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‘Aumento da força feminina no mercado de trabalho eleva a alteridade e isso é salutar', diz advogada

Em Belém, a doutora em direito, Paula Frassinetti Mattos, avalia os desafios da maior participação feminina no mercado 

Valéria Nascimento
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Para entender o papel das mulheres no mercado de trabalho hoje, não basta conhecer os dados atuais, deve-se voltar algumas décadas e pensar sobre o lugar ocupado por elas. Em Belém, a advogada, mestra e doutora em direito pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Paula Frassinetti Mattos, aponta duas motivações originais: a necessidade de mão do setor industrial e a urgência da própria mulher em se sustentar e contribuir com o orçamento doméstico.

"O ingresso das mulheres no mercado de trabalho, historicamente, se dá em razão da necessidade de participarem do orçamento doméstico, ao mesmo tempo, como também tradicionalmente éramos menos qualificadas, isso proporcionou aos beneficiários desta força de trabalho um pagamento menor”, pondera.

A doutora em direito complementa: “então, temos dois fatores: a necessidade familiar como fundamento para a busca do trabalho e o fato da mulher oferecer uma força de trabalho mais barata”.

Áreas de atuação em que as mulheres estão mais presentes

Em razão de as mulheres terem ingressado no mercado de trabalho pela porta da oferta mais barata, assinala Frassinetti, “e, em face de que precisavam conciliar o trabalho externo com as atividades domésticas, que permaneceram aos seus cuidados, as mulheres demoraram mais a se qualificar”.

"Há um aspecto estrutural que lhes designa as tarefas de serviços, enquanto que para os homens são tradicionalmente destinadas às tarefas ditas produtivas. Por isso vem mais mulheres nas tarefas de cuidar. Algumas profissões como magistério não superior, enfermagem, cuidadoras, domésticas são numericamente mais preenchidas por mulheres”, enfatiza a advogada.

Sobre as barreiras que ainda impedem a plena participação das mulheres no mercado de trabalho, ela é categórica: “o modo como a sociedade está organizada enseja que a mulher ainda seja a responsável pelo cuidado de sua prole”.

Iniciativas por equidade nas tarefas

Paula Frassinetti destaca que, no Brasil, a licença maternidade é de 120 dias e a licença paternidade de 5 dias, “demonstrando claramente a quem caberá cuidar do recém-nascido". Atualmente há projeto de lei objetivando rever essa distribuição de deveres e algumas convenções coletivas já promovem uma divisão mais equânime deste labor”, disse.

“Recentemente ouvi um homem parabenizar uma mulher pelo sucesso de sua filha no vestibular, dizendo expressamente que o fato dela – mãe – ter abandonado o emprego quando a filha nasceu estava agora sendo recompensado”.

Perguntada sobre quais são os impactos do crescimento da força feminina no mercado de trabalho, a advogada disse não se deter, necessariamente, nos impactos, mas sim analisar as consequências disso.

Ela argumentou que, “o crescimento da força feminina proporciona de cara uma maior igualdade entre gêneros, o que deve gerar mais respeito pelo outro. Então o aumento do índice de alteridade é um efeito salutar”.

“Como consequência a mesma sociedade passa por um processo de reorganização, de modo a que as tarefas domésticas e da parentalidade sejam repensadas e distribuídas de forma mais igualitária. Eu diria que a maior participação das mulheres no mercado de trabalho proporciona uma oxigenação na qualidade de vida desta mesma sociedade”.

Ela fez questão de acrescentar. “Preciso contudo registrar que a despeito do aumento de mulheres no trabalho, ainda estamos muito distantes de alcançar os postos de comando que são majoritariamente ocupados por homens. Vivemos o desafio de deixarmos de ser suplentes ou vice na organização social e alçarmos o lugar que nos é de direito”, finalizou.

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