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Evento virtual faz homenagem a Dorothy Stang, assassinada há 16 anos, em Anapu (PA)

Missionária deixou legado de luta e a organização do povo em defesa da floresta e da Amazônia

Redação Integrada
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O comitê Dorothy organizou uma série de atividades virtuais como forma de dialogar com a sociedade sobre o legado da missionária norte-americana Dorothy Stang, assassinada com seis tiros há 16 anos, em uma estrada de Anapu, no Pará, no dia 12 fevereiro de 2005. A programação é batizada de “Amazônia: lugar de luta e utopia. 16 anos do Martírio de Dorothy Stang”. Segundo seus organizadores, são momentos construídos a partir das cartas da missionária. A programação começou no último dia 10 e termina nesta sexta-feira (12) na página do Facebook do Comitê Dorothy, em conjunto com outros movimentos sociais e organizações parceiras. 

Defensora dos direitos ambientais, agrárias e de direitos humanos, irmã Dorothy abraçou, em parceria com representantes de sindicatos rurais e da Pastoral da Terra, a missão de desenvolver projetos sustentáveis para a geração de emprego e renda com reflorestamento em áreas degradadas. Seu objetivo era promover melhores condições de vida e de trabalho para a população de Anapu, pequena cidade do Pará a 600 quilômetro de Belém.

Alcidema Coelho, organizadora do evento, lembra que “o relatório da Comissão Pastoral da Terra (2020) registrou 1.489 conflitos no campo em todo o Brasil, sendo que 56% desses conflitos concentraram-se na Amazônia, e 482 mulheres sofreram violência em conflitos no campo. Dos 28 assassinatos em decorrência dos conflitos agrários, 24 foram na Amazônia. No dia 26 de janeiro de 2021 foi brutalmente assassinado Fernando dos Santos Araújo, sobrevivente e principal testemunha do Massacre de Pau D’arco.” Para Alcidema Coelho, o maior legado da Dorothy é “a luta e a organização do povo em defesa da floresta e da Amazônia. Em tempos de sufocamento da Amazônia, o nosso oxigênio é a luta”.

Dorothy começou a atuar no Brasil em 1966, em Coroatá (MA)

Freira norte-americana naturalizada brasileira, Dorothy pertencia à congregação católica internacional Irmãs de Nossa Senhora de Namur, ao lado de mais de duas mil mulheres que realizam trabalho pastoral pelo mundo. Ela começou a atuar no Brasil em 1966, em Coroatá (MA). Em 1972, foi para a Amazônia e se instalou na Vila de Sucupira, berço da pequena cidade de Anapu (PA), inaugurada em 1972 para abrigar trabalhadores que construíam a rodovia Transamazônica (BR-230). 

Ela ajudou a fundar Escola Brasil Grande, primeira dedicada à formação de professores do município, em parceria com a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Uma de suas principais iniciativas - e a que mais incomodava os poderosos da área - foi o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança. Com área de 32 mil hectares e ligado ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a proposta tem como objetivo beneficiar 400 famílias ao reverter a lógica de desenvolvimento focado em crescimento econômico pela adoção de um modelo capaz de conciliar a atividade produtiva e o respeito ao ambiente.

Por quatro décadas de atuação, ela foi premiada, em 2004, pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Pará) pela luta em defesa dos direitos humanos. Aos 73 anos, Irmã Dorothy sofreu uma emboscada na estrada que leva ao lote 55 do PDS Esperança, onde se encontraria com técnicos do Incra para discutir detalhes do projeto. O crime foi encomendado por dois fazendeiros: Vitalmiro Bastos de Moura, o “Bida”, e Regivaldo Pereira Galvão, o “Taradão”, grileiros que brigavam por posse de terras pertencentes à União.

Ambos foram condenados a 30 anos de detenção. Bida está em prisão domiciliar desde 2015. Taradão foi preso somente em abril do ano passado, depois de aguardar a maior parte dos 14 anos em liberdade. O intermediário do assassinato,  Amair Feijoli da Cunha, o “Tato”, foi condenado a 18 anos de prisão – e, em 2010, passou a cumprir a pena em domicílio. O autor dos disparos, Rayfran das Neves Sales,  foi condenado a 27 anos. Em 2013, ele passou a cumprir prisão domiciliar e, em 2014, cometeu outro assassinato.  Seu comparsa, Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, teve pena de 17 anos e a cumpre em regime semiaberto.

Serviço:

As atividades ocorrem entre os próximos dias 10 e 12 de fevereiro. Transmissão pela página no Facebook do Comitê Dorothy, em rede com as páginas do facebook da Juventude Sem Terra, Jornal Resistência, Coletivo Tela Firme, CAC, MAM, Frente Feminista e Idade Mídia.

Programação Geral - “Amazônia: lugar de luta e utopia. 16 anos do Martírio de Dorothy Stang”

10 de fevereiro:

Cartas de Dorothy Stang. Durante o dia todo nas redes

11 de fevereiro:

Cartas para Anapu em solidariedade ao povo + vídeo. Durante o dia todo nas redes

12 de fevereiro (sexta-feira)

Ato inter-religioso

Às 19 horas (live)

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Pará
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