Alzheimer: diagnóstico precoce serve para estabilizar a doença, alerta geriatra, em Belém

Confira o que se deve fazer para evitar a doença que aumenta com o avançar da idade

Eduardo Rocha
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Ter esquecimentos frequentes com relação a fatos recentes, a datas e compromissos funciona como um sinal de alerta para que a pessoa deva investigar se está em quadro inicial da Doença de Alzheimer, cuja prevenção e combate é tema da campanha Fevereiro Roxo, mobilizando profissionais de saúde, instituições, órgãos públicos e entidades. "Fazer o diagnóstico precoce é sempre melhor, porque a gente pode orientar melhor a família e iniciar um tratamento o quanto antes. O objetivo do tratamento precoce é estabilizar a doença", enfatiza o médico geriatra Karlo Moreira, em Belém (PA). Ele integra a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e também médico colaborador da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz).

A Doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, ou seja, ela se caracteriza por uma morte cerebral. Os neurônios vão morrendo gradativamente. Ela começa por uma região chamada hipocampo, que é uma região da memória, mas com o passar do tempo, vai acometendo outras áreas do cérebro. Essa enfermidade pode acontecer em em adultos jovens, mas a prevalência é maior após os 60 anos.

image Médico Karlo Moreira: diagnóstico precoce contra agravamento da Doença de Alzheimer (Foto: Arquivo Pessoal)

Atenção aos sintomas

Com o avançar da doença, os esquecimentos iniciais tornam-se mais frequentes e de forma mais intensa, a ponto de a pessoa ficar muito repetitiva. Podem, inclusive, envolver fatos mais tardios. Nesse processo, a atrofia acomete outras áreas, além do hipocampo, podendo, então, podem aparecer alterações e sintomas relacionados à linguagem, à fala, à coordenação, à habilidade motora, ao planejamento, ao julgamento social e ao comportamento também. O paciente pode mudar o seu comportamento. 

No começo, os esquecimentos podem ser considerados como algo normal. Isso porque  uma pessoa pode esquecer os óculos, uma chave, mas, depois, lembrar onde deixou esses objetos ou fazer uma busca mental de onde estava para encontrá-los. "As pessoas com Alzheimer, muitas vezes, quando esquecem alguma coisa não lembram que estavam procurando aquilo ou não lembram que estavam esquecendo. E costumam culpar outros. Então, quem roubou meus óculos? Quem pegou meu dinheiro? Esses esquecimentos vão se tornando cada vez mais intensos e frequentes. Não é algo esporádico, é algo rotineiro. É isso que chama mais a atenção das pessoas", observa Karlo Moreira.

Diagnóstico

Por meio de testes cognitivos, ressonância magnética e exames laboratoriais, e considerando os sintomas, é possível se idenficar se uma pessoa apresenta Alzheimer. A partir do diagnóstico precoce e identificada a doença, é adotada uma medicação para retardar a evolução da enfermidade ou até mesmo estabilizar por um tempo de três, quatro, cinco anos. Desse modo, se uma pessoa está em uma fase leve, ela poderá permanecer nesse quadro por cinco anos, com o devido tratamento. 

"Se eu começo o remédio numa fase de moderada grave, a expectativa é que daqui a cinco anos eu continue numa fase moderada grave. Então, quanto mais cedo começar o remédio, mais tempo o paciente vai ficar com sintomas leves", pontua o geriatra Karlo Moreira. 

Depois dessa estabilidade, a evolução da doença é mais lenta, com o tratamento. "Então, não tratar hoje não é uma opção, porque as pessoas quando fazem o diagnóstico numa fase leve e não iniciam o tratamento, elas vão chegar numa fase avançada aí em torno de 8 a 10 anos e vão vir a falecer de complicações da doença. Mas, se eu começo o tratamento, esses 8, 10 anos podem variar de 15 a 20 anos, dependendo de cada caso. Então, a gente aumenta a expectativa de vida desses pacientes quando começa com o tratamento precoce, apesar da doença ainda não ter um tratamento curativo", acrescenta o médico.

Nesse processo de combate à doença, são utilizados, muitas vezes, medicamentos antidepressivos e de outros tipos, de acordo com o quadro de cada paciente. Existem também tratamentos alternativos, como a musicoterapia, terapias cognitivas comportamentais, prática de exercícios físicos para fortalecer os músculos (atingidos também pela doença). Fundamental é o paciente ter um acompanhamento multiprofissional. O Alzheimer aumenta sua prevalência com o avançar da idade, de modo, então, que é crescente no mundo inteiro, por causa do aumento da expectativa de vida e dos recursos diagnósticos.

Tratamentos são realizados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Belém, eles podem ser encaminhados via Centro de Referência, Hospital de Clínicas, Hospital Ophir Loyola, Hospital Universitário João de Barros Barreto, Hospital do Cesupa, a Casa do Idoso, que são centros de distribuições de medicamentos de alto custo. Dentro desses medicamentos tem também remédios usados para doença de Alzheimer. O paciente precisa passar pela rede básica de saúde e ser referenciado para um desses centros de referência. 

Em tratamento

Corina Fernandes Luz Pinheiro tem 89 anos de idade e vai completar 90 anos em 14 de março próximo. Essa dona de casa e costureira nasceu em Bragança, município do nordeste do Pará. Ela mora com uma filha, Sabina Pinheiro, no conjunto Cidade Nova 6, em Ananindeua, na Grande Belém. Corina foi diagnosticada com Alzheimer em julho de 2019, logo depois de ter sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Em agosto do mesmo ano, ela iniciou o tratamento. Esse tratamento faz com que Corina leva uma vida mais confortável, com a doença em estado estável. Ela está sempre cercada pelos filhos, ao lado do marido Manoel Rodrigues Pinheiro, de 91 anos.

A família de Corina identificou que algo estava diferente com ela, quando a senhora passou a apresentar esquecimento de onde tinha colocado algum objeto e também não identificar o local onde se encontrava (querer ir para cas, quando estava em casa), entre outros sinais. Os familiares dela decidiram, então, encaminhá-la a um geriatra. E, então, dona Corina iniciou o tratamento do Alzheimer. "Esse diagnóstico rápido e o começo do tratamento foram decisivos para que ela hoje esteja bem, andando normalmente, dormindo bem, sabendo que tem a doença mas levando a vida junto com a gente, que sempre estamos junto a ela", afirma Sílvia Pinheiro. "O amor cura tudo", costuma dizer dona Corina acerca da vida e do tratamento contra o Alzheimer, como relata a filha Sílvia Pinheiro.

 


Confira o que fazer como prevenção à Doença de Alzheimer:

O estilo de vida é muito importante para prevenir o Alzheimer. Quanto mais cedo houver uma mudança de hábitos, mais fácil minimizar o problema. Algumas dicas:

– Estimular o cérebro: mantenha o cérebro ativo aprendendo algo novo: um idioma, um instrumento, palavras cruzadas, etc. A leitura também é um ótimo hábito para o cérebro reter informações, treinando várias funções;

– Exercitar-se: 30 minutos de atividade física de três a cinco vezes por semana. Para esta faixa etária recomenda-se a prática de natação, caminhada ou até mesmo subir escadas em vez de ir de elevador;

– Ter uma alimentação saudável e balanceada: vegetais, peixes e frutas têm ótimos nutrientes para o cérebro, assim como óleos vegetais ricos em Ômega 3;

– Controlar o diabetes e a pressão arterial: os dois problemas são comuns nesta faixa etária e podem aumentar o risco de Alzheimer e de outros tipos de demência em até 50%;

– Tomar sol ou suplementar com Vitamina D: um estudo publicado em agosto de 2.014 na revista Neurology apontou que as pessoas com idade avançada que não recebem quantidades suficientes de vitamina D correm mais riscos de apresentar demência.

Fonte: Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde

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