Desigualdade de gênero influencia nos cuidados com o câncer entre mulheres, mostra pesquisa

Um relatório publicado na revista científica The Lancet analisa estudos sobre como o sexismo colabora com a falta de prevenção e tratamento da doença entre mulheres ao redor do mundo

Carolina Mota

Na última terça-feira (26), foi publicado um artigo na revista científica The Lancet que analisou como a desigualdade de gênero influencia na forma como as mulheres lidam com a prevenção, cuidado e tratamento do câncer ao redor do mundo.

O relatório, chamado Women, power and ancer: a Lancet Commission avaliou que as mulheres em situações mais carentes costumam ter menos acesso à informação, educação e emprego, obtendo menos recursos financeiros para os tratamentos em comparação aos homens que ganham mais executando funções similares.

Além disso, dados obtidos em oito países mostraram que, dentro do contexto de desigualdade, as mulheres tiveram mais despesas no ano seguinte ao diagnóstico, com 30% ou mais da renda anual familiar investida no tratamento.

Isso porque as normas de gênero levam as mulheres a priorizar as necessidades da família em detrimento de sua própria.

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Sistemas de saúde contribuem para o sexismo

Outo ponto analisado é o sexismo nos sistemas de saúde ao redor do mundo. Em diversas pesquisas, ainda segundo o relatório, mulheres têm maior probabilidade de não terem as dores aliviadas de modo adequada em comparação aos homens que realizam o mesmo tratamento.

Etnia também afeta o atendimento nas unidades de saúde

A análise revelou, ainda, que os preconceitos podem ser intensificados quando a paciente com câncer pertence a algum grupo étnico marginalizado ou de uma minoria social. Em exemplo, um estudo feito nos EUA mostrou que mulheres negras e LGBTQIAP+ relataram sofrer maior estigma do que qualquer outro grupo, o que impacta na procura de cuidados por medo de discriminação.

O relatório reuniu um grupo de especialistas que analisou como as mulheres no planeta vivenciam o câncer e, a partir disso, fazem recomendações ao governos sobre novas políticas de saúde.

"Em todo o mundo, a saúde da mulher geralmente se concentra na saúde reprodutiva e materna, alinhada com definições antifeministas estreitas do valor e dos papéis da mulher na sociedade. Mas o câncer permanece totalmente subrepresentado", afirma a oncologista Ophira Ginsburg, copresidente do grupo que liderou a pesquisa.

Medidas a serem tomadas

A partir desses dados, o relatório argumenta que sexo e gênero devem ser contemplados em todas as políticas e diretrizes relacionadas ao câncer, tornando-as sensíveis às necessidades e às aspirações de todas as mulheres, sejam elas pacientes, prestadoras de cuidados ou pesquisadoras.

Os membros da comissão global defendem que novas estratégias devem ser implementadas para aumentar a conscientização do público feminino em torno dos fatores de risco e sintomas da doença. Além disso, é necessário aumentar o acesso equitativo à detecção precoce e ao diagnóstico dessa condição de saúde.

*Carolina Mota, estagiária sob supervisão de Tainá Cavalcante, editora web de OLiberal.com

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