Tic tac: prestes a perder aterro, Belém continua sem solução para lixo
A editora da Conexão AMZ, Rita Soares, conversou com o pesquisador Neyson Martins Medeiros, da Universidade Federal do Pará (UFPA), sobre a crise do lixo na Grande Belém

A editora da Conexão AMZ, Rita Soares, conversou com o pesquisador Neyson Martins Medeiros, da Universidade Federal do Pará (UFPA), sobre a crise do lixo na Grande Belém. Doutor em hidráulica e Saneamento, ele é um dos responsáveis pelo estudo que o Ministério Público do Estado (MPE) recomendou às prefeituras, mas que segue sem aprovação dos municípios. O custo do trabalho é de R$ 819 mil, mas o martelo não foi batido ainda.
“Trata-se de um estudo de viabilidade técnica, econômica, ambiental e social. Abrange alternativas e levantamentos como, por exemplo, quantos reais serão gastos por tonelada, quanto deve ser investido por habitante ou por família. Ou seja, quanto cada município terá que dispor”, explica o pesquisador.
Um trabalho como esse, segundo Medeiros, leva em média seis meses para ser concluído. A implantação do projeto, pelo menos, mais três anos.
“Esse tipo de estudo também envolve questão social. É possível saber, por exemplo, quantos empregos e geração de renda teremos para cada tipo de rota. Ou seja, qual a demanda de inserção de mão de obra para a reciclagem, para a coleta diferenciada, para o tratamento de resíduos. Que é uma demanda recorrente aqui na nossa região”, informou o professor.
Sem previsão para o início do estudo, no entanto, segue o impasse e a troca de acusações entre a Prefeitura de Belém, principalmente, e a empresa responsável pelo aterro.
Na terça-feira (15), a prefeitura chegou a divulgar uma nota culpando a Guamá Tratamento de Resíduos pelo acumulo de lixo nas ruas da capital. De acordo com a prefeitura, um problema operacional na madrugada da segunda-feira (14), teria prejudicado o cronograma de entradas e saída dos caminhões, que por causa disso não teriam conseguido executar todas as rotas.
A empresa, no entanto, negou qualquer problema com a operação do aterro no começo da semana. Em nota, a Guamá informou que não correu nenhuma situação atípica na operação do aterro. Ainda segundo a empresa “O tempo médio de permanência total dos veículos no aterro foi de uma hora, entre a meia noite e 2h da manhã. A média é considerada normal para as segundas-feiras que recebem um acúmulo de resíduos gerados durante o fim de semana.”
Com a ameaça de encerramento das atividades do aterro em Marituba e sem alternativas de emergência para questão do lixo, restará às prefeituras continuar as negociações com a empresa. A grande questão, contudo, é saber quais as bases de um acordo que pode livrar Belém e Região Metropolitana do que poderá ser a mais grave crise de coleta de lixo da sua História.
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