Fé em movimento: romeiros encaram mais de 70 km até o Círio de Nazaré
De Castanhal a Belém, homens, mulheres e crianças percorrem mais de 70 km em uma jornada de devoção, gratidão e superação, unindo tradição e histórias pessoais de fé

Eles surgem lentamente, como uma corrente humana que ocupa a BR-316. Vêm de cidades grandes e vilas do interior paraense. Alguns caminham em grupos, entoando preces; outros seguem em silêncio, em diálogo íntimo com a fé. Mas todos têm o mesmo objetivo: chegar à Basílica Santuário de Nazaré, em Belém, para honrar promessas e agradecer graças recebidas.
Nos dias que antecedem o Círio de Nazaré, a estrada se transforma em um templo a céu aberto. A romaria que parte de Castanhal é a maior entre as caminhadas organizadas e completa 45 anos em 2025. Um dos grupos mais tradicionais é a Associação de Devotos e Romeiros de Nossa Senhora de Nazaré (ADERCA), que reúne mais de mil participantes.
Durante 33 anos, a peregrinação foi conduzida pelo professor Nazareno Abraçado. Após sua morte, a liderança passou à filha, Mariana Magalhães. “É uma mistura de saudade e gratidão. Vamos continuar esse legado de fé”, afirmou emocionada.
A logística é garantida com a venda de camisas personalizadas, cujos recursos ajudam a custear alimentos, água e o jantar dos romeiros, servido na parada em Ananindeua. Sete carros de apoio também integram o trajeto. “Além da fé, é um momento de união comunitária”, resume Mariana.
Histórias que inspiram
Entre os que caminham está o tatuador Bruno Breda, de 32 anos. Ele faz o percurso há sete anos, desde que tentou pela primeira vez apenas por curiosidade. “Não consegui. No ano seguinte, não tentei por achar que era loucura. Depois voltei e consegui. A experiência virou promessa”, lembra.
Desde então, sua conexão com Nossa Senhora se intensificou. “Foi na chegada à Basílica que senti como se tivesse sido adotado por uma mãe. Hoje, rezo com gratidão”, diz. Neste ano, caminha para cumprir seu ciclo e em agradecimento pelo nascimento da filha de uma amiga. Para se preparar, corre diariamente e fortalece o psicológico: “A fé sustenta tanto quanto o preparo físico”.
A servidora pública Edna Maria da Silva, 50 anos, também encontrou no Círio um motivo para agradecer. “Nunca foi por promessa, só por gratidão. O que recebo de Deus e de Nossa Senhora vai além do que mereço”, conta. Com 14 anos de caminhada, ela mantém rotina diária de treinos e, mesmo com dores na coluna, aceitou o desafio de fazer o percurso novamente a pedido da sobrinha. “Ela só iria se eu fosse junto. E eu vou”.
A cobertura do Círio de Nazaré 2025 de O Liberal tem patrocínio do Banco da Amazônia, Natura, Atacadão, Liquigás, além do apoio da Vale.
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