O massacre de Altamira e a disputa pela rota do narcotráfico na Amazônia
Especialista explica a relação entre massacres em presídios da região Norte e a milionária rota do tráfico de drogas que passa pelos Estados do Amazonas e do Pará

O massacre que deixou 57 mortos no Centro de Recuperação Regional de Altamira é fruto de uma violenta guerra pelo comando das rotas do narcotráfico na Amazônia. Em maio deste ano, a luta sangrenta teve como cenário o Complexo Anísio Jobim em Manaus, durou vários dias e deixou 59 mortos. Mas afinal, o que estaria por trás da violência nos presídios da região Norte? “Hoje, a Amazônia representa uma região estratégica para o narcotráfico no Brasil. A principal rota é a do (rio) Solimões e existe uma disputa pelo controle dessas rotas”, diz o pesquisador Aiala Colares, da Universidade do Estado do Pará.
A disputa pelo milionário caminho da cocaína fez nascer na região facções criminosas locais, como a Família do Norte (FDN), que atua no Amazonas, e o Comando Classe A (CCA), apontada como responsável pelas mortes em Altamira.
Um dia após o massacre no presídio em Altamira, o governo do Pará trabalha para evitar nova matança e tenta isolar os líderes das facções. De Altamira, 47 presos estão sendo transferidos. Dez deles devem ir para presídios federais e os demais serão espalhados por outras unidades do Estado. Para Colares, contudo, só essa medida não será suficiente para evitar novos ataques. “Só essa ação não resolve porque o crime cria relações”, diz, afirmando que a raiz do problema está na política carcerária do Brasil. “O sistema penitenciário no Brasil enfrenta uma crise, se transformou em um depósito de presos. Temos a terceira maior população carcerária do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos e China. Essa precariedade fez com que o comando do crime organizado criasse força e ultrapassasse os muros dos presídios”.
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