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O Aurá não tem solução, é uma área contaminada, diz pesquisador do Evandro Chagas

Marcelo Lima, do setor de Meio Ambiente do IEC, comandou pesquisas nas áreas de fauna, flora e na bacia do rio Aurá e, diante da possibilidade do lixão voltar a receber resíduos de Belém, explica porque essa não é uma medida tecnicamente correta sob o ponto de vista ambiental.

Rita Soares | Conexão AMZ
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Um dia antes do prazo final dado pela empresa Guamá Resíduos Sólidos para o fechamento do Aterro Sanitário de Marituba, o que pode gerar o maior caos da história da coleta de lixo em Belém, o prefeito, Zenaldo Coutinho reiterou a intenção de reabrir o lixão do Aurá, fechado desde 2015, para receber os resíduos produzidos na capital.

A situação é dramática e o que está sendo apontando como solução temporária, poderá ampliar o desastre ambiental irreversível que se tornou o Lixão do Aurá. O alerta é feito pelo pesquisador do Instituto Evandro Chagas, Marcelo Lima, que conduziu pesquisas na fauna, flora e bacias do entorno do lixão. 

Em entrevista à jornalista Rita Soares, Marcelo dá seu veredito: o Aurá é um problema sem solução. 

image O Lixão do Aurá (O Liberal)

 

AMZ: Qual a situação do lixão do Aurá hoje, do ponto de vista ambiental?

Marcelo Lima: O Aurá é um lixão a céu aberto e por essas características é um complexo que não possui nenhum tipo de tratamento do chorume. Recebeu, por mais de 30 anos, toda a carga (de lixo) da Região Metropolitana de Belém e virou aquela montanha. Lá, não tem separação dos tipos de resíduos. Tem desde resíduos industriais a resíduo doméstico, tudo misturado. O Aurá foi desativado em 2015, mas continua gerando Chorume que está indo parar na bacia do rio Aurá e a bacia não suporta, tecnicamente, essa carga. Tecnicamente não está preparado, não tem estrutura para receber mais o lixo da Região Metropolitana de Belém, essa é minha opinião técnica. Pelo contrário, o Aurá tem que passar por um sistema de reavaliação. O que está lá já é crítico.

 

AMZ: Que medidas, em sua opinião, devem ser tomadas para que essa área deixe de representar risco ambiental para a população do entorno e até para população da Região Metropolitana de um modo geral?

ML: Nenhuma medida irá solucionar os problemas do Aurá, que se tornou uma grande mistura tóxica. Hoje você tem ali lançamentos, não só de contaminantes químicos, como metais pesados, que acabam chegando à bacia do rio Aurá. Tem soluções para minimizar o problema como organizar um tratamento de chorume, o que nunca foi feito. E teria que fazer a remediação da bacia hidrográfica do rio Aurá para onde toda essa carga está indo há décadas. Mas não tem ali realmente muito a ser feito. Tem contaminantes metálicos, carga enorme de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos chamados HPAs que levam à combustão espontânea que, muitas veze, afligiu os bairros de Belém, principalmente Souza e Marco e, em alguns momento, chegou até atingir o bairro da Pedreira. O Aurá não tem solução, é uma área contaminada, que precisaria passar por um intenso processo de remediação de longo prazo. Lançar, hoje, mais uma carga de lixo no Aurá é ampliar esse problema. Essa que é minha opinião técnica sobre o assunto.

 

AMZ: Ambientalmente falando, o lixão do Aurá pode voltar a receber resíduos, voltar a operar do ponto de vista ambiental?

ML: Não somente não pode operar como ambientalmente deveria estar sendo feito um controle para a saúde das populações que moram na área. O Aurá, ambientalmente, não tem mais condições de receber lixo. Eu não vislumbro como é que vai ser essa mágica, como é que se vai conseguir fazer isso porque ele é um lixão a céu aberto, ou seja, ele é uma área contaminada já definida como área contaminada e contamina os lençóis e também a própria bacia do rio Aurá. O Aurá precisaria de um bio acompanhamento de um monitoramento e pasmem: o Aurá está dentro de uma reserva ambiental, a APA Belém. E você ali tem, na verdade, um lixão com grande ocupação humana sob grande risco. Lançar mais lixo no Aurá não é uma solução técnica, nunca vai ser. 

 

Para ouvir a entrevista completa clique aqui:

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