Eleições argentinas: entenda a ascensão de Massa e os desafios de Milei no segundo turno

Peronista aparecia atrás do libertário nas pesquisas, mas chegou à frente no primeiro turno

O Liberal
fonte

As eleições argentinas surpreenderam com a ascensão de Sergio Massa, um líder peronista que, apesar dos desafios econômicos do país, conquistou uma votação expressiva no primeiro turno. Ao mesmo tempo, o libertário Javier Milei, que liderava as pesquisas de intenção de voto, acabou em segundo lugar. 

Ascensão de Massa e a surpresa nas pesquisas

Sergio Massa, candidato da coalizão União pela Pátria, conseguiu uma votação significativa, surpreendendo muitos analistas. Isso ocorreu mesmo com indicadores econômicos alarmantes, como uma inflação de quase 140% ao ano e uma taxa de pobreza superior a 40%. A campanha de Massa se destacou por uma série de fatores, incluindo alívios fiscais e bônus para melhorar a renda dos trabalhadores na reta final do processo eleitoral.

VEJA MAIS

image Eleições na Argentina: 3ª colocada, Bullrich dispara contra Massa em discurso após derrota
Sérgio Massa disputa a Presidência com Javier Milei. O 2º turno das eleições da Argentina será no dia 19 de novembro

image Sérgio Massa e Javier Milei disputarão 2º turno da eleição para Presidência da Argentina
Eleitores argentinos voltam às urnas no dia 19 de novembro

"O que aconteceu na Argentina não foi uma recuperação importantíssima da situação, mas também um freio a uma onda da direita radicalizada, que parecia incontrolável", avaliou o acadêmico Sergio Morresi, da Universidade de Buenos Aires, à AFP.

image Benefícios sociais podem ter garantido a Massa o primeiro lugar (GUSTAVO GARELLO/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

Segundo Morresi, talvez o mais importante na virada de Massa se deu porque "na conversa pública foi deixada de lado a discussão econômica para se concentrar nas questões culturais, políticas e institucionais ou de capacidade de liderança".

image Javier Milei promete 'acabar com o kirchnerismo e a casta política parasitária'
Entre as propostas do conservador estão acabar com o Banco Central e dolarizar a economia

Segundo o cientista político da Universidade Torcuato di Tella Juan Negri, "Massa fez uma excelente campanha e o partido o ajudou, os governadores se colocaram todos com ele".
Para o acadêmico, o peronista teve o voto do medo. "Houve um temor de um salto no vazio".

Milei e as novas alianças

Javier Milei, conhecido por seu estilo provocativo e suas críticas ao establishment, começou sua carreira política apenas dois anos antes das eleições. Mesmo liderando as pesquisas, ele não conseguiu conquistar o primeiro lugar. Vários erros de campanha, como ofensas ao Papa Francisco e propostas polêmicas, como a privatização dos oceanos, contribuíram para essa reviravolta.

Se Milei, que, no primeiro turno, acusou a conservadora Patricia Bullrich, que ficou em terceiro lugar como candidata da coalizão Juntos pela Mudança, com 24% dos votos, de "pôr bombas em jardins da infância", agora ele acenou que pode mudar um pouco o tom. "Minha escolha é clara: tenho que abrir espaço a outras forças", confirmando a aproximação com o ex-presidente Mauricio Macri (2015-19), líder do Juntos pela Mudança.

No entanto, resta a incógnita se Milei já atingiu seu teto de apoio e se pode construir uma coalizão vitoriosa.

Peso da economia nas eleições

A economia é um fator crítico nas eleições argentinas. O país tem desafios econômicos significativos, incluindo um acordo de crédito de 44 bilhões de dólares (R$ 220 bilhões, na cotação atual) com o FMI. Sergio Massa enfrenta a pressão de reduzir o déficit fiscal. Se a situação econômica se deteriorar ainda mais nas próximas semanas, isso pode influenciar a corrida eleitoral.

Por outro lado, as propostas de Milei, que incluem cortes de gastos substanciais, também geram preocupações entre parte do eleitorado. Muitos argentinos dependem dos benefícios do governo para sua subsistência, e o desmantelamento do estado de bem-estar pode impactar negativamente essas pessoas. Dados oficiais apontam que mais de 4 milhões de pessoas, quase 10% da população, dependem da ajuda do governo para se alimentar. 

"O que está em disputa é qual será o marco da próxima votação: se, como propõe Milei, 'continuidade versus mudança'; ou como propõe Massa, 'governo de unidade nacional versus salto no vazio'", disse Sergio Morresi

O segundo turno das eleições na Argentina será no dia 19 de novembro.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Mundo
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM MUNDO

MAIS LIDAS EM MUNDO