Tecnologia 5G chegou ao Pará há um ano. Mas como anda a cobertura?

Segundo a Anatel, somente 43% dos domicílios estão contemplados no estado. O que dizem cientistas e operadoras.

Enize Vidigal e Ígor Wilson

O sinal de internet 5G foi ativado na capital do Pará há um ano. Mas, como está o acesso a essa tecnologia no estado? Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a cobertura 5G alcança 43,03% dos domicílios paraenses, com somente 15 municípios (10% das cidades do Pará) tendo essa tecnologia disponível. O professor Miércio Alcântara Neto, Pós-Doutor em Engenharia Elétrica com Ênfase em Telecomunicações e diretor-adjunto do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), explica que nem mesmo o sistema 4G ainda foi totalmente explorado no estado, com a cobertura de quase 60% do território, e que a operação do 5G exige maior investimento das operadoras se comparado a outras regiões do país, devido às “barreiras” naturais existentes na Amazônia. 

Atualmente, sete operadoras oferecem o serviço 5G no Pará: Tim, Claro, Vivo, Oi, Algar, Ligue e Sercomtel. As maiores coberturas são da Claro (36,13%), Vivo (35,71%) e Tim (32,97%). Os municípios paraenses com a cobertura 5G são:  Ananindeua (99,93%), Belém (99,58%), Barcarena (77,33%), Castanhal (92,41%), Capanema (83,63%), Marabá (81,12%), Marituba (98,88%), Monte Alegre (48,94%), Paragominas (79,61%), Parauapebas (91,17%), Rondon do Pará (74,99%), Salinópolis (91,14%), Santarém (72,53%), São Félix do Xingu (36,77%) e Vigia (76,77%). Os dados são da Anatel.

“O cenário ambiental da região é desafiador. Temos ambientes mistos: áreas densamente povoadas, como a Região Metropolitana de Belém, que exige uma rede com capacidade para suportar a comunicação de dados de clientes, e áreas densas de árvores que dificultam a propagação do sinal, que sofre o desvanecimento. Quando a onda eletromagnética se propaga pelo ambiente de floresta, ela oferece barreira que o sinal vai diluindo à medida que  adentra a área de mata”, explica Miércio Neto. O solo úmido e os rios também dificultam a propagação do sinal de internet, enquanto as fortes chuvas prejudicam a manutenção da conectividade dos sinais de rádio propagação, segundo ele.

O professor explica que, em capitais como Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, o 4G tem cobertura de quase 90% dos territórios, o que possibilita o acesso a uma melhor rede de comunicação. Mas, no Pará, as limitações regionais se somam à dificuldade da infraestrutura instalada. Com as barreiras regionais exigindo maior investimento em antenas e dispositivos para a propagação do sinal, e a menor quantidade de clientes distribuídos no extenso território, o desafio da internet de qualidade exige maior investimento em antenas e dispositivos eletrônicos instalados, o que pode não ser “atrativo” economicamente para o setor privado, conforme avalia o cientista. 

Além disso, a mudança do sinal 4G para 5G exige a substituição das antenas e dispositivos porque as duas tecnologias funcionam em frequências diferentes. Enquanto a 4G opera em 700, 850, 1.800, 2.100 e 2.600 megahertz; o 5G opera em 2,3 e 3,5 gigahertz, explica o professor. 

Apesar do 5G ter sido ativado pela Anatel em 15 cidades paraenses, Miércio Neto detalha que o 5G funciona em áreas centrais de Belém e Ananindeua e menores áreas de Marituba e Castanhal. “O sistema 5G é muito robusto, pois ele acessa novas faixas de frequência, tem maior largura de banda, ou seja, maior quantidade de dados rodando na rede em comparação ao 4G. Tem que trocar as antenas e dispositivos eletrônicos que operavam no sistema anterior porque o 5G opera em faixa de frequência mais elevada. É preciso ampliar o número de antenas para aumentar a cobertura de operação (no Pará)”, explica.

Operadoras

Em nota, a Claro informa que disponibilizou a rede 5G em 184 cidades e, no Pará, em 36 bairros de Belém, oito bairros de Ananindeua e está trabalhando na expansão da rede para outras 18 cidades no estado, incluindo Castanhal, Marabá e Santarém. A cobertura está disponível no site claro.com.br/internet/5g-mais. “As ativações seguem as determinações da Anatel e autoridades responsáveis e são realizadas de acordo com um planejamento estratégico, que leva em consideração o cenário mais adequado para a região e a possibilidade de ofertar a melhor experiência aos clientes. A Claro seguirá investindo na ampliação da sua rede 5G no estado”, conclui. 

A Vivo comunicou que o 5G da companhia está disponível nas capitais e cidades acima de 500 mil habitantes e está levando para os municípios acima de 200 mil habitantes. “No Pará, além de Belém - nos bairros de Batista Campos, Campina, Cidade Velha, Cremação, Fátima, Jurunas, Marco, Nazaré, Pedreira, Reduto, São Brás, Telégrafo e Umarizal -, a Vivo está presente com o 5G em Ananindeua, Castanhal, Marabá e no distrito de Alter do Chão, em Santarém. A expansão da rede 5G para outras regiões é gradual e evolui de acordo com capacidades técnicas, demanda e autorizações para instalações de antenas”. 

A Tim destacou que a cobertura 5G da operadora atende hoje 46 bairros de Belém (69,8% da população local), além de Ananindeua, Castanhal e Salinópolis. “A Tim possui a maioria das estações 5G do estado, com mais de 200 antenas no Pará. Em todo o país, no 5G, cobre mais de 35% da população urbana” com “6,8 mil antenas licenciadas”, cerca da metade existente no país. “No Brasil, a Tim planeja investir R$ 13,3 bilhões, de 2023 a 2025, com prioridade para o 5G, ampliando a rede de operação móvel”. 

Para acessar o 5G, o cliente precisa ter um aparelho telefônico compatível e estar dentro da área de cobertura, sem que haja cobrança de tarifa extra, mudança de plano ou de chip.

 

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