Chegada do inverno preocupa moradores da capital

A chegada do chamado inverno amazônico, quando se intensificam as chuvas, aumenta a preocupação dos moradores de Belém, principalmente daqueles que residem em áreas mais sujeitas a alagamentos. Na semana passada, moradores da avenida João Paulo II, no bairro do Curió-Utinga, protestaram contra os constantes alagamentos naquela área. Eles fecharam a avenida na esquina com a passagem Elvira, um ponto crítico de alagamento. E externaram sua preocupação com o aumento do volume de chuvas nesta época do ano. Quem mora próximo aos canais da capital também sofre com as enchentes. Essa situação é agravada quando há coincidência de fortes chuvas e maré alta. Muitos moradores usam as margens dos canais para despejar, irregularmente, entulhos. Esse material acaba sendo arrastado para dentro dos canais, prejudicando, também, o escoamento das águas.

Ontem pela manhã, havia muito entulho às margens do canal do Tucunduba, que cruza a avenida Celso Malcher, principal via do bairro da Terra Firme. "Isso é uma peste", disse um morador que reside naquela área. Ele afirmou que, mal a prefeitura recolhe esses resíduos, o local volta a ser sujo rapidamente. "Esses dias, a prefeitura apreendeu um monte de carrinhos", contou. Esses carrinhos são usados para transportar os resíduos que são despejados às margens dos canais. Esse despejo é feito por trabalhadores chamados de "carrinheiros", que realizam esse serviço em troca de dinheiro.

No canal Vera Cruz, que também corta a avenida Celso Malcher, há o acúmulo de lixo domiciliar e, também, de entulho. Aquela área costuma alagar, o que já resultou em protesto dos moradores. Nesse local, outra dificuldade para a limpeza é que muitas casas foram construídas sobre o canal Vera Cruz. Outros moradores, porém, defendem que a prefeitura deveria realizar uma limpeza mais sistemática e profunda desses canais para, assim, combater, de forma eficaz, os alagamentos, principalmente nesse período do ano. Uma área que também sempre alaga, principalmente quando há maré alta e chuva forte, é na região do Ver-o-Peso. Na área do Pedra do Peixe, onde há a comercialização de pescado, muitos restos de alimentos vão parar no rio, o que deixa o local muito sujo, além de atrair urubus.

Em nota, a Prefeitura de Belém informou que realiza regularmente limpeza manual e mecanizada em todos os canais da cidade para combater alagamentos e reduzir os impactos causados pelas fortes chuvas. Belém possui 85 canais, que somam mais de 155 quilômetros de extensão. Ainda segundo a prefeitura, o serviço de limpeza nesses locais é  sempre intensificado nos meses que antecedem o período chuvoso. "Por isso, o trabalho foi reforçado desde o mês de outubro deste ano. Nos canais localizados em áreas periféricas e de difícil acesso, como a parte baixa dos bairros do Marco, Curió, Canudos e Terra Firme, a atenção com a limpeza manual é redobrada", acrescentou. Ainda segundo o governo municipal, diariamente 500 toneladas de entulho são recolhidas, todos os dias, na capital paraense. Cerca de R$ 2 milhões são gastos todos os meses para fazer a manutenção dos canais da capital para que o escoamento da água aconteça naturalmente e não haja alagamentos.