Indústria do Pará avança no processo descarbonização; saiba quais as estratégias do setor

Em meio a desafios e peculiaridades do bioma Amazônico, o setor industrial tem adotado iniciativas para reduzir emissões de carbono

Amanda Engelke
fonte

A indústria no estado do Pará tem empreendido esforços para se alinhar ao movimento global de redução das emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa (conhecido por descarbonização), e de transição energética, em substituição de sistemas baseados em combustíveis fósseis para fontes de energia renovável e sustentável, como a solar, a eólica, a hidrelétrica e a de biomassa. Atualizada em 2023, a meta do Brasil é reduzir as suas emissões em 48% até 2025 e 53% até 2030, em relação às emissões de 2005.

Deryck Martins, presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coemas) da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), afirma que “o processo de descarbonização está cada vez mais integrado às práticas industriais”. Além disso, ele pontua que a adoção de tecnologias, levando em consideração a realidade atual das indústrias e os compromissos assumidos, tem sido uma exigência do mercado, que cada vez mais prioriza produtos e negócios de baixo carbono.

Segundo Martins, alguns setores industriais no Pará já têm atividades que são consideradas de baixa emissão de carbono. "Podemos citar a produção de malva e juta, por exemplo, o cultivo do palmito, do açaí, do cacau e outras iniciativas como manejo florestal sustentável, o reflorestamento e, mais recentemente, a recuperação de áreas degradadas", cita, destacando o potencial da utilização de biomassa para geração de energia, a reutilização de água, o uso de energia solar e a reciclagem de plásticos como algumas das práticas adotadas.

Biomassa é o grande potencial energético do Pará

No contexto de energias renováveis, o Pará tem demonstrado um crescente interesse e potencial. "A geração de energia a partir da biomassa é um profícuo, apresentando grande potencial na região. Além disso, a energia solar demonstra uma importância crescente e potencial de expansão", afirma Martins. Ele também menciona o potencial das hidrelétricas, aproveitando a abundância de rios no estado para a instalação de pequenas centrais hidrelétricas, que juntas podem gerar quantidades significativas de energia.

VEJA MAIS

image Ministro Jader Filho fala sobre descarbonização das cidades em evento na França
Titular da pasta de Cidades apresenta aos representantes mundiais a experiência do Novo PAC - Cidades Sustentáveis e Resilientes

image Fiepa fala na COP 28 sobre papel da bionergia na descarbonização
Federação das Indústrias do Pará integra comitiva da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

“Todos esses potenciais e geração de energia em si são importantes para o desenvolvimento econômico do Estado e para a descarbonização da indústria. Precisamos de uma atenção especial para esse desenvolvimento, considerando o custo Amazônia de implementação de projetos de infraestrutura no Estado, pois apesar do forte interesse e investimento do mundo na expansão de soluções baseadas na natureza em nossa região, projetos estruturais também precisam focos e investimentos”, diz Derick Martins.

O potencial de transição energética do Pará:

  • Capacidade de produção de biomassa para produzir essa nova geração de combustíveis sustentáveis que está ganhando espaço no Brasil (por exemplo, temos capacidade para produção de palma e outras biomassas utilizadas na produção de biodiesel e diesel verde);
  • Condições para ser polo de produção de Hidrogênio Renovável que poderia ser aproveitado pela própria indústria;
  • Áreas e capacidade para expansão da energia solar, especialmente para as áreas que estão no sistema isolado de energia que utiliza muito diesel para geração de energia, o que ajudaria na expansão de renováveis na matriz elétrica do estado como um todo; e
  • Capacidade de expansão da produção de biogás e biometano.
  • Peculiaridades do bioma amazônico é principal desafio

Bioma é um dos desafios 

Apesar dos avanços, a adoção de práticas de descarbonização e transição energética no estado tem seus desafios. "O principal e maior desafio reside na capacidade de produzir ou expandir a atividade industrial, considerando as peculiaridades do bioma Amazônico", disse Martins. Somado a isto, segundo o representante da Fiepa, questões fundiárias, legais e pressões contra a utilização de certos recursos muitas vezes impedem o avanço e o estabelecimento de práticas sustentáveis.

Derick destaca que as empresas paraenses têm buscado se adaptar às demandas de uma economia de baixo carbono, o que tem impactado suas operações e estratégias de negócio. "Ao analisar as grandes empresas e indústrias, observamos avanços significativos em termos de sustentabilidade, particularmente entre as mineradoras e empresas de cosméticos", diz Martins, ressaltando que a Federação das Indústrias está desenvolvendo mecanismos para auxiliar as PMEs a reduzir a pegada de carbono nos processos produtivos.

image Na COP 28, Estado do Pará e BID assinam carta de intenções para projeto de descarbonização
Banco Interamericano de Desenvolvimento vai financiar as estratégias do projeto “Descarboniza Pará”

image Descarbonização da indústria vai custar cerca de R$ 40 bilhões
A projeção é da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), que aponta mercado de carbono como principal chave para a transição do setor.

Apesar dos desafios, na avaliação de Martins, o Pará tem tudo para ser um grande produtor de combustíveis sustentáveis, através da geração de energia a partir da biomassa, da produção de hidrogênio verde, da expansão da energia solar, do biogás e do biometano. Além disso, ele cita o programa Nova Indústria Brasil, lançado pelo governo federal e voltado para a modernização do processo de industrialização no país, é uma oportunidade para as indústrias paraenses se alinharem aos objetivos globais de sustentabilidade e descarbonização.

O esforço, entretanto, exige a colaboração de todos os segmentos. Ainda que a matriz energética brasileira seja predominantemente limpa, baseada principalmente em hidrelétricas, nas áreas rurais figura o desafio de frear o desmatamento. Além disso, a descarbonização do sistema de transporte é ponto chave para a descarbonização. "A indústria, que figura entre o terceiro e o quarto lugar nas emissões, já tem empreendido esforços significativos para reduzir suas emissões e se alinhar a uma economia de baixo carbono", diz.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Tecnologia e Mercado
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!