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Moradores da Terra Firme transformam o rio Tucunduba com ações de limpeza e plantio de mudas

Contando com o trabalho voluntário da comunidade, eles somam forças e realizam o plantio de mudas ao longo da extensão do canal, localizado na avenida que recebe o mesmo nome do rio

Gabriel Pires

Na periferia de Belém, no bairro da Terra Firme, uma ação dos próprios moradores vem transformando as margens do rio Tucunduba - um dos que cortam a capital. Contando com o trabalho voluntário da comunidade, eles somam forças e realizam o plantio de mudas ao longo da extensão do canal, localizado na avenida que recebe o mesmo nome do rio. O objetivo é criar mais áreas verdes e arborizar o local onde moram. Além do plantio, os moradores também realizam ações de limpeza regulares para retirar lixos e resíduos das águas do Tucunduba.

Esses esforços coletivos refletem o cuidado com a conservação e a conscientização com a educação ambiental dos moradores. Membro do movimento Defensores dos Rios de Belém, o funcionário público José Maria Vale, de 57 anos, une forças junto a outros moradores para preservar o local onde moram. A iniciativa de plantar as mudas ao longo do rio surgiu em 2017, visando substituir a concretagem do espaço e, assim, evitar o alagamento e calor. Segundo ele, a ação traz uma visão esperançosa para o futuro do bairro.

“Os Defensores do Rio de Belém surgiu por meio de um sonho de uma pesquisadora do Museu Emílio Goeldi, a bióloga Alba Lins. Ela tinha o sonho de premiar o jardim às margens do igarapé Tucunduba, no dia do aniversário de Belém. A gente acolheu a ideia e surgiu o movimento. A partir de 2017, de lá para cá, a gente vem nesse trabalho de plantio e de conscientização dos moradores para cuidarem do rio. Realizamos o cadastro dos moradores, entregamos um certificado e orientamos sobre o cuidado com a margem do rio, para não jogarem mais lixo”, afirma José Maria.

Com o apoio das comunidades religiosas dos bairros e outros grupos socioambientais, são plantadas mudas de açaí, ingazeiro, além de flores nos jardins, entre diversas outras espécies. “A gente tem uma grande parceria também, que é a Igreja São Guido. Quando realizamos as nossas ações, eles abrem as portas para que a gente guarde o nosso material. A doação de plantas é feita pela Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária]. E já com outros parceiros a gente adquire estrume”, relata.

Resistência

Reunindo dezenas de moradores, seu José Maria considera que é de pouco em pouco que se pode mudar a realidade e criar uma vizinhança mais agradável, sobretudo para as novas gerações. E em meio a tudo isso, ele comenta que o grupo incentiva a participação de mais voluntários: “O único rio que ainda tem resistência de ser um rio vivo é Tucunduba. Belém tem 14 bacias, que têm vários afluentes. E os afluentes estão sendo canalizados. Mas aqui temos essa resistência”.

Também com a ajuda da comunidade, os moradores reservam um dia para realizar a limpeza do rio, como relata José Maria: “Nós pegamos um barco pequeno, como já fizemos isso uma vez e vamos continuar, e saímos nas margens do rio catando lixo. Tem saco plástico. Tudo o que fica a gente sai catando. Juntamos tudo, colocamos em um saco plástico e comunicamos à Sesan [Secretaria Municipal de Saneamento] para que eles venham pegar [os resíduos]. Mas precisamos de mais voluntários e, também, do poder público”, frisa o servidor público.

Arte

Além disso, essa conscientização também é promovida por meio da arte com peças teatrais voltadas ao público infantil. “A gente tem um teatro com as crianças em que se fala da conscientização dos moradores com o rio. Temos um teatro de bonecos com peixes, pássaros, todos os bichos que viviam aqui quando [o rio] era limpo. Então, esses bichos foram embora. E eles falam na peça que, se o morador mantiver tudo limpo, o tucano vem comer caroço de açaí, os peixes voltam a nadar”, pondera.

A dona de casa Sâmia Queiroz, responsável pelo projeto Ponto de Memória, e também atuante nas ações na Terra Firme, fala da importância de desenvolver o senso de preservação com as crianças. “A gente tem rodas de conversas, exposições e gincanas. Trabalhamos, também, em parceria com a comunidade por meio dos alunos das escolas do bairro. Estamos sempre trabalhando com os alunos porque percebemos que é desde a infância que se deve ter essa conscientização com o meio ambiente”, comenta.

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