Pela primeira vez no ano, inflação em Belém cai; junho fecha com queda de 0,09% e acompanha o Brasil

O setor que mais sentiu o impacto da redução foi o de alimentos e bebidas, registrando 0,67% a menos do índice do mês anterior

Camila Azevedo
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A inflação em Belém, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apresentou a primeira baixa do ano em junho: os dados apontam uma queda de 0,09% em relação a maio. O setor que mais se destaca dentro desse cenário é o de alimentos e bebidas, que teve deflação de 0,67%. Dessa forma, o resultado coloca a capital do Pará em níveis próximos aos do Brasil, que registrou queda de 0,08% no mesmo mês. A pesquisa foi divulgada nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No acumulado de 2023, Belém aparece abaixo da média nacional, fechando junho com inflação a 2,60%, enquanto a do país ficou em 2,87%. No intervalo de doze meses, a capital alcançou média de 3,13%, também menor que o índice do Brasil, registrado em 3,16%. Os setores de vestuários (- 0,17%), transportes (- 0,24%), saúde e cuidados pessoais (- 0,20%) e comunicação (- 0,31%) acompanharam os alimentos e bebidas nas quedas de preços calculadas durante o mês. 

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Entre junho de 2022 e junho de 2023, a farinha de mandioca (alta de 40,03%), a manteiga (16,97%), o arroz (15,05%), a banana (14,54%), pão (alta de 9,54%), e o leite (9,16%) foram os alimentos que mais subiram de preço. A alta acumulada foi de 4,37%.

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O setor da construção civil foi o que mais contratou no período de início do verão amazônico.

Além disso, o IPCA analisou as áreas de consumo que mais sofreram altas em junho. Habitação, com crescimento de 0,95%, lidera o ranking, seguida por artigos de residência, em 0,81%, despesas pessoais, com 0,06%, e educação um pouco abaixo, tendo 0,05% de elevação. Das capitais do Brasil que foram estudadas pelo IBGE, Belém foi a que menos apresentou redução na inflação - Goiânia (GO) desponta com queda de 0,97% -, mas, ainda assim, os resultados são comemorados por especialistas. 

Everson Costa, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do Pará, afirma que os números em queda são consequências de uma série de medidas para redução de preços, entre eles o combustível. “E essa percepção fica mais clara no que a gente mais gasta, em particular os paraenses. O gasto do morador do Pará é de 54% do salário mínimo só para adquirir alimentos. Esse carro chefe que derrubou a inflação é captado pela queda nos preços de produção”.

“É a primeira vez que o Pará registra deflação esse ano, mais da metade das capitais apresentaram redução e, no caso de Belém, nós praticamente nos igualamos ao indicador do Brasil. A perspectiva é que se continuar com o custo de produção mais equilibrado, melhora no cenário econômico para quem produz alimento. Então, devemos ter novos recuos de preços até meados de novembro, há uma perspetiva de queda e ter uma inflação um pouco menor”, diz Everson.

Custo de vida no Pará continua caro

Entretanto, o especialista destaca que o cenário não tirou o aspecto de elevado custo de vida da população paraense, mas já é um importante avanço. “Quando fazemos uma análise dos últimos doze meses, em média, o custo de alimentação básica no Pará foi o que mais subiu entre as capitais do Brasil. A gente tem 3,7 milhões de pessoas ocupadas aqui, só que, deles, 54%, ou seja, quase 2 milhões, recebem apenas um salário mínimo por mês”, completa. 

Safras e juros altos ajudaram a reduzir inflação, afirma economista

Além do preço da gasolina ter diminuído, ajudando no barateamento do custo de fretes para os produtos, o economista Valfredo Farias pontua que as fortes safras dos produtos e os juros altos de lojistas contribuíram para a queda na inflação. “A questão da alimentação, por exemplo, depende muito das safras. Nós tivemos uma super safra, ou seja, sobraram alimentos. A lei da oferta e da demanda trabalhou. Também, a partir do momento que você tem combustível mais em conta, a tendência é transporte mais barato”, frisa. 

“Uma outra coisa que contribuiu muito com essa queda da inflação foram os juros altos. Quando você tem juros altos, você impacta diretamente o consumo. Por exemplo, brasileiro está muito acostumado a comprar em várias parcelas. E, hoje, as empresas estão limitando esse parcelamento. Você vai comprar uma coisa no shopping e a parcela fica mais cara. Você não consome. Você não consumindo aquele produto, ele tende a cair de preço, porque não está tendo procura”, finaliza Valfredo. 

Inflação em junho

  • Índice geral em Belém: -0,09%
  • Brasil: -0,08%

Percentual por setor

  • Alimentação e bebidas: -0,67%
  • Habitação: +0,95%
  • Artigos de residência: +0,81%
  • Vestuário: -0,17
  • Transportes: -0,24%
  • Saúde e cuidados pessoais: -0,20%
  • Despesas pessoais: -0,06%
  • Educação: +0,05%
  • Comunicação: -0,31%
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