Estudante denuncia assédio de professor do IFPA; defesa nega o crime
Segundo boletim de ocorrência, caso teria ocorrido em 2020, durante uma viagem da turma para o distrito de Mosqueiro
A família de uma estudante de 17 anos do Instituto Federal do Pará (IFPA) procurou a polícia para denunciar que a jovem foi vítima de assédio e importunação sexual por parte de um professor da instituição que trabalha no campus de Ananindeua, na Grande Belém. A jovem, que hoje cursa o 3º ano do curso de informática integrado no IFPA, disse que comunicou o caso somente recentemente a uma professora da instituição e a sua família, e que outras estudantes também teriam passado por situações semelhantes.
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Segundo o relato, descrito em um boletim de ocorrência, registrado na Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente (DEACA) de Ananindeua, o ataque teria ocorrido em janeiro de 2020 quando a menina, com 15 anos na época e cursando o 1º ano do ensino médio, viajou com sua turma do IFPA para o Distrito de Mosqueiro, para participarem de uma visita técnica.
A jovem disse à mãe que estava no quarto, na casa que foi alugada para alojar os estudantes, e tinha saído do banho e vestida com um top e uma calça. Nesse momento, o professor veio por trás e tocou em seus seios perguntando se ela estava gostando do passeio. Ainda segundo o que foi registrado no boletim, a menina não contou sobre o fato na época pois acreditou que a mãe faria "um escândalo no instituto", e temeu as consequências da exposição.
Depois de procurar uma professora, a jovem disse que mais colegas dela contaram que já foram assediadas pelo professor, que já foi diretor de ensino do Instituto. Contudo, essas outras vítimas não oficializaram as denúncias por constrangimento.
Em nota, o IFPA informou que não recebeu nenhuma denúncia formal a respeito do caso da estudante. "O Instituto informa que não há nenhum registro, solicitação ou autorização, de visita técnica no Campus Ananindeua no mês janeiro de 2020, portanto desconhece que a situação possa ter ocorrido dentro do contexto educacional do Instituto. No entanto, apesar de não ter ciência do ocorrido, o IFPA reafirma sua posição de instituição de educação pública, gratuita e de qualidade e repudia qualquer tipo de assédio moral ou sexual", diz a nota.
O Instituto Federal informou que toda e qualquer denúncia envolvendo o Instituto deve ser reportada à Ouvidoria, que apura, sigilosamente, todos os casos encaminhados, seja por estudantes ou servidores. Por se tratar de uma apuração sigilosa, apenas as partes têm acesso ao andamento do processo e não cabe ao IFPA acompanhar ou tomar nota.
"O IFPA, enquanto instituição de educação, não tem como atribuição tratar ou comentar o assunto, mas está a disposição para receber denúncias através da Ouvidoria, fazendo o que lhe cabe para solucionar as situações e contribuir com as investigações", disse o comunicado. A reportagem tenta também contato com a defesa do professor.
A reportagem ouviu também o professor suspeito, Lair Meneses, que decidiu se posicionar por meio do advogado de defesa, Dr. Julião. "Ainda estamos levantando todas as informações sobre o ocorrido e só vamos nos manifestar oficialmente após isso. Por hora, podemos adiantar que tudo que foi alegado é mentira e que iremos abrir um processo na esfera cível e criminal contra todos os envolvidos", declarou o advogado.
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