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Em 9 meses, Pará registra 272 internações por glaucoma

Doença é a causa mais comum da cegueira irreversível no mundo; “não tem cura, mas tem controle”, diz o Dr. Lauro Barata, mestre em Oftalmologia

Dilson Pimentel
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De janeiro até setembro deste ano, 272 pacientes foram internados com glaucoma, no Pará. Em 2022, foram 107 pessoas internadas. As informações foram divulgadas, nesta segunda-feira, e a pedido da Redação Integrada de O LIBERAL, pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará. A Sespa citou os dados do DataSUS (Ministério da Saúde) e do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).

Ainda segundo a Sespa, os usuários podem ter acesso aos serviços do estado, por meio de encaminhamento das unidades de saúde, acolhidos pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação Estadual (SER) e encaminhado para o serviço de referência para cada caso.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informou que, em Belém foram feitas, em 2022, 2.469 cirurgias de glaucoma, procedimento realizado em ambiente ambulatorial sem a necessidade de internação. Em 2023, de janeiro a setembro, já foram realizadas na rede municipal 1.833 cirurgias de glaucoma.

A Sesma informou ainda que estão disponíveis consultas, exames e procedimentos cirúrgicos na rede pública municipal. A população pode procurar atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), que fazem a triagem e encaminham os pacientes para a atenção especializada em oftalmologia do Sistema Único de Saúde (SUS).

E, entre os dias 7 e 15 de dezembro, quem for aos cinemas de 125 cidades do Brasil assistirá a filme de 29 segundos com alerta sobre os riscos do glaucoma, causa mais comum da cegueira irreversível no mundo. A campanha da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) quer mostrar a importância dos exames preventivos com oftalmologista. 

A ideia da campanha nos cinemas é mostrar o que pode se perder ao deixar a doença avançar. "Infelizmente, no glaucoma a perda de visão é definitiva. No cinema, que é uma arte tão querida por todos, onde vemos imagens belíssimas, o paciente com a visão ruim, não consegue aproveitar. Então quisemos chocar as pessoas. Quase 150 mil pessoas serão impactadas por essa ação e o objetivo é informar que existe essa doença e fazer com que as pessoas procurem o oftalmologista para iniciar o tratamento o mais cedo possível”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), Roberto Galvão Filho.

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image O tratamento do glaucoma é feito, principalmente, à base de colírios (Foto/ Freepik.com)

Muitas vezes, glaucoma não causa sintomas, alerta especialista

Em Belém, o professor doutor Lauro Barata, mestre em Oftalmologia, disse que o glaucoma nada mais é do que o aumento da pressão intraocular (a pressão de dentro do olho) com lesão direta do nervo óptico. Enquanto não tiver lesão no nervo ótico não pode ser denominado glaucoma - aí se dá o nome de hipertensão ocular. Ele tem vários fatores de risco, tais como idade acima de 40 anos, sexo feminino, raça negra e, logicamente, um fator importante de hereditariedade.

“O maior problema do glaucoma é que, muitas vezes, ele não causa sintomas. Então o fato de não causar sintomas, pode levar a essa lesão permanente, definitiva e irreversível do nervo óptico e vai perdendo pouco a pouco o campo de visão”, disse. “Então a pessoa começa a perder a parte de lateralidade, já que você perde campo visual”, afirmou.

Há uma gama muito grande de glaucoma, mas o glaucoma mais comumente encontrado, chamado glaucoma primário de ângulo aberto. “Ele é praticamente uma doença de saúde pública, devido não só trazer problema para o paciente, já que pode até mesmo impedir as suas atividades laborais, como também traz um agravo para a família, porque é uma pessoa que vai começar a depender exclusivamente, já que os danos provocados pelo glaucoma são irreversíveis quando não tratados”, completou.

E o tratamento, explicou, é feito principalmente à base de colírios. Esses colírios vão servir para baixar a pressão ocular. Há exames para detectar o glaucoma, como a tonometria (medição da pressão ocular), o campo visual, o mapeamento de retina, a retinografia – ou seja, é necessário a gente ter essa gama de exames para que possa ser confirmado o diagnóstico de glaucoma. Não é só pela alteração da pressão ocular, porque a pressão ocular pode estar elevada, mas, como eu já falei anteriormente, não tenha lesão direta no nervo ótico. “Como eu sempre digo, glaucoma não tem cura, mas tem controle”.

No ‘Bettina Ferro’ são feitos o diagnóstico e o acompanhamento do paciente

O 26 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, uma doença que não apresenta sintomas e causa cegueira irreversível, mas que pode ser prevenida por meio de exames e tratada a tempo se for diagnosticada por um especialista. Por isso, é tão importante ter uma data para conscientizar sobre este problema que atinge 900 mil pessoas por ano em todo o Brasil, de acordo com oftalmologistas que atuam nos hospitais universitários da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).  

O glaucoma, geralmente, está associado à pressão intraocular elevada, sendo que alguns fatores de risco são: pressão intraocular acima de 21 mmHg, idade a partir de 40 anos, raça negra, parentes de primeiro grau com a doença, diabetes mellitus, hipertensão arterial, obesidade, enxaqueca, uso crônico de corticoides, alta miopia e traumatismos oculares. 

No Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS), que faz parte do Complexo Universitário da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA) e é vinculado à rede Ebserh, são feitos o diagnóstico e o acompanhamento do paciente, que pode ser encaminhado para o programa de fornecimento de medicamentos, desde que chegue ao hospital regulados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

O oftalmologista Roberto Freitas de Castro Leão, que atua no HUBFS, explicou que o programa de dispensação de medicamentos é importante porque, como a doença não tem cura, mas tem controle, o paciente tem que fazer uso de colírios que, muitas vezes são caros. “No Bettina, a gente consegue fornecer toda classe de medicamentos para glaucoma, além de fazer todo o atendimento de média e alta complexidade, atendendo pacientes em casos mais complexos e com indicação de cirurgia por exemplo, ou acompanhando casos de glaucoma congênito”, explicou.  

 

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