Cloroquina é mentira orquestrada pelo governo, diz cientista

Pasternak afirmou que o negacionismo à ciência 'é uma mentira orquestrada pelo governo federal e pelo Ministério da Saúde'

Thiago Vilarins, da Sucursal de Brasília / O Liberal

A sessão desta sexta-feira (11) da CPI da Covid foi destinada a ouvir especialistas para comentar aspectos técnicos da pandemia do novo coronavírus. Prestaram depoimentos a microbiologista e pesquisadora da USP Natalia Pasternak e o médico sanitarista da Fiocruz e ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Claudio Maierovitch.

Pasternak afirmou que o negacionismo à ciência observado durante a pandemia no Brasil, a exemplo do incentivo de medicamentos sem eficácia contra a doença, "é uma mentira orquestrada pelo governo federal e pelo Ministério da Saúde". "Isso é negacionismo, senhores. Isso não é falta de informação. Negar a ciência e usar esse negacionismo em políticas públicas não é falta de informação, é uma mentira e, no caso triste do Brasil, é uma mentira orquestrada, orquestrada pelo governo federal e pelo Ministério da Saúde. E essa mentira mata, porque ele leva pessoas a comportamentos irracionais, que não são baseados em ciência", disse.

A fala da pesquisadora se deu num contexto de explicação sobre a ineficácia da cloroquina em pacientes com covid-19. Ela citou uma série de estudos feitos ao longo da pandemia, mostrando que o medicamento funciona apenas in vitro - ou seja, nos laboratórios. Quando os estudos são feitos em células do trato respiratório de animais e de humanos, já não funciona. "Ela nunca teve plausibilidade biológica para funcionar. O caminho pelo qual ela bloqueia a entrada do vírus na célula só funciona in vitro, em tubo de ensaio, porque, nas células do trato respiratório, o caminho é outro. Então, ela já nunca poderia ter funcionado", explicou.

"Não funciona em camundongos, não funciona em macacos, e também já sabemos que não funciona em humanos. Senhores, a cloroquina já foi testada em tudo. A gente testou em animais, a gente testou em humanos. A gente só não testou em emas porque as emas fugiram, mas, no resto, a gente testou em tudo, e não funcionou", completou.

Pasternak fez referência ao animal em alusão a uma foto do presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, "oferecendo" uma caixa de cloroquina a uma ema. Bolsonaro é um grande defensor do uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra covid-19, como cloroquina e ivermectina. O presidente também não segue as medidas sanitárias, como uso de máscara e distanciamento social. Bolsonaro reduziu a gravidade da doença ao longo de toda a pandemia, colocando em xeque a eficácia das vacinas contra a doença.

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