Primeira inflação negativa do ano pode levar a corte de juros no Brasil

Segundo especialistas ouvidos pelo Grupo Liberal, boa parte da deflação deu-se por conta da desoneração dos preços de combustíveis, da criação do arcabouço fiscal, que trouxe mais tranquilidade para o mercado, do reajuste do salário mínimo acima da inflação e do período de desvalorização do dólar no mundo todo.

Igor Wilson
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Pela primeira vez no ano, o Brasil registrou inflação negativa, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) - índice oficial da inflação do país - registrou deflação de 0,08% em junho, primeiro IPCA negativo desde setembro de 2022, quando registrou 0,29%. Os grupos Alimentação e bebidas (-0,66%) e Transportes (-0,41%) foram os que mais contribuíram para o resultado do mês, com impacto de -0,14 ponto e -0,08 ponto no índice geral, respectivamente. Também registraram quedas os grupos Artigos de residência (-0,42%) e Comunicação (-0,14%).

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O indicador geral foi puxado para baixo especialmente pelos grupos de alimentação, bebidas e transportes

Há um ano, o IPCA de 12 meses estava bem acima, de 11,89%. No ano, o IPCA acumula alta de 2,87% e, nos últimos 12 meses, de 3,16%, abaixo dos 3,94% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. A forte desaceleração observada nos números coloca no horizonte da economia brasileira a possibilidade do Banco Central cortar os juros no país.

Segundo especialistas ouvidos pelo Grupo Liberal, boa parte da deflação deu-se por conta da desoneração dos preços de combustíveis, da criação do arcabouço fiscal, que trouxe mais tranquilidade para o mercado, do reajuste do salário mínimo acima da inflação e do período de desvalorização do dólar no mundo todo.

“Desde o início do ano o governo federal criou uma série de medidas para estabilizar a economia, e acredito que isso se passe pelo aumento do poder de compra do brasileiro, que havia caído muito nos últimos anos. Se a inflação é uma alta generalizada dos preços, a deflação é uma queda, uma diminuição real dos preços de muitos produtos importantes, principalmente da cesta básica. Considero assaz importante esse resultado, porque, pelo lado empresarial, você crie terreno para investimentos, e pelo outro lado, o da demanda, vai se sentir estimulado a consumir produtos e serviços”, diz André Cutrim, professor da Universidade Federal do Pará e Doutor em Desenvolvimento Econômico e Pós-Doutor em Economia pela UNICAMP.

O que é deflação

A deflação é um fenômeno econômico caracterizado por uma queda geral e sustentada dos preços dos bens e serviços em uma economia durante um período. Diferentemente da inflação, que é o aumento contínuo dos preços, a deflação implica uma redução dos preços. Embora uma queda de preços possa parecer benéfica para os consumidores à primeira vista, a deflação também pode ter impactos negativos na economia.

O principal impacto da deflação é o aumento do poder de compra do dinheiro. Com os preços em queda, as pessoas podem adiar suas compras, na expectativa de obter produtos e serviços a preços ainda mais baixos no futuro. Isso leva a uma redução na demanda agregada e pode levar as empresas a reduzir a produção, cortar empregos e investimentos. A deflação também pode levar a um ciclo vicioso, onde a queda na demanda leva a uma menor produção, resultando em mais desemprego e menor demanda ainda.

“A deflação, via de regra, é algo negativo para a economia, pois registra uma redução no nível geral de preços oriundo ou do desaquecimento da economia via enfraquecimento do consumo (estagnação econômica) ou porque os custos de produção dos bens e serviços reduziram”, diz Kleber Mourão, Economista Federal, Doutor em Administração e ex-presidente do Corecon PA/AP.

Expectativa por corte de juros

Os dois especialistas ouvidos pelo Grupo Liberal concordam que o próximo passo do governo brasileiro será avaliar a possibilidade de uma redução da Selic, taxa básica de juros. A manutenção da taxa de juros em níveis tão elevados, como no último ano, desencorajou investimentos produtivos e favoreceu a especulação financeira.

“A taxa de juros selic em níveis elevados favorece os investimentos financeiros em detrimento dos investimentos produtivos, e dessa forma tem impactado negativamente o consumo, o crédito, a geração de emprego e os investimentos produtivos. Espera-se que essa deflação seja a prova inconteste de que a meta de inflação di BACEN será atingida e que a taxa de juros selic precisa iniciar um ciclo de queda e voltar a estimular a demanda, o consumo, o crédito e os investimentos” diz Kleber Mourão.

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