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Golpe do advogado: estelionatários se apropriam de processos e aplicam golpes no Pará

Investigações apontam uma organização criminosa praticando esse tipo de golpe na capital e interior, informa OAB-PA

O Liberal

A Ordem dos Advogados do Brasil - seção Pará (OAB-PA) investiga casos de estelionato envolvendo o nome de profissionais da área, tanto em Belém quanto no interior. A informação foi confirmada pela OAB, em nota enviada na noite de sexta-feira, 5, após ser consultada pela reportagem de O Liberal a respeito de um caso recente envolvendo um advogado de Belém.

O advogado Gabriel Mendonça Santos, no fim do mês de abril, descobriu que estelionatários estavam usando o seu nome para aplicar golpes em clientes. O que chama atenção no caso, é a riqueza de detalhes e termos técnicos usados pelos criminosos ao se passarem pelo profissional.

"Temos ótimas notícias sobre seu processo. Foi dado judicialmente procedente e deferido ao nosso pedido. Preciso que me informe o banco, agencia e conta para que seja feito o credenciamento juntamente com a câmara de compensação bancárias. (...) O banco me informou que a receita federal está cobrando em cima do valor montante de R$ 86.568,83 os 27,5% referente ao imposto de renda do leão, isso fará com que seu valor venha a cair para R$ 63.568,10", diz um os textos dos golpistas.

O contato com os clientes de Gabriel era feito por meio de aplicativo de mensagens. Eles se apresentavam aos clientes como sendo o advogado, informando também o nome do escritório e um suposto número de registro profissional na OAB-PA. Depois de informar uma situação falsa a respeito de algum processo do cliente, o estelionatário tentava lucrar:

"Existem duas formas de proceder. A 1ª é o senhor concordar com a cobrança do imposto e arcar com o desconto de 27,5%. 2ª é darmos continuidade com a isenção desses impostos. Eu, como advogado do senhor, sugiro que o senhor solicite a isenção. (...) Só vai haver alguns custos, pois é necessário a emissão de duas certidões (...) O valor das taxas para as certidões somam o total de R$ 2.095,00", segue o texto do golpe.

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Após detalhar uma série de informações sobre impostos e porcentagens, o estelionatário envia dados bancários para que o cliente fizesse a transferência dos valores.

O advogado Gabriel Mendonça Santos contou, em entrevista, que descobriu a situação quando um de seus clientes mais antigos recebeu essas mensagens e achou estranho o contato, desconfiando também que o número do remetente não era o mesmo de Gabriel. "Aí esse cliente me mandou os prints da conversa e foi quando descobri que estavam usando meu nome para aplicar golpes. Não sei como conseguiram o contato de um cliente tão antigo, mas felizmente ele desconfiou e me procurou. Ele não chegou a perder dinheiro", conta o advogado.

Gabriel procurou a delegacia de crimes virtuais da Polícia Civil do Pará (PC), no bairro da Pedreira, em Belém, para denunciar o ocorrido. No Boletim de Ocorrência, o advogado detalhou alguns indícios a mais de falsidade nas mensagens:

"O registro da OAB está incorreto. O número do celular que entrou em contato também não é o meu. Eu também peguei a chave de pix que eles mandam na mensagem e simulei uma transferência, descobri o nome registrado na conta do golpe e passei todas essas informações para a polícia", relata Gabriel.

O advogado não acredita que o golpista tenha tentado contato com outro cliente depois deste episódio. Ainda que esta fosse a primeira vez que usaram seu nome para aplicar um golpe, Gabriel Mendonça comenta que já ouviu histórias de outros profissionais da sua área passando pelo mesmo problema.

A percepção do advogado coincide com a nota enviada pela OAB-PA após solicitação de posicionamento, feita pela reportagem. A Ordem comenta que não chegou a ficar sabendo especificamente do caso do advogado Gabriel Mendonça, mas que já vinha acompanhando indícios da ação de uma organização criminosa praticando esse tipo de crime no Pará:

"Até o momento, a OAB-PA não recebeu representação relacionada ao advogado Gabriel Mendonça. Por outro lado, a Comissão de Defesa das Prerrogativas da instituição está acompanhando atentamente alguns casos registrados em Belém e no interior do Pará, cujas investigações apontam que uma organização criminosa se apropria de informações processuais para aplicar golpes", diz a nota.

A Ordem informa que já acionou os órgãos de segurança pública para que sejam tomadas todas providências e tem estado atenta às diligências. A redação integrada de O Liberal também procurou a Polícia Civil para solicitar mais informações sobre as investigações, mas, até o fechamento desta edição não houve resposta.

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