quem chega cedo, pode ver a imagem de perto e fora da Berlinda. Há uma rápida bênção no local.

Encerrando a manhã de procissões no sábado, a Motorromaria leva a imagem até o Colégio Gentil Bittencourt. É uma das romarias mais "jovens", criada em 1990, pela Federação Paraense de Motociclismo. É, possivelmente, uma das mais barulhentas. Cornetas, motores e escapamentos das motos, de mais de 50 mil pessoas, substituem os fogos de artifício. É um momento que muitos motoqueiros pedem proteção no trânsito. São 2,5 quilômetros, que devem ser percorridos em 1 hora. Logo em seguida ocorre a descida da imagem original do Glória, o Altar-Mor da Basílica Santuário de Nazaré.

Sábado à noite ocorre o primeiro evento principal, a Trasladação. Em outras épocas, foi chamada de Antecírio. O trajeto é o inverso do Círio: a imagem é levada do Colégio Gentil Bittencourt até a Catedral de Belém. Mais de 1,5 milhão de fieis participam. É a romaria que costuma ser acompanhada por mais jovens. Por ser à noite, é muito iluminada. O trajeto é apenas 100 metros mais longo que o da procissão principal do domingo, com 3,7 quilômetros. O tempo médio de procissão costuma ser de cinco horas. Se não houver corte da corda.

Trasladação faz o trajeto inverso do Círio, com 100 metros a mais. A Berlinda ganha uma iluminação especial para a noite. (Akira Onuma / Arquivo O Liberal)

Arquidiocese de Belém sempre alerta para não se cortar a corda

A procissão principal é o Círio, na manhã de domingo. Pelo menos 2 milhões de pessoas devem participar. A cada ano, a Diretoria da Festa tenta agilizar a procissão, para não ser muito desgastante aos romeiros que seguem na corda. Mas assim como a Trasladação, a velocidade do Círio depende de não haver corte da corda. O corte, além de atrasar tudo e desorganizar a procissão, coloca em risco os romeiros.

Nos 15 dias após o Círio, outras seis procissões são feitas, somando o total de 132 quilômetros de romarias: A Ciclo Romaria, a Romaria da Juventude, a Romaria (ou Círio) das Crianças, a Romaria dos Corredores, a Procissão da Festa e o Recírio. Esta última encerra a Quadra Nazarena, até ser Círio outra vez.