O paraense que substituiu Marielle na Câmara do Rio

Saiba quem é o que pensa o ex-petista que ocupa hoje a vaga deixada pela vereadora na Câmara do Rio de Janeiro

Rita Soares | Conexão AMZ
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O  nome dele é João Batista Oliveira de Araújo. Mas, pode chamá-lo apenas por Babá.  Você pode não estar ligando o nome à pessoa, mas João Batista é um velho conhecido dos paraenses, especialmente dos que acompanharam a política do estado nas décadas de 1980 e 1990. 

No Pará, ele foi deputado estadual, eleito pelo PT, entre 1990 e 2000. No plenário da Assembleia Legislativa, chamava a atenção pelos cabelos longos, quase sempre soltos, chinelos e o jeitão despojado. Poderia ser confundido com um jovem estudante de Humanas. Mas, até ingressar na política, Babá era o típico representante das Ciências Exatas.

image Reprodução (João Batista)

No final da década de 1960, enquanto os militares endureciam o famigerado Ato Institucional número 5, Babá estava às voltas com as aulas de Química e Física no colégio Augusto Meira. Nas ruas do Brasil, estudantes e a polícia protagonizavam os protestos que marcaram os chamados Anos de Chumbo. 

Porém, o jovem João Batista estava alheio aos conflitos. Sua maior preocupação naqueles anos era com o Vestibular que o levaria para a faculdade de Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Pará (UFPA). “Estava lá caladinho no meu mundo. Passei ao largo da política naquele período”, relembra.

image Reprodução (João batista)

Terminada a graduação, Babá realizou o sonho de muitos colegas. Conseguiu uma bolsa de Mestrado e foi parar no concorridíssimo Instituto Tecnológico de Aeronáutica. 
Passou a morar a meia hora da região do ABC paulista, onde as greves encabeçadas por Luiz Inácio da Silva começavam a sacudir o País e marcavam o início do fim da ditadura. 

O plano era estudar energia solar e, depois, fazer doutorado na Alemanha. Mas, a vida tinha outros planos. De volta a Belém com a missão de escrever o trabalho final, Babá começou a dar aulas. Foi assim que se viu envolvido na primeira greve nacional dos professores nos anos finais do Regime Militar. “De repente, estava com um megafone nas mãos e, ali, a chave virou”. Era o início dos anos 1980.  Começa a ser desenhado o que seria um novo partido de oposição, o PT, legenda a que Babá se filiou e de onde acabaria expulso. 

image Reprodução (João Batista)

Pelo PT, foi eleito vereador, deputado estadual por dois mandatos e chegou à Câmara Federal representando o Pará. 
A eleição de Lula à Presidência da República, contudo, escreveria um novo e tumultuado capítulo dessa história. Babá ganhou projeção nacional ao lado da então senadora Heloisa Helena na luta contra medidas como a reforma da Previdência, encampada por Lula. 

Em 2003, os dissidentes foram convidados a se retirar do PT. Babá decidiu ir para o Rio de Janeiro. Voltou para a vida acadêmica. Foi estudar Sociologia Urbana. Em 2012, disputou a eleição para a Câmara de Vereadores do Rio, ficou na suplência e assumiu o cargo quando o titular Eliomar Coelho foi eleito deputado. Em 2016, concorreu novamente e, mais uma vez, ficou na suplência. 
O crime que chocou o Brasil o colocaria na cadeira de vereador, desta vez para assumir a vaga que pertencera à jovem vereadora brutalmente assassinada pelas milícias do Rio de Janeiro.

image Reprodução (João Batista)

“Nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Estava em casa vendo tevê, quando o telefone tocou avisando o que tinha acontecido. Cheguei ao local e não conseguia acreditar”, conta Babá. Nos anos em que militaram juntos no PSOL, as vidas de Marielle e Babá se cruzaram apenas protocolarmente, nos eventos da legenda. Estavam em campos de batalhas diferentes. 

image Reprodução (João Batista)

Enquanto Marielle levantava bandeiras como o direito das mulheres negras e das comunidades LGBTs, Babá era mais ligado à organização de greves e bandeiras como o combate à Reforma da Previdência. A tragédia uniu as duas pautas. No último ano, Babá abrigou, no gabinete que herdou de Marielle, parte da equipe da vereadora e ajudou a pressionar a Casa a aprovar projetos deixados por ela.

Dos sete projetos que tramitavam quando Marielle morreu, cinco se tornaram lei. Além disso, em uma Câmara de Vereadores fortemente marcada pelo conservadorismo, o PSOL conseguiu aprovar uma homenagem à vereadora. A tribuna da Casa passou a se chamar Marielle Franco.

image Reprodução (João Batista)
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