Garçom do TST relata ter sido escravizado por 14 anos no interior do Pará

Ele afirma que, nas fazendas, rebeia xingamentos como “neguinho escravo” e “filhote de urubu”.

O Liberal
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Natural de Tucuruí, Maurício de Jesus Luz, de 44 anos, garçom do Tribunal Superior do Trabalho (TST) relatou ter sido vítima de trabalho escravo dos 4 aos 14 anos em fazendas do interior do Pará. Ele afirma que, nas fazendas, não recebia salário e era agredido fisicamente quase todos os dias, além de receber xingamentos como “neguinho escravo” e “filhote de urubu”. 

A revelação foi feita a uma equipe de reportagem do jornal Folha de São Paulo, na véspera do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, neste domingo (28). “Tinha vezes que a dona da casa me chamava de neguinho escravo, filhote de escravo, estorvo, esse era o palavreado. Pelo nome, nunca chamaram. Era negão, macaco, de acordo a situação”, contou.

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O objetivo é possibilitar que trabalhadores que são submetidos a condições análogas à ecravidão possam ter atendimento jurídico adequado e gratuito.

Ao jornal, Mauricio compartilhou que veio de uma família muito pobre e foi abandonado aos oito meses pela mãe, que o deixou com uma vizinha. O pai de Luz foi embora antes dele nascer, com seus quatro irmãos que nunca conheceu. Já a vizinha, ao perceber que mãe não voltaria, entregou Luz para sua avó, que trabalhava como uma “faz tudo” em uma fazenda de Imperatriz, no Maranhão.

Condições eram insalubres

Os dois moravam em condições insalubres, comiam restos de comida e dormiam no estábulo. Aos quatro anos, ele começou a receber tarefas, entre elas, transportar bacias d'água e alimentar animais, com a justificativa de compensar as despesas que dava. A jornada piorou aos 9 anos, quando sua avó morreu, passando a trabalhar desde às 3h da manhã.  

“Era como se eu fosse o filho da mucama que ficou. E aí, o dono da casa acha que é teu dono também. Eu nunca fui a uma festa, nunca brinquei, era só trabalhar”, compartilhou, contando que foi nesse período que começou a ser agredido fisicamente, o que lhe deixou, até hoje, cicatrizes no corpo e dores na coluna e no braço. Com as agressões, ele fugiu da fazenda. 

Na outra, recebeu o mesmo tratamento similar: muito trabalho, agressões e nenhum salário. Na terceira não existiu agressões, mas também não existia remuneração. Aos 18 anos, recebeu sua certidão de nascimento, de um casal de idosos que morava nos fundos e que o registrou como filho. Foi então que ele passou a se chamar Maurício. 

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