Pesquisa diz que vacina da covid-19 tem risco baixo para doenças cardíacas, cerebrais e sanguíneas

Segundo especialista, os benefícios da imunização superam disparadamente os riscos

Eva Pires
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Em fevereiro deste ano, uma pesquisa divulgada pela Rede Global de Dados sobre Vacinas, empresa de investigação da Organização Mundial de Saúde (OMS), associou a vacina contra a covid-19 ao risco de doenças cardíacas, cerebrais e sanguíneas. Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, a Dra. Luana Soares, chefe da seção de virologia do Instituto Evandro Chagas (IEC), explicou sobre a importância e segurança dos imunizantes contra o vírus e que os benefícios da imunização superam disparadamente os riscos.

Os estudiosos da Rede Global de Dados avaliaram, por uma amostra de mais de 90 milhões de pessoas de oito países, o risco de acontecimentos adversos de 13 condições médicas de interesse especial após a vacinação contra a covid-19. Até o momento, trata-se do maior estudo sobre as vacinas contra a doença. A pesquisa observou pequenos aumentos em condições neurológicas, sanguíneas e cardíacas após a vacinação, na qual 0,00066% dos participantes desenvolveram alguma das 13 condições médicas analisadas.

Entre essa pequena parcela, o estudo identificou casos mais frequentes de miocardite (inflamação do tecido muscular do coração ) em indivíduos que receberam três doses das vacinas de mRNA da Pfizer e Moderna e um aumento nos casos de síndrome de Guillain-Barré (doença autoimune do sistema nervoso) e trombose venosa cerebral entre os que foram vacinados com doses da AstraZeneca. Entretanto, o próprio estudo concluiu que as infecções por coronavírus têm mais chances de gerar problemas de saúde do que aplicações dos imunizantes contra a covid-19.

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Conforme a Dra. Luana Soares, a vacina contra a covid-19 é segura. "Todas as vacinas para serem aprovadas passam por estudos clínicos rigorosos para avaliação da eficácia, bem como verificação do possível surgimento de efeitos adversos, para só então serem liberadas para uso. Desse modo, podemos afirmar que os imunizantes são altamente seguros para serem administrados na população. De qualquer maneira, possíveis eventos adversos podem ocorrer, como relatado em um estudo da Rede Global de Dados sobre Vacinas", afirma.

"No entanto, os riscos da ocorrência de efeitos adversos são menores que os benefícios, uma vez que a vacinação em massa contra a covid-19 salvou milhares de vida em todo globo. Bem como é importante o monitoramento de possíveis efeitos adversos das vacinas contra covid-19 e outros agravos, assim como realizar o monitoramento das cepas circulantes que podem impactar a eficácia vacinal", explica.

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Em relação à importância da vacina contra a covid-19 e outras doenças, a chefe da seção de virologia explica que "o uso dos imunizantes tem a finalidade de nos dar imunidade, fazendo com que os indivíduos fiquem protegidos de certos agravos e doenças. Algumas vacinas podem apresentar uma proteção mais duradoura, como a vacina de febre amarela e hepatite B, enquanto outras têm duração menor, necessitando de reforços, como a vacina de Influenza e SARS-CoV-2, permitindo o não agravamento das doenças, especialmente em certos grupos de riscos, como crianças, gestantes e idosos", destaca.

Segundo a especialista, as vacinas contribuem para a manutenção da saúde e extinção das doenças na população. "O amplo uso das vacinas permite que mais pessoas fiquem imunes, consequentemente haverá um bloqueio na cadeia de transmissão, fazendo com que a doença pare de se alastrar. Nesse contexto, uma parcela dos indivíduos adquire imunidade e assim acaba protegendo aqueles que ainda não tem imunidade", ressalta.

"Esse fato chamamos de imunidade de rebanho. É por meio desse evento que é possível manter o controle e proporcionar a erradicação de doenças. Por isso a importância da participação da população em manter a carteira de vacinação atualizada, bem como ações por parte dos agentes públicos em oferecer continuamente os serviços de imunização à população", conclui.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde do Pará (Sespa), para a extinção de doenças transmissíveis, é necessária a manutenção de programas de vigilância epidemiológica, capazes de identificar qualquer risco da circulação do agravo em questão, assim como a manutenção de elevada cobertura vacinal, em torno de 100%, até comprovada extinção. "Para o controle de determinada doença evitável pela vacinação, faz-se necessário que um grande número de pessoas do grupo alvo a proteger (90% e +) esteja devidamente vacinado", informa.

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Vacinação no Pará

Conforme a Sespa, a vacina contra a covid-19 entrou no calendário anual de vacinação para os Centros Regionais de Saúde, para os grupos de 6 meses a 4 anos de idade e de uma dose anual para idosos. Qualquer pessoa que não tenha o esquema primário (2 doses de vacina monovalente) deve dirigir-se a uma sala de vacinação. No estado, de janeiro a 20 de fevereiro de 2024, foram aplicadas 107.382 doses.

(Eva Pires, estagiária sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo Atualidade)

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