Inquérito que baseou operação releva intricado enredo envolvendo militares e forças especiais

Bolsonaro teria pedido para alterar o rascunho de decreto, mantendo a prisão apenas para Moraes

O Liberal
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Durante a manhã desta quinta-feira (8), uma operação da Polícia Federal foi desencadeada com base em um inquérito contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados. Segundo as informações reveladas pela Polícia Federal, Bolsonaro teve acesso à chamada "minuta do golpe", um documento que desenhava um golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022 para manter o então presidente no poder. 

O documento sigiloso, que a Gazeta do Povo teve acesso, assinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revela que o decreto proposto envolvia a prisão de diversas autoridades, incluindo o próprio ministro Alexandre de Moraes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Além disso, menciona um suposto núcleo de inteligência ligado a Bolsonaro, que teria monitorado o deslocamento de autoridades, visando à prisão de Moraes em dezembro de 2022.

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Embora Moraes seja mencionado como possível vítima do plano, ele mesmo conduz as investigações e assina as decisões relacionadas ao caso. A decisão que fundamentou a operação da PF aponta também para a possível participação de militares com treinamento em forças especiais em eventos golpistas, bem como a presença de acampamentos de manifestantes pró-golpe em frente a quartéis brasileiros após o segundo turno das eleições presidenciais.

Suposta trama por golpe teria começado em 2019

O inquérito revela que as negociações para desacreditar o sistema eleitoral e efetuar um golpe de Estado em caso de derrota de Bolsonaro começaram em 2019 e se intensificaram no segundo semestre de 2022, após o resultado do segundo turno das eleições. A PF identificou dois principais eixos de atuação do grupo investigado: um voltado para propagar a ideia de fraude nas eleições de 2022 e outro atuava promovendo "atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível".

“Os elementos informativos colhidos revelaram que Jair Bolsonaro recebeu uma minuta de decreto apresentado por Filipe Martins e Amauri Feres Saad para executar um Golpe de Estado, detalhando supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo e ao final decretava a prisão de diversas autoridades, entre as quais os ministros do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e por fim determinava a realização de novas eleições”, diz o inquérito.

Mas, segundo o inquérito, Bolsonaro teria pedido para alterar o rascunho de decreto, mantendo a prisão apenas para  Moraes em caso de intervenção, deixando livres Gilmar Mendes e Rodrigo Pacheco.

"Frustrada a consumação do Golpe de Estado por circunstâncias alheias à vontade dos agentes, identificou-se que diversos investigados passaram a sair do país, sob as mais variadas justificativas (férias ou descanso) como no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres. Outros investigados viajaram para missões no exterior, como é o caso do Coronel do Exército Bernardo Romão Correia Neto, designado em 30.12.2022 para missão em Washington, D.C. até junho de 2015. Alguns investigados não mais regressaram ao Brasil desde então, como é o caso do ex-assessor para assuntos internacionais Filipe Garcia Martins, que viajou a bordo do avião presencial em 30.12.2022 com destino a cidade de Orlando/EUA sem realizar o procedimento de saída com o passaporte em território nacional, não havendo até o presente momento registro de retorno", diz o inquérito.

Operação desvenda trama: militares e ex-ministros implicados em possível golpe

Segundo as investigações, um núcleo formado por altos militares, incluindo ex-ministros como Walter Braga Netto e Paulo Nogueira de Oliveira, teria utilizado sua influência para incitar apoio a planos golpistas.

A recusa do general Freire Gomes em aderir ao movimento gerou pressão sobre os militares, como evidenciado em diálogos interceptados. Houve até mesmo tentativas de recrutamento de militares com treinamento em Forças Especiais para apoiar medidas contra o governo eleito, com destaque para a participação de Cleverson Ney Magalhães.

O financiamento de acampamentos de manifestantes por empresários e a disseminação de notícias falsas visavam incitar o meio militar contra os comandantes contrários aos planos golpistas, afirma o inquérito. O ex-ministro Braga Netto teria desempenhado um papel crucial nesse processo, pressionando militares não alinhados e ameaçando aqueles que se opunham, como Freire Gomes.

Além disso, o inquérito revela a existência de um "núcleo de inteligência paralela", liderado pelo ex-ministro general Augusto Heleno e seus ajudantes de ordens, responsável por coletar informações para auxiliar Bolsonaro na consumação do golpe de Estado. 

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