Alergia a camarão: reações podem aparecer mesmo que a pessoa não coma o crustáceo, alerta alergista
Segundo a especialista, a alergia a camarão pode surgir em qualquer fase da vida, mesmo em pessoas sem histórico familiar de reações alérgicas

Muita gente associa a alergia a camarão a reações graves e imediatas, como falta de ar, inchaço severo e até risco de morte. De fato, esses quadros críticos, como o choque anafilático, podem ocorrer. Mas nem sempre a alergia se manifesta de forma tão evidente: em alguns casos, mesmo sem ingerir o alimento, apenas o contato com o camarão cru ou a inalação do vapor liberado durante o preparo já pode desencadear sintomas, o que dificulta o diagnóstico e aumenta o risco para quem desconhece o problema.
“É comum que a pessoa não relacione sintomas leves ao consumo de camarão, principalmente se forem discretos ou demorarem a aparecer”, explica a alergista e imunologista Vanessa Pereira.
Segundo a especialista, a alergia a camarão pode surgir em qualquer fase da vida, mesmo em pessoas sem histórico familiar de reações alérgicas. “O sistema imunológico identifica equivocadamente certas proteínas do camarão, como a tropomiosina, como agentes perigosos, e o corpo reage liberando anticorpos que estimulam substâncias como a histamina, causando os sintomas típicos da alergia”, detalha.
Ela alerta que nem sempre é preciso ingerir o alimento para desencadear uma reação. “Em alguns casos, apenas o contato com o camarão cru ou a inalação do vapor liberado durante o preparo já pode causar sintomas alérgicos”, afirma.
Entre os sinais mais comuns estão:
- Coceira ou urticária na pele;
- Inchaço nos lábios, rosto ou pálpebras;
- Vermelhidão;
- Náusea, vômito ou dor abdominal;
- Congestão nasal ou espirros;
- Dificuldade para respirar (em casos graves);
- Queda de pressão ou desmaio (choque anafilático).
Quanto à prevenção, a especialista reforça: “A principal forma de proteção é evitar o consumo ou contato com o crustáceo. Em casos de histórico de reação intensa, é fundamental que o paciente tenha sempre à mão antialérgicos de uso rápido ou uma caneta de adrenalina prescrita pelo médico. E atenção redobrada ao se alimentar fora de casa ou consumir pratos com ingredientes desconhecidos.”
“A informação é o primeiro passo para o cuidado. Conhecer os sinais e agir rapidamente pode salvar vidas”, conclui a especialista.
O desafio de conviver com a alergia
A universitária de 22 anos, Ariadne Moraes, moradora de Belém, descobriu a alergia ao camarão em um dia comum na casa da avó. “Basicamente, o que tinha para comer era camarão. Eu nunca tinha tido problema com camarão ou caranguejo, gostava muito de comer, mas acabei exagerando na quantidade”, conta.
Os primeiros sintomas foram leves, mas desconfortáveis. “Minha língua começou a coçar, uma coceira muito intensa. Depois, a garganta começou a arder e, em casos piores, minha pele também coçava, como se tivesse sido picada por um carapanã”, relata Ariadne. No início, ela não associou o problema ao consumo do crustáceo, mas com o tempo percebeu a relação direta.
Desde então, Ariadne precisou mudar hábitos e limitar sua alimentação, especialmente em festas familiares e eventos com pratos típicos paraenses, como vatapá e tacacá. “É muito triste não conseguir experimentar tudo. O Pará tem uma cultura gastronômica rica, mas eu preciso moderar para não ter crises”, desabafa.
Para se proteger, ela toma anti-alérgicos antes de comer e evita consumir camarão ou caranguejo fora de casa. Ariadne reforça ainda que, mesmo com cuidados, é importante procurar orientação médica. “A situação pode ser muito mais séria do que se imagina. Conhecer os limites do corpo e agir preventivamente é essencial”, conclui.
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