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Caso Luma Bony: morte da influenciadora completa 1 ano e pai diz que luta por justiça continua

A fala é de Bony Monteiro, pai da jovem de 23 anos que tirou a vida após ter conteúdo íntimo divulgado

Da Redação
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Nesta quinta-feira (9), completa 1 ano em que a influencer Luma Bony, de 23 anos, morreu após pular do sexto andar de um prédio na área central de Belém (PA). Essa ação extrema e desesperada da jovem foi provocada pelo vazamento de imagens de conteúdo íntimo dela, sem o próprio consentimento, por iniciativa de Maurício César Mendes Rocha Filho, conhecido como "Hétero Top", que se encontra preso. Ele foi condenado a quatro anos de prisão, em regime fechado e sem substituição de pena, pelo crime de vazamento deste conteúdo.

Na mesma determinação do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), em 24 de maio de 2023, o réu foi condenado a pagar a indenização de R$ 100 mil a título de reparação pelos danos morais suportados pela vítima e sua família. A condenação foi assinada pela juíza Andrea Ferreira Bispo, da 6ª Vara Criminal da Capital. Em julho deste ano, foi levantada a informação de que Maurício Filho responde a 15 processos na Justiça.

Segundo apurado por O Liberal, Maurício Cesar Mendes Rocha Filho está preso em razão da decretação de duas prisões preventivas, em processos diferentes, além de outras medidas cautelares. As prisões, foram decretadas para garantir a ordem pública e a instrução processual, pois, segundo apurado, além de existir indícios de autoria e da prática de crime, a polícia judiciária identificou possível ocultação de provas, intimidação de testemunhas e o perigo que a liberdade do acusado poderia gerar para sociedade paraense em razão dos diversos crimes identificados.

Há uma condenação que pende de recurso e outros processos que aguardam sentença. No caso de Luma, a defesa dele ingressou com recurso que em breve deverá ser julgado pelo Tribunal de Justiça.

O crime chocou muita gente em Belém e em outras cidades, pelo fato de se tratar de uma pessoa muito conhecida e querida nas redes sociais. A decisão judicial reúne elementos para indicar que Maurício foi o autor e responsável pela publicação do vídeo, que a mulher exposta na gravação era Luma Bony e que não houve consentimento, por parte dela, para a divulgação do conteúdo íntimo.

O comportamento da vítima, motivação e circunstâncias do crime, a culpabilidade "exacerbada" do acusado, no entendimento da Justiça e os antecedentes, a conduta social e a personalidade de Maurício Filho foram levados em consideração para a condenação de Hétero Top.

Dor de pai

O pai de Luma Bony, o empresário Bony Monteiro, não esconde a saudade imensa que sente da filha, mas também se mantém firme na sua busca por justiça. "Eu confio na Justiça e entendo que a justiça está sendo feita, mas o que me preocupa é que essa pessoa que já deu mostras da sua maldade, possa sair, enquanto eu não vou ver mais a minha filha. Isso não pode virar moda. A família dele tenta soltá-lo, mas, podem vir com intimidações, mas eu não vou me intimidar e vou continuar na luta pela minha filha e para que ele não faça mais o que fez com outras jovens", enfatiza Bony.

Bony reforça que Luma Bony foi embriagada, drogada, abusada, teve cenas íntimas divulgadas por Maurício Filho. "Ele se aproveitou dela na casa da própria mãe dele", destaca o pai da jovem. E fora o caso da minha filha, ele responde a processos na Justiça por estupros de outras meninas", assinala o pai de Luma. A madrasta dele já o acusou de traficar drogas.

Ele ressalta que tias de Maurício Filho já o denunciaram à Justiça por se aproveitar de jovens. Bony destaca que circulam na internet imagens nas quais Maurício desdenha, faz chacota da lei, da Justiça. "Só quem é pai de uma filha ou filhas pode imaginar a dor que eu sinto", arremata Bony.

Desespero

Às 18h30 de 6 de novembro de 2022, segundo o documento da Justiça, Maurício Filho postou nas redes sociais dele um vídeo em que expunha as partes íntimas de cenas de sexo com a influenciadora Luma Bony. De acordo com decisão judicial, sem o consentimento dela. Ele, então, foi denunciado pelo Ministério Público do Pará (MPPA) pelo crime previsto no art. 218-C, do Código Penal Brasileiro (CPB), que trata da “divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia”.

Ocorre que o constrangimento e a dor provocada pelo conteúdo exposto nas redes sociais forçaram a jovem a tomar uma decisão drástica. Luma Bony foi encontrada morta, dois dias depois do vazamento do conteúdo íntimo.

Abuso

Como a mprensa divulgou anteriormente, no entendimento da família de Luma Bony, Maurício Filho é o principal responsável pela morte da jovem. Isso porque, segundo os familiares dela, ele embebedou, drogou, abusou e filmou a influenciadora, então desacordada. Logo depois, não se intimidou em publicar esse vídeo na própria rede social, em um perfil antigo.

O laudo pericial da Polícia Científica do Pará (PCP), conforme a decisão do TJPA, comprovou que o vídeo íntimo foi publicado por Maurício Filho nos stories da conta pessoal dele no Instagram. Segundo a Justiça, em depoimento ao Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), o acusado reconheceu que o perfil era dele. No entanto, alegou que a publicação foi feita por engano e que a mulher não seria Luma Bony.

Maurício Filho destacou, ao ser interrogado no MPPA, que "esse vídeo foi uma publicação, mas com o vídeo errado que é, que eu acabei apertando, estava na galeria do celular também, eu acabei apertando e publicando, mas não era um vídeo meu e da Luma [sic]". Se, de acordo com a versão do acusado, a mulher que aparecia no vídeo não seria Luma Bony, Maurício também foi questionado sobre o porquê de ter marcado, então, o perfil da influenciadora na publicação. Perguntado se tinha outra mulher em sua companhia, Maurício alegou que não.

Contradições

A decisão do TJPA aponta contradições nos depoimentos do acusado ao MPPA e à Polícia Civil. Maurício afirmou ao MPPA que deixou Luma Bony na casa dela entre 17h30 e 18h. Já à Polícia Civil, o rapaz disse que foi às 19h. No depoimento ao MPPA, ele afirmou: "Após termos passado em casa, por volta de umas cinco e meia seis horas, mais ou menos esse horário. Eu deixei ela, na verdade, na porta, nas proximidades da residência que ela informava que sua casa, né? [sic]". Questionado novamente, Maurício Filho disse não saber informar com precisão acerca dos fatos, destacando que, na Polícia, estava sem óculos, pediu para o advogado lesse o documento e o assinou rapidamente.

Acerca das imagens analisadas pela Polícia Científica para o laudo pericial sobre as publicações feitas por Maurício Filho, ao lado da vítima, em 6 de novembro, o documento do TJPA indicou: "Essas postagens mostram sequências de fotos em que ele aparece com Luma Bony e o último vídeo postado – quer seja, o do ato sexual – vem justamente encerrar a série de fotos que constituem a “história” daquele dia, pois não é outro o sentido desse recurso do aplicativo senão o de contar uma história".

"O story analisado indica a história que o denunciado quis tornar pública, ou seja, que qualquer pessoa que tivesse acesso ao seu Instagram visse que ele estava com Luma Bony, bem como que, na cena final, havia tido relação sexual com ela naquele dia", é acrescentado no documento da Justiça.

A Polícia Civil informa que "todos os inquéritos do caso foram concluídos dentro do prazo legal e remetidos à Justiça".

Criminoso habitual

O advogado da família de Luma Bony, Filipe Silveira, entende que "o trabalho investigativo da Polícia Judiciária do Estado do Pará apontou para a existência de um criminoso habitual, com prática de condutas reiteradas, na medida em que - a partir da investigação realizada na Operação Exposed, que se limitava a investigar a exposição de imagens pornográficas da vítima LB - diversas vítimas compareceram à Delegacia para denunciar outros fatos praticados pelo mesmo acusado". "Dentre esses relatos, também foi possível identificar processos judiciais que foram iniciados pelos próprios familiares do agressor que também relataram situações semelhantes", acrescenta.

Para o advogado, de uma forma geral, "a eclosão de uma tragédia dessa magnitude sobreleva a necessidade de qualquer pessoa (homem/mulher, jovens/adultos) agir com prudência em suas relações sociais". "Se de um lado, é verdade que o risco a eventual prática criminosa sempre existiu, por outro, as novas ferramentas tecnológicas que estão à disposição de todos servem como facilitador para determinados crimes", pontua.

Filipe Silveira informa que todos os casos relacionados a Maurício Filho continuam em andamento. Em alguns deles, já existem novos pedidos de condenação por parte do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), como diz o advogado.

Linha do tempo

- 6 de novembro de 2022: Maurício Filho publica nas redes sociais vídeo íntimo de Luma Bony;

- 9 de novembro de 2022: A influenciadora se joga do sexto andar de um prédio no centro de Belém;

- 9 de dezembro de 2022: A Polícia Civil do Pará deflagra a operação “Exposed” e prende Maurício Filho;

- 15 de dezembro de 2022: O acusado é transferido para a Cadeia Pública para Jovens e Adultos (CPJA), no Complexo Penitenciário de Santa Izabel;

- 16 de dezembro de 2022: A Polícia Civil conclui as investigações e indicia o “Hétero Top”;

- Janeiro de 2023: O Ministério Público do Pará oferece denúncia contra Maurício Filho por publicar e divulgado vídeo “contendo cena de sexo, nudez ou pornografia sem o consentimento da vítima”. Neste momento, passa da condição de suspeito para acusado;

- Maio de 2023: O Tribunal de Justiça do Estado do Pará condena Maurício Filho pelo crime de vazamento de conteúdo íntimo.

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