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Evandro Chagas estuda novas formas de diminuir o potencial de transmissão do Aedes aegypti

A pesquisa realizada pelo instituto pode ser usada como uma futura estratégia de combate à arbovirose

Eva Pires
fonte

Uma pesquisa que demonstra novas formas de diminuir a transmissão da dengue e de outras arboviroses pelos vetores, principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, está sendo realizada pelo Instituto Evandro Chagas (IEC). O estudo poderá ser utilizado como estratégia de combate à doença no futuro. Esse foi um dos tópicos discutidos na reunião com representantes do Ministério da Saúde (MS), da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) e do próprio IEC, realizada na última quarta-feira (6), na sede do instituto, para debater medidas de combate e redução de doenças causadas pelos arbovírus e destacar a relevância da parceria entre as pastas

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Segundo Lívia Caricio, diretora do IEC, vários estudos e ações têm sido desenvolvidos para combater a doença. Algumas estratégias estão focadas na questão do vetor e em formas de minimizar a transmissão vetorial, como o projeto Wolbachia. Já no IEC, uma pesquisa em andamento aponta para uma futura estratégia que poderá ser utilizada para reduzir a transmissão da dengue.

“Tem um grande projeto investido pelo MS junto à Fiocruz, o Wolbachia. O IEC vem trabalhando numa linha que é de coinfecção com vírus específicos de mosquito. Percebemos em estudos que assim como essa coinfecção do arbovírus com a bactéria Wolbachia gera uma diminuição da replicação viral no vetor, quando se coinfecta o vetor com vírus específicos de mosquitos com esses arbovírus, pela competição dessa maquinaria genética do mosquito, a gente acaba tendo uma menor replicação do vírus. O que significa uma diminuição da transmissão. São estudos que a gente vem desenvolvendo e que podem, no futuro, serem utilizados como uma ferramenta”, explica.

O Instituto Evandro Chagas (IEC) é um órgão vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), do Ministério da Saúde (MS). Para a diretora, a pesquisa é importantíssima para definir ações de vigilância.

“O IEC faz parte dessas ações de combate às arboviroses, e não é só neste ano. Na verdade, essas são ações continuadas, como centro de referência nacional e das américas. Dengue sempre é a arbovirose de maior importância pelo potencial epidêmico. Foi um transformador do nosso olhar para a potencialidade que os arbovírus têm de causar uma diversidade de quadros clínicos”, diz.

Método Wolbachia

O método Wolbachia integra o World Mosquito Program (WMP), que está presente em 11 países e trabalha para proteger a população das doenças transmitidas por mosquitos (as chamadas arboviroses), sendo conduzido no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz, com apoio do Ministério da Saúde. O método é seguro, natural, autossustentável e sem fins lucrativos e apresenta potencial para alcançar impacto significativo na saúde pública em áreas endêmicas para esses vírus.

A bactéria Wolbachia diminui significativamente a capacidade dos mosquitos Aedes aegypti – um dos maiores transmissores de doenças vetoriais em todo o mundo – de propagar doenças. A fêmea infectada transmite a bactéria aos filhotes, perpetuando a Wolbachia nas próximas gerações. O cruzamento natural garante a perpetuação dos mosquitos com a bactéria e não exige novas liberações depois que a população de vetores com a Wolbachia se estabelece.

Investigação de óbitos

O instituto também recebe amostras de óbitos de toda América Latina para diagnosticar qual arbovirose foi a causadora da morte. “Na questão da investigação dos óbitos, na seção de arbovirologia, fazemos essa investigação em um laboratório de nível de segurança 3, que é importantíssimo. Todo material oriundo de óbito com suspeita clínica de dengue pode ter outro agente causador, inclusive muito mais grave no que tange à questão do risco biológico”, afirma.

“Além do diagnóstico virológico e de detecção genômica, a gente tem a seção de patologia, onde trabalhamos, junto com os serviços de verificação de óbitos (SVO), na investigação da infecção viral nos tecidos após a morte. Temos obrigação, como órgão de vigilância, de dar resposta à causa da morte, que muitas vezes não há condições de ser detectada quando o paciente chega no posto de atendimento”, completa.

Para Lívia, essa análise contribui para determinar quais grupos são prioritários. “Isso contribui para saber os grupos prioritários que temos que trabalhar e como essa patogênese (o estudo das causas e do desenvolvimento das lesões e dos estados patológicos) está acontecendo. O fortalecimento da rede de vigilância é muito importante. É um trabalho em colaboração. O Brasil tem uma rede de vigilância laboratorial muito bem estruturada, formada pelos laboratórios centrais que fazem um trabalho brilhante, e pelos laboratórios de referência, sendo regionais ou nacionais, como o IEC”, conclui.

(*Eva Pires, estagiária sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo Atualidades)

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