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Como evitar AVC? Veja como evitar o problema que causou 59 internações de jovens desde 2022, no Pará

Crianças e jovens até 18 anos correspondem de 1% a 5% dos casos de AVC, alerta especialista

O Liberal
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Desde 2022 até fevereiro de 2024, foram registradas 59 internações de jovens de 10 a 19 anos, por Acidente Vascular Cerebral (AVC), no Pará, conforme balanço da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). Em Belém, também desde 2022, foram 20 registros de internações de jovens de 15 a 35 anos, por esse mesmo motivo, conforme dados divulgados pela a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Na última semana, o filho de 16 anos do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, morreu após sofrer um AVC e ficar internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado gravíssimo.

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De modo geral, os casos de AVC na capital paraense aumentaram 32,4% de 2022 para 2023, passando de 422 para 559 internações. Só nos meses de janeiro a fevereiro deste ano, 108 casos foram registrados. Apesar de muitas vezes ser associado com idosos, dados indicam que a população de crianças e jovens até 18 anos corresponde de 1% a 5% dos casos de AVC, segundo a médica neurologista e neuroimunologista, Larissa de Oliveira Ferreira Vicente. A médica diz que vários fatores do cotidiano podem influenciar para que os acometidos sejam cada vez mais novos.

No Pará, assim como no Brasil, jovens, adolescentes e até crianças passaram a integrar a lista de vítimas de AVC. O ‘derrame’ é uma condição médica que ocorre quando há uma interrupção no fornecimento de sangue ou então o extravasamento de sangue para uma parte do cérebro, resultando em danos às células cerebrais. Conforme a neurologista Larissa Ferreira, os casos de AVC podem ocorrer devido a dois tipos diferentes de AVC. São eles:

AVC isquêmico: É o tipo mais comum de AVC e ocorre quando um vaso sanguíneo que irriga o cérebro é bloqueado por um coágulo de sangue ou por um acúmulo de placa de ateroma (gordura) arterial. Isso interrompe o fluxo sanguíneo para uma área específica do cérebro, levando à morte das células cerebrais naquela região.

AVC hemorrágico: Este tipo de AVC ocorre quando um vaso sanguíneo no cérebro se rompe, resultando em sangramento no tecido cerebral circundante. Isso pode ocorrer devido à ruptura de um aneurisma (uma dilatação anormal de um vaso sanguíneo) ou devido a danos nas paredes dos vasos sanguíneos decorrentes à hipertensão arterial, ou outras condições médicas.

Vítimas precoces

Segundo a especialista, dados recentes de estudos científicos mostram um aumento preocupante de pessoas mais novas que enfrentam e muitas vezes morrem devido ao AVC. Larissa Ferreira lista quais os principais hábitos do dia a dia que podem influenciar para que o derrame acometa essa faixa etária.

“Estima-se que a população de crianças e jovens até 18 anos corresponda de um a cinco por cento dos casos de AVC. O traumatismo craniano, esta é uma das causas mais comuns de AVC em jovens, representando cerca de 30% dos casos. Traumas resultantes de acidentes automobilísticos, quedas ou lesões esportivas podem causar danos às artérias cerebrais, levando a um AVC. Também há malformações vasculares, como anomalias congênitas ou adquiridas nas artérias cerebrais, que se estima contribuírem para aproximadamente 25% dos casos. Tem doenças cardíacas como arritmias ou cardiomiopatias, que são cerca de 20% dos AVCs em jovens. Além disso, dados de estudos recentes indicam uma associação significativa entre o uso de drogas ilícitas e o aumento do risco de AVC em jovens”, destacou a neurologista.

Aumento de casos

A especialista ressaltou que os casos de doenças autoimunes também influenciam nos índices de AVCs em jovens. Ela informa que pesquisas da Universidade de Stanford mostram que várias doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico (LES), doença de Behçet e síndrome antifosfolípide, estão associadas a um maior risco de ‘derrame’ em pessoas mais novas.

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“O estudo publicado no Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry revelou que o risco de AVC em pacientes com LES é até 9 vezes maior do que na população em geral, destacando a importância da vigilância e do manejo adequado dessas condições para prevenir eventos cerebrovasculares em jovens. As doenças autoimunes podem causar inflamação nos vasos sanguíneos, aumentando o risco de formação de coágulos e bloqueios que podem levar a AVC. Além disso, algumas dessas condições podem afetar diretamente o sistema nervoso central, aumentando ainda mais o risco de complicações cerebrovasculares”, frisa Larissa Ferreira.

Outra prática que pode colocar adolescentes e jovens na lista de risco é o tabagismo e o uso de vape (cigarros eletrônicos). No sistema nervoso, esse hábito pode provocar:

Danos aos vasos sanguíneos: Tanto o tabagismo quanto o uso de vape podem danificar os vasos sanguíneos, levando à formação de placas de gordura nas paredes arteriais (aterosclerose). Essas placas podem obstruir o fluxo sanguíneo para o cérebro, aumentando o risco de AVC isquêmico.

Aumento da pressão arterial: A exposição à nicotina, presente tanto nos cigarros tradicionais quanto nos dispositivos de vape, pode aumentar temporariamente a pressão arterial. A hipertensão arterial é um fator de risco conhecido para AVC, pois aumenta a carga de trabalho do coração e pode danificar os vasos sanguíneos.

Aumento da coagulação sanguínea: A nicotina também pode aumentar a coagulação do sangue, tornando-o mais propenso a formar coágulos. Coágulos sanguíneos podem viajar para o cérebro e causar um AVC isquêmico ao bloquear o fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral.

Lesões nas artérias cervicais: O ato de fumar ou vapear envolve a inalação de substâncias químicas que podem causar danos às artérias cervicais, localizadas no pescoço. Isso pode aumentar o risco de dissecção arterial, uma lesão nas paredes das artérias que pode levar à formação de coágulos e, por sua vez, ao AVC.

Inflamação sistêmica: Tanto o tabagismo quanto o vape podem causar inflamação sistêmica no corpo, incluindo nos vasos sanguíneos. A inflamação crônica está associada a um maior risco de doenças cardiovasculares, incluindo AVC.

“Devido a esses fatores de risco, o tabagismo e o uso de vape estão associados a um aumento do risco de AVC em jovens. Portanto, é fundamental promover a conscientização sobre os perigos do tabagismo e do vape entre os jovens e implementar estratégias eficazes de prevenção e cessação do tabagismo para reduzir o risco de AVC e outras complicações de saúde relacionadas ao uso de tabaco e dispositivos de cigarro eletrônico” enfatiza a neurologista.

Sintomas

Conforme Larissa Ferreira, os principais sintomas de um acidente vascular cerebral (AVC), seja isquêmico ou hemorrágico, podem incluir:

Fraqueza ou dormência súbita em um lado do corpo: Isso pode afetar o rosto, o braço ou a perna, e geralmente ocorre apenas em um lado do corpo.

Dificuldade repentina para falar ou compreender a fala: A pessoa pode ter dificuldade em formar palavras ou em entender o que está sendo dito.

Alterações repentinas na visão: Isso pode incluir visão turva, perda de visão em um ou ambos os olhos, ou visão dupla.

Dificuldade súbita para caminhar, tontura ou perda de equilíbrio e coordenação: A pessoa pode ter dificuldade em se levantar ou mover-se normalmente, apresentando falta de equilíbrio ou de coordenação motora.

Dor de cabeça súbita e muito intensa: especialmente se acompanhada de outros sintomas de AVC, como fraqueza em um lado do corpo ou dificuldade para falar.

Sequelas

As possíveis sequelas de um AVC podem variar dependendo do tipo, localização e extensão do AVC, bem como da rapidez com que o tratamento é iniciado, o que pode ser crucial para a gravidade das sequelas.

“Costumamos dizer em neurologia que tempo é cérebro, então quanto mais rápido (poucos minutos) iniciado o tratamento, maiores e melhores serão as chances de minimizar as sequelas. É extremamente importante ressaltar que a extensão das sequelas pode variar de pessoa para pessoa, e principalmente, o grau e a intensidade da reabilitação após um AVC são cruciais para minimizar o impacto das sequelas e promover a recuperação funcional”, aponta a neurologista Larissa Ferreira.

Algumas sequelas comuns podem incluir:

Paralisia ou fraqueza muscular: pode afetar um lado do corpo ou apenas certas partes, dependendo da área do cérebro afetada pelo AVC.

Dificuldade de fala e comunicação: Dificuldade em falar, entender a fala ou escrever pode ocorrer após um AVC, mesmo com a terapia de reabilitação.

Problemas cognitivos: pode incluir dificuldade de concentração, perda de memória, confusão ou dificuldade em processar informações.

Problemas emocionais e psicológicos: Depressão, ansiedade, mudanças de humor e alterações de personalidade podem ser comuns após um AVC.

Dificuldade de mobilidade e equilíbrio: movimentação do corpo ou equilíbrio é dificultada após um AVC, o que pode afetar a independência e qualidade de vida do paciente.

Prevenção e tratamento

As principais dicas da médica neurologista incluem adotar um estilo de vida saudável, levando em conta a alimentação e a prática de exercícios físicos. Além disso, também é importante manter o peso sob controle; não fumar; ter limites no consumo de álcool; entender como controlar o diabete; fugir do sedentarismo; e manter em dia a ida ao médico. Sobre o tratamento, a médica ressalta que é necessário ter um acompanhamento multidisciplinar.

“Pode envolver uma equipe de profissionais de saúde, incluindo médicos de emergência, neurologistas, neurocirurgiões, fisiatras, terapeutas e enfermeiros. É essencial buscar atendimento médico imediato se houver suspeita de AVC, pois o tratamento precoce pode ajudar a reduzir o dano cerebral e melhorar as chances de recuperação”, reforça Larissa Ferreira.

O tratamento para o acidente vascular cerebral (AVC) depende do tipo de AVC, da gravidade dos sintomas e principalmente do tempo decorrido desde o início dos sintomas. Alguns dos principais tratamentos utilizados para o AVC:

Tratamento de emergência: O tratamento de emergência é crucial para pacientes que estão tendo um AVC agudo. Trata-se de administrar um medicamento eficaz dentro de 4,5 horas após o início dos sintomas.

Procedimentos de remoção de coágulo: Em alguns casos de AVC isquêmico grave, pode-se realizar procedimentos endovasculares para remover o coágulo sanguíneo do vaso afetado.

Tratamento de suporte e reabilitação: Os pacientes precisam de cuidados de suporte, principalmente na reabilitação, após um AVC.

Medicamentos para prevenção secundária: Para pacientes que tiveram um AVC isquêmico, são geralmente prescritos medicamentos para ajudar a prevenir futuros eventos cerebrovasculares.

Cirurgia para AVC hemorrágico: No caso de um AVC hemorrágico, em que há sangramento no cérebro, pode ser necessário realizar uma cirurgia para remover o acúmulo de sangue e aliviar a pressão sobre o tecido cerebral.

Tratamento no Pará

Ainda conforme a Sespa, em 2022 foram registrados 5.621 internações por AVC em pessoas de diversas idades. Em 2023 foram 6.452. E, de janeiro a fevereiro de 2024, foram registrados 846 internações. O tratamento neurológico para AVC é geralmente realizado em unidades de saúde básica, sendo responsabilidade do município fornecer os primeiros cuidados aos pacientes. O estado entra em ação quando o paciente apresenta outras patologias que necessitam de tratamento específico.

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