Fronteira da Venezuela com o Brasil é fechada e preocupa Roraima
Ordem de Nicolás Maduro foi cumprida ainda na noite de quinta-feira (21). Governo de Roraima teme falta de gasolina e outros prejuízos na economia do estado

Ninguém entra, ninguém sai. Às 21h (em Brasília; 20h, na Venezuela) desta quinta-feira (21), no horário anunciado pelo presidente Nicolás Maduro, a fronteira terrestre da Venezuela com o Brasil foi fechada. Pouco antes, grupos de venezuelanos que caminhavam em direção a solo brasileiro foram informados pela Guarda Venezuelana de que não poderiam retornar após o bloqueio determinado por Maduro.
O fechamento da fronteira foi realizado dois dias antes da data anunciada por partidos da oposição venezuelana, liderada pelo autoproclamado presidente encarregado da Venezuela, Juan Guaidó, para a entrega de ajuda humanitária armazenada em diversos pontos das fronteiras da Venezuela com a Colômbia e o Brasil. O governo de Maduro se recusa a receber ajuda internacional por considerar a ação uma interferência externa, comandada pelos Estados Unidos, na política do país.
Mesmo com a fronteira fechada, o Brasil manteve a decisão de enviar alimentos e remédios a Roraima. O avião da FAB com estes suprimentos deve deixar Brasília, nesta sexta-feira (22), em direção ao estado. Nesta quinta (21), em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, o porta-voz do Governo Federal, Otávio Rêgo Barros, afirmou que o limite de ação do Brasil para levar ajuda humanitária é a faixa de fronteira.
Roraima em alerta
Ainda em Brasília, após se reunir com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o governador de Roraima, Antônio Denarium (PSL), afirmou que cidades do estado podem ter problema no abastecimento de gasolina se a fronteira de Roraima com a Venezuela permanecer fechada.
Denarium ainda destacou que Roraima também recebe fertilizantes e calcário da Venezuela. Com a interrupção no tráfego entre os dois países, o abastecimento da agricultura será prejudicado. Por outro lado, o governador declarou que o Brasil fornece alimentos à Venezuela e a fronteira fechada pode comprometer o faturamento das empresas de Roraima e levar ao fechamento de alguns estabelecimentos.
A Conexão AMZ vem acompanhando os efeitos da crise na Venezuela em estados da região Norte, inclusive no Pará. Em dezembro, mostramos a situação de famílias venezuelanas, muitas da etnia indígena warao, que deixaram o país e optaram por viver em Belém.
O último estopim da crise política
Em janeiro deste ano, após um processo eleitoral amplamente contestado pela oposição venezuelana, por diversos países e órgãos internacionais, Maduro foi empossado para o seu segundo mandato. Serão (ou seriam) mais seis anos como presidente da Venezuela.
Foi quando Guaidó, líder da oposição, proclamou-se presidente encarregado da Venezuela. Ele já foi reconhecido por mais de 50 países, entre eles o Brasil.
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