Alimentação dos paraenses é campeã de aumentos de preços em todo Brasil

Entre junho de 2022 e junho de 2023, a farinha de mandioca (alta de 40,03%), a manteiga (16,97%), o arroz (15,05%), a banana (14,54%), pão (alta de 9,54%), e o leite (9,16%) foram os alimentos que mais subiram de preço. A alta acumulada foi de 4,37%.

Igor Wilson
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A comida do paraense foi a que mais subiu de preço nos últimos 12 meses no Brasil. A farinha, a manteiga, o arroz, o leite e o pão. Quase tudo aumentou acima do nível da inflação, o que pesa de maneira significativa para o bolso de comerciantes e consumidores. As análises divulgadas ontem pelo Dieese/PA mostram que no balanço comparativo de preços dos últimos 12 meses (Jun/2022-Jun/2023), o custo da cesta básica de alimentos dos paraenses apresentou alta acumulada de 4,37%, percentual que coloca a capital como campeã de aumentos entre as demais localidades pesquisadas.

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A farinha de mandioca (alta de 40,03%), a manteiga (16,97%), o arroz (15,05%), a banana (14,54%), pão (alta de 9,54%), e o leite (9,16%) foram os alimentos que mais subiram de preço. Apenas três produtos apresentaram recuo de preços no mesmo período analisado: óleo de soja, com queda expressiva de 40,99%, a carne bovina, com queda de 5,12%, e o açúcar, com queda de 3,55%. Para quem trabalha muito e ganha pouco, a solução muitas vezes é apelar para a habilidade característica do povo paraense: a de se virar.

“Açaí nem sei o que é mais, farinha a gente só compra em ocasião especial, quando vai comer alguma comida com aquele caldo, aquele cozidão. A manteiga, que até pouco tempo ainda conseguia manter como um ‘luxo’, agora substituí pela margarina saborizada ou da mais comum quando o dinheiro tá acabando. Tudo subiu, mas o pior é que depois que sobe, nunca baixa, é só para cima, menos o nosso salário”, diz a aposentada Maria de Nazaré, moradora da Cidade Nova 6.

Ruim para geral

image Raimundo Genival trabalha há mais de 30 anos na feira da 25 e nunca viu a farinha tão cara como atualmente (Cristino Martins/O Liberal)

O balanço do Diesse confirmou o que os feirantes sentiram durante este período. Na Feira da 25, em Belém, os vendedores de farinha são unânimes. O preço da saca quase dobrou de preço durante os últimos 12 meses. A solução encontrada foi repassar parte desse aumento ao cliente, mas não tudo, senão ele se assusta com os preços e não volta mais. O jeito é bater no peito e assumir a redução das margens de lucro. 

“No início do ano passado era R$ 250 e agora está R$ 500, a mesma saca. Não tem como não aumentar para o cliente, mas o principal prejudicado somos nós que vendemos. Quando chega um aumento desse da saca, não podemos repassar tudo para eles, repassamos uma parte. Por exemplo, uma farinha que era R$ 8, a gente vende por R$ 10 agora. Aumentou dois reais para eles, mas para nós foi o dobro disso. Nossa margem de lucro reduziu muito”, diz Raimundo Genival, proprietário de um box especializado na venda de farinha no local. Ao seu lado, os colegas concordam com o argumento dele. Vender farinha está mais difícil.

Realidade vs ideal

Segundo a pesquisa, o valor da cesta básica comercializada em Belém custou R$ 659,89 em junho, o que faz o trabalhador médio paraense comprometer mais da metade de um salário mínimo (R$ 1.320,00) para adquirir uma cesta básica no Pará. O custo da alimentação básica até apresentou recuo de 1,5% em junho, mas mesmo assim permaneceu como o estado com a maior subida de preços no acumulado dos últimos 12 meses. O trabalhador paraense teve que trabalhar 109 horas e 59 minutos das 220 horas previstas em Lei, para conseguir uma cesta.

De acordo com os economistas do órgão, para uma família com dois adultos e duas crianças conseguir suprir as necessidades com alimentação, educação, moradia, saúde, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. o salário mínimo ideal deveria ser de R$ 6.578,41, quase cinco vezes mais que o atual. No mês de Mai/2023, o valor necessário era de R$ 6.652,09 e correspondeu a 5,04 vezes o S.M atual. Já no mês de Jun/2022, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.257,67 ou 5,39 vezes o valor vigente na época, que era R$ 1.212,00.

“Esse aumento no acumulado dos últimos doze meses pode ser explicado por duas questões: a sazonalidade e o custo do frete, que é um componente muito importante no nosso custo. E ele subiu e ainda não baixou, mesmo com a redução dos comsbustíveis. E não é só o diesel que conta, é o custo de financiamento dos caminhões, os juros que continuam caros, a manutenção. O frete frio, que custava ano passado R$ 0,80 por produto, hoje custa R$ 1,30, quase dobrou. Tem mercadorias que o frete é mais caro que o custo, por exemplo”, explica Paulo de Oliveira, sócio de uma rede supermercados do estado e vice-presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas).

Custo da alimentação básica dos paraenses nos últimos 12 meses (Jun/2022-Jun/2023):

- Maiores subidas

  • Farinha de mandioca: alta acumulada de 40,03%
  • Manteiga: alta de 16,97%;
  • Arroz: alta de 15,05%
  • Banana: alta de 14,54%;
  • Pão com alta de 9,54%;
  • Leite: alta de 9,16%;
  • Feijão: alta de 4,89%;
  • Tomate: alta de 1,98%
  • Café: alta de 0,34%.

-  Em queda

  • Óleo de soja: queda expressiva de 40,99%
  • Carne Bovina com queda de 5,12%
  • Açúcar: queda de 3,55%
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