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7 fatos para entender a crise das queimadas até aqui

Da cantora Madonna ao jogador francês Mbappé, passando pela brasileira Gisele Bundchen à chanceler alemã, Angela Merkel, estão todos engajados na preocupação mundial sobre a Amazônia. Se você é um dos brasileiros que não conseguiram acompanhar toda essa história, entenda melhor no resumo, capítulo a capítulo, que a AMZ preparou.

Rita Soares e Layse Santos | Conexão AMZ
fonte

O presidente Jair Bolsonaro nunca escondeu seu desejo de alterar, substancialmente, a política ambiental do Brasil. Durante a campanha, anunciou que, se eleito, bloquearia a demarcação de novas terras indígenas e poderia até revogar demarcações já feitas, como a da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima.  Também criticou o que chamou de indústria de multas do Ibama e assinalou com a possibilidade de reduzir o tamanho da reserva legal na Amazônia. Desde julho, contudo, as ações do governo na área ambiental, especialmente em relação à Amazônia, vêm arrastando o Planalto para crise que já rompeu fronteiras e poderá afetar nossas exportações.  Para você, que perdeu algum capítulo dessa saga,  fizemos um resumo, capítulo a capítulo, sobre o que aconteceu até aqui.

Confira:  

#1. OS NÚMEROS DO DESMATAMENTO E A MUDANÇA DE COMANDO NO INPE    

Os primeiros sinais da crise ambiental no Brasil apareceram em julho, quando o presidente Jair Bolsonaro iniciou um bate boca público com o então diretor do Instituo de Pesquisas Aeroespaciais (INPE), Ricardo Galvão. O presidente disse duvidar dos números divulgados pelo órgão naquele mês. Galvão retrucou e acabou sendo obrigado a pedir para sair depois de uma conversa com o ministro da Ciência e Tecnologia  Marcos Pontes. O caso abalou a imagem do Brasil no exterior.

Os números da discórdia mostravam que, em junho, o Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (DETER) do Inpe, baseado em imagens de satélites de observação da Terra, revelaram alerta de desmatamento e degradação na Amazônia Legal em uma área de 2.072,03 quilômetros quadrados. O Estado do Mato Grosso foi o campeão em alertas de desmatamento e degradação. O satélite alertou para uma área de 1.025,58 quilômetros quadrados. O Pará foi o segundo colocado com 577,55 quilômetros quadrados de desmatamento e degradação. Esses dados são do sistema Deter que apresentam relatórios diários para alertar ações de fiscalização.       

image Bolsonaro /Ricardo Galvão do inpe (Alan Santos / Agência Brasil e Reprodução)

#2. AUMENTA A TEMPERATURA DA CRISE

Em meio a uma série de declarações do presidente Jair Bolsnaro  minimizando a questão ambiental (entre elas a de que “ambientalimo é para veganos que só comem vegetais),  uma onda de incêndios tomou conta da Amazônia. 

O assunto explodiu nos jornais e nas redes sociais  na segunda-feira, 19 de  agosto, quando uma névoa cobriu a cidade de São Paulo escurecendo a capital paulista no meio da tarde.  Embora não haja consenso se o problema na capital paulista está ligado às queimadas na Amazônia, há consenso entre os especialistas sobre o fato de que, em 2019, houve sim aumento das queimadas na região. Estamos  ainda no chamado verão amazônico, quando costumam ocorrer as queimadas de capoeiras, seja para a queima, seja para o plantio. Os satélites têm mostrado, porém, que o fogo avança sobre a  cobertura vegetal original. 

Segundo dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o número de focos de incêndios, para maioria dos Estados da região já é o maior dos últimos quatro anos. Até 14 de agosto, eram 32.728 focos registrados. Esse  número é  cerca de 60% superior à média dos três anos anteriores para o mesmo período. O balanço foi feito a partir de registros do Inpe. 

image Queimada Amazônia (Nacho Doce/Reuters)

#3. O GOVERNO CULPA AS ONGS

A primeira reação do presidente diante dos registros de incêndio que inundaram a mídia e as redes sociais foi acusar as Organizações Não Governamentais Ambientais. Em entrevista na  quinta-feira, 22 de agosto, o presidente  insinuou que as Ongs poderiam  estar por trás das queimadas para criarem um fato político e chamarem a atenção do governo. O presidente admitiu não ter provas, mas insinuou que poderia ser uma ação orquestrada também como represália pelo corte de verbas às Organizações Ambientalistas. “O crime existe e isso aí nós temos que fazer o possível para que esse crime não aumente, mas nós tiramos dinheiro de ONGs. Dos repasses de fora, 40% ia para ONGs. Não tem mais. Acabamos também com o repasse de dinheiro público. De forma que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro”.  

image Bolsonaro (José Cruz / Agência Brasil)

#4. GOVERNADORES DA AMAZÔNIA TEMEM BOICOTE INTERNACIONAL   

Temendo boicote internacional aos produtos brasileiros, especialmente os da região,  governadores da Amazônia Legal passaram a demonstrar que tem posição contrária à política antipreservacionista de Bolsonaro. Por meio do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, defenderam a ajuda internacional que vinha do Fundo Amazônia, desprezado por Bolsonaro, e, na sexta-feira, 23, divulgaram documento em que pedem reunião de emergência com o governo federal para discutir o problema.

No texto, assinado por nove governadores, incluindo Helder Barbalho do Pará, afirmam que “como é de conhecimento de Vossa Excelência, a Floresta Amazônica brasileira é um patrimônio nacional, status reconhecido e positivado no  4º, do artigo 225, da Constituição Federal, sendo obrigação de todos os cidadãos brasileiros e do Estado, sua conservação e preservação”.

image Consórcios de governadores (Marcelo Loureiro/Governo do Amapá)

#5. A REAÇÃO INTERNACIONAL

As imagens das queimadas na Amazônia ganharam  destaque na imprensa nacional e inundaram as redes sociais, atravessaram as fronteiras e o problema passou a ser tratado internacionalmente. Da cantora Madonna ao jogador francês Mbappé, passando pela brasileira Gisele Bundchen, o  corredor de Fórmula 1 Lewis Hamilton, a fila de celebridades protestando só fez aumentar nos últimos dias.

 Mas o que começou a preocupar mesmo foram as reações de outro grupo: os presidentes da União Europeia, prestes a fechar um acordo de livre comércio com o Mercosul. O primeiro a partir para o ataque foi o presidente da França, Emmanuel Macron que acusou Bolsonaro de mentir sobre a situação da Amazônia e ameaçou bloquear o acordo que vem sendo negociando há quase uma década e foi fechado no semestre passado, já sob o governo Bolsonaro.

Macron foi seguido pelo primeiro ministro da Irlanda, Leo Vardakar. Embora continue defendendo o acordo de livre comércio, a chanceler alemã, Angela Merkel  tem afirmado  estar “extremamente preocupada com o que se passa no Brasil”.

Reunidos em Birritz, na França, os líderes dos 7 países considerados mais avançados do mundo apontam com a possibilidade de criar mecanismos de ajuda a países que precisam proteger a floresta.

image Discussão sobre as queimadas na Amazônia (REUTERS / Guido Bergmann / BPA / Divulgação via Reuters e Ian Langsdon / Pool via REUTERS e Divulgação)

#6. O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO SE MANIFESTA 

Alinhado com o governo brasileiro, os representantes do agronegócio atacam os líderes internacionais. Para o presidente da bancada ruralista na Câmara dos deputados, Alceu Moreira (MDB-RS), o interesse dos líderes europeus na Amazônia, não passa de uma estratégia para taxar os produtos brasileiros, conforme declarou ao site Congresso em Foco.

Link aqui: França defende Amazônia por interesses de mercado, diz bancada ruralista

"A declaração que o presidente da França faz não é de compreensão científica sobre o agro brasileiro, mas é importante para fora, para a comunidade europeia, em termos de consumo, porque pode aparecer uma barreira comercial para nosso produto e permitir que eles continuem competindo", alegou Moreira, dizendo que essas estratégias são normais em um ambiente competitivo como o do agronegócio. "Este é um ambiente em que o grau de complexidade de interesses é multifacetado", afirmou.

No Pará, representantes da Federação da Agricultura  do Pará (Faepa) gravaram um vídeo e distribuíram para os associados da entidade, via lista de transmissão do whatsApp,  onde ironizam o fim das doações da Noruega para o Fundo Amazônia. No vídeo, eles anunciam que vão criar uma campanha para coleta de mudas que serão doadas para o reflorestamento do País europeu.     

Da esquerda para a direita, o empresário Cláudio Zamperline, o presidente da Faepa, Carlos  Xavier, o vice-ministro da Agricultura  Nobhan Garcia e Fernão Zancaner, empresário. 

#7. O RECUO DO GOVERNO:

Diante da pressão dentro e fora do País, o governo baixou o tom e criou um gabinete de crise para cuidar das queimadas. Na sexta-feira, 23, Bolsonaro convocou cadeia de rádio e TV. Afirmou amar a Amazônia. De concreto, lançou mão de um mecanismo legal chamado Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que vai permitir que o Exército ajude  no combate aos incêndios. Cada Estado terá que fazer adesão individualmente. Até agora, já aderiram Acre, Roraima, Rondônia, Pará, Amazonas, Mato Grosso e Tocantins. Os Estado do Pará e Rondônia pediram  também ajuda da Força Nacional para ajudar na tarefa de combate aos desmatamento e o pedido foi aceito pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro.  Na noite de domingo, o governo anunciou também que a Polícia Federal vai investigar possíveis incêndios criminosos na região.     

image Sérgio Moro (Rafael Marchante / Reuters)
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