Cenário fiscal ainda é de incerteza para investidores, apontam economistas paraenses

Eles avaliam que queda da Selic não é estrutural e é necessário conhecimento antes de fazer aplicações

Valéria Nascimento
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Com os juros menores, o que investidor deve avaliar na hora de optar por aplicações e investimentos? Nas últimas semanas, essa tem sido uma questão quotidiana para quem lida com o mercado financeiro.

Doutor em economia e ex-presidente do Banco do Estado do Pará, (1997/2007), Mário Ribeiro observa que a queda de 0,50 ainda não irá estimular a economia. Ainda há incerteza fiscal. Temos tido uma grande sorte com a desvalorização do dólar no mercado internacional. Mas estas coisas não são estruturantes. Para quem é conservador é melhor continuar assim”.

Quem é conservador, deve procurar fundos de investimento que trabalhem com gestão passiva: "emulando índices como o Ibovespa, ou os ETFs que são conservadores também. ETFs conservadores, Ibovespa, a médio e longo prazo têm vencido a gestão ativa. Aliás no mundo inteiro a gestão passiva tem sido a melhor alternativa”, afirma Mário Ribeiro.

Conhecimento facilita equilíbrio financeiro

O economista Sérgio Melo, que integra o Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon AP/PA), pondera que a informação é vital para compreender o movimento do mercado financeiro.

Cada vez mais precisamos estar bem-educados financeiramente, compreendendo os conceitos mais importantes da economia e das finanças para que possamos administrar a renda de forma a conseguir ter uma vida mais equilibrada financeiramente", enfatizou Melo.

Sobre os exchange traded funds (ETFs), apontados pelo economista Mário Ribeiro, é bom saber que eles também são conhecidos como fundos de índice. Isto é, eles são considerados veículos financeiros coletivos, cuja participação depende da aquisição de cotas. Esses recursos são movimentados por um gestor financeiro, que deve fazer a alocação segundo a estratégia do fundo.

No caso dos ETFs, a estratégia consiste em replicar a carteira teórica de um índice de mercado. Portanto, os ETFs apresentam uma gestão passiva. Nesse caso, a compra e a venda de ativos ocorrem com base nas mudanças relacionadas ao indicador financeiro. Vale notar que, além de índices nacionais, existem ETFs expostos a indicadores internacionais. 

Um investidor arrojado, frisa Mário Ribeiro, está sempre nos Fundos Hedge. “É da natureza desse tipo de fundo tentar bater a rentabilidade do mercado. São fundos para quem tem muitos recursos e gostam de correr risco. Ali a gestão é ativa. O conservador tem de fugir dali”, recomenda o experiente economista.

Na prática, os fundos de hedge são fundos de investimento que podem aderir a diferentes estratégias de alocação, de forma mais livre e diversificada.

Sérgio Melo compartilha da avaliação de Mário Ribeiro: então aqueles mais arrojados, em linhas gerais, optarão por investimentos mais arriscados e aqueles mais conservadores, em regra, seguirão nos investimentos com menor risco. Nesse sentido, tanto o perfil do investidor quanto a renda disponível para investimento são informações, isto é, variáveis importantes para serem consideradas na hora da decisão de investimento”, ressaltou ele.

Neste momento de início de redução da taxa Selic, que passou de 13,75% ao ano para 13,25% ao ano, os investimentos de Renda Fixa vão se tornando cada vez menos atrativos, pois em grande parte são atrelados à taxa Selic. Já os investimentos de renda variável, como as ações e os Fundos Imobiliários, não possuem necessariamente essa vinculação”, explica Melo.

Banco Central não é juiz, é bandeirinha, diz Mário Ribeiro

Mário Ribeiro usa analogia futebolística para dar exemplos simples sobre como funciona o mercado no Brasil. “A função do Banco Central não é igual a de um juiz num jogo de futebol. É igual a de um bandeirinha. Ele tem de levantar a bandeira vermelha e marcar o impedimento se o Tesouro estiver na “banheira”. Entretanto, se houver equilíbrio fiscal confiável o Brasil crescerá e combaterá as desigualdades sociais e o bandeirinha não terá de marcar o impedimento. A inflação cairá com segurança", compara.

Mas, se não houver equilíbrio fiscal, Ribeiro é categórico: "nosso crescimento será como um voo de galinha", disparou, para acrescentar:  bom ter algum senso de perspectiva. "Não estamos mais nos primeiros 15 a 20 anos do milênio. A economia da informação dos últimos 10 a 5 anos para cá é totalmente diferente: hoje ela é sofisticada, bem mais conectada, mais rápida, a mobilidade de capital financeiro internacional é praticamente instantânea, as informações relevantes têm tráfego em tempo real e portanto são precificadas imediatamente na economia".

"Se o bandeirinha não levantar a bandeira, todos os mercados comerciais e financeiros acusarão a falha e levantarão os juros reais em níveis bem mais elevados, para não haver desvalorização de capital. Mas farão isso sem coordenação. Resultado: os juros reais crescerão do mesmo jeito, só que desta vez desancorados, alimentando uma desconfiança fatal que empurrará a economia para mares mais profundos. É bem mais eficiente e a um custo social menor, deixar o BC coordenar as expectativas e a Selic”, ensina Mário Ribeiro.

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Economia
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