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Duelo entre líder do MST e Ricardo Salles colocou frente a frente dois lados antagônicos do Brasil

João Pedro Stédile e o ex-ministro do Meio Ambiente bolsonarista debateram diversos temas, mesmo diante de uma sessão repleta de discussões e ofensas ao convidado

Igor Wilson
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A sessão da CPI do MST de ontem foi marcada pelo debate entre João Pedro Stédile, líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), e Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro e atual deputado federal. Mesmo sendo ofendido diversas vezes por parte dos parlamentares da oposição, Stédille negou que o movimento invada terras produtivas, defendeu a produção de alimentos em larga escala e sem uso de agrotóxicos - como o glifosato (proibido na União Europeia) - e uma política que refloreste pelo menos 50 milhões de hectares em todos os biomas do País.

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Ricardo Salles, que assumiu a relatoria da CPI, começou a sessão mostrando os depoimentos de dois assentados. Na gravação, os homens denunciam casos de corrupção em alguns desses acampamentos. O líder sem-terra respondeu que desconhece os casos e que, por não conhecê-los, não sabe dizer se é verdade ou mentira. Os dados do movimento apontam para meio milhão de famílias que vivem em assentamentos em todo o Brasil atualmente. 

"Vejam bem, há 500 mil famílias assentadas no Brasil. Se em 1% desses assentamentos há esses desvios, vocês teriam que ouvir aqui 5 mil famílias. Ou seja, não se pode generalizar esse tipo de coisa”, disse Stédile. 

Questionado em seguida sobre a invasão de uma área da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Petrolina (PE), no início do ano, Stédile admitiu que foi um erro, mas afirmou que o movimento é autônomo e que os assentados tomam suas decisões. "Cada acampamento tem autonomia do que faz. Concordo, às vezes eles exageram e erram, mas eles têm o direito de decidir", afirmou. 

Ele alegou que a invasão à Embrapa aconteceu porque era "a área pública mais próxima" e que o movimento conseguiu chamar a atenção da opinião pública, sem "destruir nada". 

Invasão de Área produtiva 

Uma das ações do MST no terceiro mandato de Lula foi a ocupação de uma área produtiva de cultivo de eucalipto da empresa Suzano, na Bahia, no fim de fevereiro. Depois de anunciar o retorno do "Abril Vermelho" - onda de invasões de terras e prédios públicos do País - Stédile foi convidado pelo governo federal a integrar a comitiva oficial da visita do presidente à China. 

Ontem, pressionado por deputados da oposição que comandam a CPI do MST à expor sua ligação com a gestão petista, o líder sem-terra afirmou que o movimento apoia Lula, mas que isto não é incondicional.  

CNPJ Suspeito 

Stédile foi questionado sobre a existência de uma associação que detém o controle sobre o site do MST, assina convênios e recebe recursos públicos em nome do movimento. Segundo Salles, a Associação Brasil Popular (Abrapo) recebeu R$ 2 milhões de recursos da União, incluindo repasses da Petrobras e do BNDES. O líder do movimento disse que não sabia dos repasses financeiros a essa associação. 

“A Abrapo, sob a rubrica do MST, faz manejo de recursos, administra documentos, conta bancária, detém o registro do site e assume outros compromissos pelo movimento. O senhor quer convencer esse plenário que, na qualidade de liderança máxima do MST, o senhor não conhece a empresa que recebe os recursos de pagamentos do movimento, o senhor não conhece o grupo de celebração de acordos e percepção de recursos?”. 

Oposição decreta fim de CPI

Derrotada após uma articulação do governo com o Centrão que retirou a maioria do grupo na CPI, a oposição considerava a sessão a melhor oportunidade para fazer denúncias sobre o MST na comissão, no entanto, com o final se aproximando, nada foi comprovado. Na semana passada, Ricardo Salles disse que o grupo não deve prorrogar os trabalhos, o que simbolizou uma admissão de derrota.  

O término oficial dos trabalhos está previsto para 14 de setembro. Salles sinalizou que a decisão foi tomada após manobras para esvaziar a influência da oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na CPI.  

Além de indicar o fim dos trabalhos, Salles já adiantou uma eventual derrota do relatório final do colegiado. "Essa é a última medida. À entrega do relatório e submissão ao voto. Com essa configuração da comissão agora temos sérias dúvidas se aprovariam um relatório. Não estamos nem contando com essa hipótese de aprovar o relatório", disse Salles 

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