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Pedalada faz conexão com a natureza

A trilha Amazônia Atlântica é uma experiência com a floresta, com a gastronomia, com a história, com os povos tradicionais e percorre 400 km do nordeste do Estado

Bruna Lima

A trilha Amazônia Atlântica é uma experiência com a natureza, com a gastronomia, com a história, com os povos tradicionais e entre outras vivências num percurso de 400 km que começa em Benevides e vai de até Viseu, no nordeste paraense. A trilha não é um evento, ela é permanente e qualquer um pode fazer a pedalada.

Quem percorre a trilha se depara com paisagens e experiências distintas. Pode tomar banho de igarapé de água cristalina, percorre por floresta de terra-firme com árvores exuberantes, campos naturais, conhece manguezais, pode tirar caranguejo, comer turu com a comunidade quilombola, tem passeio de canoa, enfim, conhecer a história de escravos do Maranhão que vieram ao Pará e construíram seus quilombos. Além das cavernas sem exploração e entre outros atrativos naturais e culturais.

O projeto Trilha Amazônia Atlântica é um trabalho voluntário da sociedade civil que tem como objetivo formatar uma trilha de longo curso no nordeste paraense, que envolve mais de 60 voluntários, sendo a maioria de Belém, porém, envolve pessoas de Benevides até Viseu.

O projeto começou em junho de 2020, por meio de um movimento entre amigos, eram seis a oito pessoas. “Começamos a discutir a possibilidade de criar um percurso no nordeste paraense e que pudesse funcionar como um equipamento de recreação, preservação e geração de renda por meio do ecoturismo. E começamos a pensar e executar o projeto de forma voluntária, com ajuda do poder público e de empresas locais”, explica Júlio Meyer, coordenador da Trilha Amazônia Atlântica.

Tudo surgiu pela necessidade de se ter uma trilha como um equipamento público, da sociedade e que pudesse sobreviver aos governos. O projeto é pensado e implementado pela sociedade civil, mas tem como princípio a aliança entre os voluntários, as empresas locais e a administração pública nas três esferas. E, hoje, já conta com estas parcerias.

“Tanto a Secretaria de Turismo, a de Meio Ambiente e várias prefeituras apoiam o trabalho, e sobretudo, a prefeitura de Santa Izabel, Tracuateua, Bragança, Augusto Corrêa, Viseu e entre outras”, completa Júlio.

image (Trilha pedal)

Sinalização

A sinalização da trilha começou em agosto do ano passado. São 400 km de percurso e, no momento, já tem 120 km sinalizados com as pegadas amarelas e pretas que são tradicionais da rede brasileira de trilha. A sinalização obedece ao manual de sinalização de trilha do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) por meio da portaria 407 de 2018 e a portaria 500 de 2020, que reconhece a rede brasileira de trilhas, que rege a sinalização oficial de trilhas de longo curso.

O grupo começou sinalizando a trilha mais próxima de Belém. E, atualmente, está sinalizada de Benevides até Inhangapi, que percorre os territórios quilombolas de Torres até América, que fica entre os municípios de Tracuateua e Bragança.

Corredor ecológico faz a recomposição florestal

Josiane Mattos é voluntária e tem como função observar onde pode haver espaço de recomposição florestal para ser montado o corredor ecológico. A trilha perpassa por comunidades, unidades de conservação e quilombos com mais de 300 anos de existência, uma das preocupações do grupo é deixar nesses percursos recursos para que os habitantes possam viver do turismo rural ou ecoturismo.

“Foi uma experiência única, trabalho com meio ambiente então posso dizer que foi algo único para cada pessoa que participou naquele dia, cada pessoa fez uma trilha e o que nos uniu foi a vontade de vermos a missão e visão do que foi proposto no papel a ser realizado ali, a paixão pelo meio em que vivemos nos levou a estar lá e dar nosso melhor”, explica a voluntária.

A sinalização é rústica e viável. Os postes, cercas e árvores são pintados. “Com a pintura a gente não dá oportunidade de as placas serem retiradas e, assim, a trilha permaneça sinalizada e que as pessoas não se percam, pois essa é a nossa maior preocupação”, destaca o coordenador do projeto.

Com a parceria das empresas e apoio das instituições públicas é possível fazer a sinalização dos trechos onde os voluntários vão a campo.  “Quando partimos para o processo de sinalização temos a oportunidade de ter contato com as comunidades e gerar engajamento. Um dos objetivos da trilha é fazer aliança com as comunidades”, pontua Júlio.

O equipamento usado para a demarcação da trilha é tinta spray e stencil, forma utilizada para colocar a marca da trilha. Instrumentos simples e rápido. A sinalização com o fundo amarelo e pegada preta é para quem vem da Serra do Piriá para Benevides e o fundo preto com pegada amarela para quem está no sentido contrário.

Valorização do patrimônio natural e cultural

O conceito de forma geral da trilha é criar um corredor ecológico entre áreas protegidas e a melhor ferramenta para esta proteção é o ecoturismo como forma de valorização do patrimônio natural e cultural ao longo do percurso.

“Entendemos que essa valorização gera conservação. E conservando o território ao longo da trilha é possível criar o corredor ecológico entre as áreas protegidas. Hoje, temos 20 áreas protegidas dentro do projeto, sendo quatro reservas extrativistas e cinco territórios quilombolas”, destaca.

No feriado de Finados, uma equipe de voluntários esteve na trilha fazendo toda a sinalização do atrativo natural, cultural e de serviços ao longo do trajeto. Dessa forma, os interessados já vão poder ter conhecimento de hospedagem, alimentação, mecânico de bicicleta e entre outras informações necessárias.

“A trilha foge de estradas asfaltadas. A ideia é sempre ter contato com a comunidade, prestadores de serviço locais e povos tradicionais. Esse mapeamento vai facilitar no futuro a qualificação desses serviços”, ressalta o coordenador do projeto.

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