Dólar supera R$ 4,95 e alcança maior valor em dois meses devido a preocupações com economia chinesa

A apreensão é com a economia chinesa e a consequente queda nos preços das commodities

O Liberal
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O dólar à vista iniciou a semana em forte alta, ultrapassando novamente o patamar de R$ 4,95, em consonância com a valorização global da moeda americana, impulsionada por apreensões sobre a economia chinesa e a consequente queda nos preços das commodities. Os investidores já começaram suas atividades influenciados pelo anúncio da incorporadora chinesa Country Garden, que suspendeu as negociações de títulos de dívida onshore devido a projeções de expressivas perdas no primeiro semestre. Especulações sobre mais estímulos monetários pelo Banco do Povo da China (PBoC, banco central chinês) também crescem, embora haja incertezas quanto à eficácia dessas medidas em estimular a atividade econômica.

Ao longo do dia, o dólar permaneceu em trajetória ascendente, ultrapassando a marca de R$ 4,95 já pela manhã e atingindo R$ 4,96. A máxima foi registrada em R$ 4,9711, no encerramento do pregão, com a moeda fechando o dia em alta de 1,25%, sendo cotada a R$ 4,9656 - esse é o maior valor de fechamento desde 1º de junho. No acumulado de agosto, já foram observadas valorizações em oito dos 10 pregões, com a moeda apresentando um aumento de 4,99% no mês.

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A queda do real ocorreu em um contexto de liquidez relativamente moderada. O contrato de dólar futuro para setembro, que serve como um importante indicador do interesse em negociações, movimentou pouco mais de US$ 10 bilhões. Durante as operações, houve relatos de movimentos de "stop loss" por parte dos investidores vendidos em dólares, bem como ajustes nas posições cambiais como precaução defensiva.

Desempenho do real foi ruim

O real teve o segundo pior desempenho entre as moedas de países emergentes e exportadores de commodities relevantes, ficando atrás somente do peso colombiano. As moedas latino-americanas das nações com taxas de juros mais altas, conhecidas como "divisas de carry trade", estão sendo preferencialmente alvo de realização de lucros, devido aos bons ganhos apresentados ao longo do ano. Fora do alcance dos maiores fundos, o peso argentino sofreu perdas superiores a 20%. O Banco Central da Argentina elevou a taxa de juros em 21 pontos percentuais, chegando a 118%, e promoveu uma desvalorização na cotação oficial de sua moeda, como resposta à ansiedade gerada pela vitória do ultradireitista Javier Milei nas eleições primárias para a presidência.

Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank, destaca ao Estadão a preocupação com o setor imobiliário chinês como o principal motivo para a instabilidade nos mercados. Ele enfatiza que as oscilações na China costumam gerar impacto significativo, especialmente nas commodities. Além disso, ele ressalta que as moedas emergentes estão sendo afetadas em geral, com o real caindo cerca de 1% devido à queda nos preços das commodities. 

O índice DXY, que mede o dólar frente a seis moedas fortes, ultrapassou novamente os 103,000 pontos (alcançando o máximo de 103,458 pontos), com valorizações consideráveis em relação ao euro e ao iene. A taxa dos títulos do Tesouro americano de 10 anos teve alta na maior parte do dia, pressionando ainda mais as moedas emergentes. O petróleo também registrou queda nos contratos futuros, com o tipo Brent para outubro fechando com baixa de 0,69%, cotado a US$ 86,21 o barril.

Perottoni, do Braza Bank, destaca que, em situações anteriores de tensões no mercado imobiliário chinês, que geraram impacto negativo em ativos de risco globais, como foi o caso da crise da incorporadora Evergrande em 2021, o governo chinês interveio e conseguiu contornar a situação.

"É importante abordar com cautela o mercado imobiliário chinês, pois a confiabilidade das informações é um ponto a considerar. Essa questão tem um significado expressivo para as economias mundiais. São empresas de grande porte que podem ter exposição por parte de bancos globais. No entanto, no caso da Evergrande, o governo conseguiu lidar com a situação e realizou uma reestruturação. É possível que tenhamos uma solução em breve", declara o diretor de tesouraria. Isso se refere aos problemas enfrentados pela Country Garden.

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