Ideal republicano ganha espaço na imprensa antes da Proclamação
INFORMAÇÃO - Um dos comprometidos com a defesa da República era o jornal "A Província do Pará"
A imprensa do período de transição entre monarquia e República foi profundamente importante para a formação da opinião pública no Brasil. Jornais se dividiam entre simpatizantes do modelo monárquico e republicanos, que acreditavam em uma nova forma de política. Suas preferências eram claras aos leitores. A disputa entre os dois modelos, às vezes, chegava a ser violenta: redações e jornalistas foram atacados por conta de suas opiniões. Um bom exemplo disso foi Cipriano José Barata de Almeida, do jornal "Sentinela da Liberdade". Defensor da Independência, abolição dos escravos e República, ele foi detido inúmeras vezes por seus ideais.
Professor da Universidade da Amazônia (Unama), o jornalista Igor Oliveira explica que protestos e repressões do período aconteciam por questões como a abolição da escravidão ou o aumento de impostos, “mas essas razões tinham ligação com a ideia de que era preciso o Brasil ser uma república para constituir uma civilização moderna, argumento ilustrado pelos jornais de postura republicana à época”.
A explicação evidencia, mais uma vez, segundo Igor, que "havia jornais que apresentavam postura favorável ao sistema republicano - como ‘A República’ e o ‘Diário Popular’ - e outros que eram da causa monarquista - como o ‘Diário de Notícias’”. "É importante observar que, mesmo nos jornais mais alinhados com a monarquia, havia colaboradores que manifestavam apoio ao regime republicano, como é o caso de Quintino Bocaiúva", destaca.
De acordo com Igor, a imprensa brasileira, de certo, ilustra opiniões diferentes sobre momentos políticos importantes desde a proclamação da Independência do País. "No período que antecede a instituição da República, as tecnologias de comunicação e transporte estavam se desenvolvendo rapidamente, o que tinha efeito sobre a organização e produção dos jornais", afirma, acrescentando que "quem era alfabetizado e, principalmente, possuía acesso à elite comercial e política entrava em contato com argumentos cada vez mais incisivos para o fim da monarquia".
Fatores como esses, que perpassam pelo crescimento populacional, a urgência de maior atenção a questões sociais e a progressão de tecnologias de comunicação e transporte acabaram, segundo Igor, por desgastar a imagem da monarquia brasileira, seus militares e a elite agrária do governo. "Os jornais eram espaço para divulgação de ideias de intelectuais que tinham contato com ideias liberais no exterior ou mesmo viajavam para países que adotaram o regime republicano. Isso, aliado ao desgaste que a monarquia sofria com setores estratégicos como os militares e a elite comercial, fortaleceu a ideia de que ser uma república era o melhor caminho para o Brasil", ressalta o pesquisador.
Com base no Arquivo do Estado de São Paulo, 20 jornais alinhados com a causa republicana circulavam na região Norte brasileira à época, a exemplo de “A Província do Pará”, cujo principal nome era o de Antônio Lemos, apoiador da República.
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