Maniva, pato e tucupi: venda de produtos essenciais ao Círio divide opiniões entre vendedores

Quando comparada ao mesmo período do ano passado, trabalhadores dizem que preço diminuiu, mas margem de lucro também.

Igor Wilson

Às vespéras do Círio 2023, a venda de maniva e tucupi, produtos essenciais para quem zela pela tradição paraense, divide opiniões entre os vendedores quando comparada ao mesmo período do ano passado. Alguns dizem que está melhor, outros dizem que está pior. No entanto, para quem compra a boa notícia é incontestável: os produtos ficaram mais baratos.

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Para Josiane Santos, que trabalha exclusivamente com os dois produtos na feira do Ver-o-Peso, as vendas aumentaram, mas o lucro não. “Em comparação com o ano passado, teve um aumento da quantidade de maniva. Ano passado ainda era pandemia, plantaram pouco. Muitos ganharam auxílio emergencial e pararam de trabalhar. Esse ano o povo se espertou, veio mais quantidade, mas ficou mais barato”, explica a mulher, enquanto atende vários clientes ao mesmo tempo.

Josiane não para. Mãe, marido, filha e filho. Todos trabalham juntos no local e vestidos com camisas que emitem a mensagem: ‘Bora trabalhar’. É o que o período que antecede o Círio pede. É preciso vender mais para lucrar talvez o mesmo do ano passado. “Ano passado estavámos vendendo dois quilos a R$ 15, esse ano está a R$ 8. Como o movimento está parecido, não estamos conseguindo lucrar tanto, ou temos que trabalhar o dobro para conseguir algo a mais”, diz Josiane, aplaudida por seus colegas vendedores ao redor.

image Antônio Trindade vende maniva há mais de três décadas. (Carmen Helena)

“Acho que o movimento está empatado com o do ano passado. Está tendo muita procura, mas a maniva ficou mais barata. O preço pra gente que revende aumentou, mas não podemos repassar ao cliente isso, pelo contrário, a maniva este ano está mais barata pra eles”, diz Antônio Trindade, vendedor de maniva há mais de 30 anos no mesmo local.

A expectativa de Antônio e Josiane é venderem de 10 a 15 toneladas (cada um) nos últimos cinco dias que antecedem a procissão. “É o que todos vendem aqui, olha lá o negão da maniçoba moendo a maniva, ele não para”, diz Antônio apontando para seu funcionário, sempre focado no moedor. Quando o assunto é tucupi, os dois vendedores preferem não arriscar estimativas. Uma coisa é certa, o preço está tabelado no ‘veropa’: dois litros por R$ 12. “A venda de tucupi mesmo só começa quando a de maniva termina, lá pra quinta. Agora não dá pra saber se vai ser bom ou ruim, mas já estamos preparados”, diz Josiane, apoiada por Antônio.

image Foco e concentração: experiência em moer maniva conta muito para agilizar o processo (Carmen Helena)

Pato

image Edvaldo 'Passarinho' vende 600 patos em uma semana. É o Círio. (Carmen Helena)

“Esses últimos cinco dias vendi mais ou menos uns 600 patos”. É o que diz Edvaldo Moreira, mais conhecido como ‘passarinho’, vendedor de aves há 40 anos no complexo. O homem, que se autodenomina o ‘Rei dos patos’, vende cada ave por R$ 130. O valor aumentou comparado com o ano passado, quando vendia por R$ 100. Para quem não deixou para cima da hora, a poupança foi significativa.

“Eu vim aqui semana retrasada e tava R$ 70, agora está esse preço. Não levei naquele dia porque não tinha dinheiro [risos]. Agora vou ter que levar por quase o dobro, mas a tradição não pode parar, o almoço do Círio é sagrado lá em casa”, diz Francisco Pinho, enquanto olha para a gaiola para escolher qual das aves irá para sua panela.

“O brasileiro sempre vai deixando pra última hora, não tem jeito, é sempre assim. Semana passada eu estava vendendo por R$ 80, mas é aquilo né, lei da procura. Se a procura aumenta, o preço dispara. Graças a Deus as vendas estão boas, e os bichinhos vão fazer a alegria de muitas famílias nesse Círio”, diz Edvaldo.

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