Pesquisa e manejo garantem conservação do sauim-de-coleira

Casal de primatas foi recebido pelo BioParque Vale Amazônia, em Parauapebas, que pretende reproduzir espécie sob cuidados humanos

Fabrício Queiroz
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No estado do Amazonas, avistar um pequeno primata de cerca de 40cm e um padrão de pelagem em que se destaca uma faixa branca que se estende desde o peito até o pescoço é comum no perímetro urbano de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara. Porém, a proximidade desse animal conhecido como sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) da população e das cidades é indicativo de grandes riscos à sobrevivência da espécie, que é classificada como “criticamente em perigo” pela Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

image BioParque Vale Amazônia, em Parauapebas, realiza pesquisas e projetos de conservação de 360 espécies da fauna brasileira (Divulgação Vale)

Iniciativas como projetos de pesquisa, ações de manejo e criação de unidades de conservação têm sido adotadas, principalmente desde o início dos anos 2000, como forma de contribuir para a salvaguarda dos sauins. Com o mesmo objetivo, exemplares da espécie passaram a ser pesquisados e conservados em diferentes regiões do país. O exemplo mais recente ocorreu em Parauapebas, onde o casal Amendoim e Rebeca foi acolhido no BioParque Vale Amazônia em dezembro do ano passado e apresentado ao público no início do mês de março.

É de extrema importância que pessoas de fora do Amazonas conheçam o sauim-de-coleira, pois só se preserva aquilo que se conhece. Quanto mais pessoas conhecerem a espécie, mais chances de sobrevivência nas florestas ela passa a ter, pois mais ações de políticas públicas e mobilizações em prol deles passam a vir acontecer.

A ameaça que ronda os sauins-de-coleira também afetou Amendoim e Rebeca, que foram resgatados de um cativeiro ilegal em Manaus e levados para Parauapebas, onde o estudo com os animais ajudará a desenvolver estratégias de manejo e conservação dos sauins.

De acordo com a instituição, os primatas têm se adaptado bem ao espaço, explorando poleiros, rochas, árvores e abrigos do recinto a céu aberto. O ambiente, que conta com 30 hectares de floresta nativa, proporciona condições favoráveis para que os sauins possam desenvolver comportamentos semelhantes aos que tinham no seu habitat natural. Lá, eles encontram, por exemplo, árvores mais altas e palmeiras típicas, que são seus locais preferidos para abrigo.

image O sauim-de-coleira é umas das espécies em que o BioParque Vale Amazônia desenvolve ações para a conservação. Na imagem, o casal Amendoim e Rebeca acolhido pelo parque zoobotânico. (Robson Czaban / Banco de Imagens ICMBio)

Vale lembrar que a ocorrência dos sauins se dá em uma área de cerca de 7.500 km² muito afetada pela expansão urbana. Por isso, ações de conservação fora desse perímetro são necessárias para que se eleve o grau de conhecimento e sensibilização para a fauna ameaçada.

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Nesse sentido, um dos planos é estimular a reprodução do casal no futuro. Porém é preciso aguardar que ambos estejam maduros sexualmente e bem adaptados ao novo ambiente para que, posteriormente, possam vir os filhotinhos. O principal desafio é alcançar a reprodução, mas antes, para isso, se faz necessário dar uma boa alimentação, recinto amplo, com solo, paisagismo, abrigo, etc, como vem sendo feito pela equipe do BioParque Vale Amazônia

Saiba mais sobre o sauim-de-coleira

image O sauim-de-coleira é reconhecido pela pelagem de duas cores. A faixa branca superior lembra uma coleira que lhe dá nome. (Arquivo BioParque Vale Amazônia)

Nome científico: Saguinus bicolor

Nomes comuns: sauim de coleira, sauim-de-Manaus ou sauim-de-duas-cores

Tamanho: Indivíduos adultos costumam pesar de 450 a 550 gramas e medem de 38 a 42 cm.

Características: Os sauins-de-coleira são reconhecidos pela pelagem branca desde o peito até a altura do pescoço. Já os membros inferiores e a face interna da cauda tem tons em marrom. O rosto é sem pelos com pele negra. Além disso, possui unhas em formato de garra, exceto no dedão do pé

Distribuição: São encontrados em parte dos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara, cobrindo cerca de 7.500 km².

Comportamento: A espécie prefere os hábitos diurnos, iniciando suas atividades pouco depois do amanhecer. Costuma repousar durante o final da manhã e início da tarde e procura local para dormir cerca de duas horas antes do pôr do sol. É um animal onívoro, que se alimenta de pequenos vertebrados, como anfíbios e lagartos, ovos e filhotes de aves, insetos, frutos, goma de algumas árvores e, eventualmente, néctar e flores.

Fonte: Plano Nacional para conservação do sauim-de-coleira (ICMBio, 2017)

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