Revolução dos Cravos: 50 anos do movimento em Portugal é debatido em evento na UFPA

Com presença de autoridades portuguesas, o colóquio tratou sobre as conquistas democráticas e as atuais ameaças autoritárias que ainda existem nas sociedades

O Liberal
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Os 50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal foi celebrado em um evento realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA), nesta quinta-feira (4), no bairro do Guamá. O colóquio contou com a presença de representantes e estudiosos portugueses que palestraram sobre as conquistas democráticas obtidas por meio do movimento transformador e, ainda, os desafios que atualmente se apresentam como ameaças autoritárias às sociedades. A programação também homenageou a memória do professor Eduardo Lourenço, um intelectual português, filósofo, crítico e ensaísta literário, que morreu aos 97 anos, em 2020.

image Maria Fernanda Gonçalves Pinheiro, Emmanuel Zagury Tourinho e Luís Faro Ramos (Imagem: Ivan Duarte)

Para o Reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, o colóquio “Democracia Conquistada: 50 Anos da Revolução dos Cravos”, permite que a comunidade como um todo tenha sempre na memória um dos principais eventos históricos de Portugal, que também reflete as lutas vividas para a conquista de direitos populares não somente na europa como em outros países pelo mundo.

“É importante neste momento para este conhecimento da história e a reflexão sobre os desafios que temos hoje, não apenas para manter a democracia nos nossos países, mas para aprofundar a nossa cultura democrática, tanto em Portugal como no Brasil. A UFPA mantém um acordo de cooperação com o Instituto Camões de Portugal, por meio do qual nós mantemos a cátedra de estudos luso-brasileira ‘João Lúcio de Azevedo’, onde é realizado regularmente atividades artísticas, culturais, acadêmicas, científicas, em particular em temáticas que dizem respeito às relações entre brasileiros e portugueses. E mais especificamente, sobre a presença de portugueses da Amazônia”, afirma.

image Emmanuel Zagury Tourinho - Reitor da UFPA (Imagem: Ivan Duarte / O Liberal)

A Revolução dos Cravos marcou o fim de uma ditadura que se estendeu por mais de quarenta anos em Portugal, encerrada com a deposição do então presidente Marcello Caetano, no dia 25 de abril de 1974. Segundo o embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, que esteve na mesa de abertura do evento, a realização do colóquio significa mais uma vez soltar um ‘grito de liberdade’, pois essa revolução precisa sempre ser destacada pela sociedade.

“Há 50 anos atrás Portugal acordou diferente, em liberdade. É muito importante que falemos hoje da importância que é, sobretudo para um jovem, viver livre. Sem saber o que é o medo, sem poder expressar-se, não poder falar à vontade daquilo que são as suas ideias, pois as ditaduras, como nós sabemos, são muito castradoras. Então no colóquio há conferencistas que vão explicar a importância da democracia, da liberdade e a importância de nós combatermos fenómenos totalitaristas e reacionários. E isso é muito atual.  Não é pelo fato de nós termos liberdade que nós podemos pensar que isso é adquirido para sempre, porque não é. Então acho que esse é o propósito mais importante das conferências”, assegura.

image Luís Faro Ramos - Embaixador de Portugal no Brasil (Imagem: Ivan Duarte / O Liberal)

Maria Fernanda Gonçalves Pinheiro, vice-Cônsul de Portugal em Belém, também esteve na sessão de abertura do evento. Ela destaca que o evento atua como uma maneira de buscar em conjunto um caminho para se manter a democracia conquistada durante a Revolução dos Cravos.

“Aqui partilhamos de uma forma a nível intelectual e académico. Hoje, em conjunto com a Universidade, o Vice-Consulado e a Comunidade Portuguesa, o Conselho da Comunidade Portuguesa, festejamos e também nos preparamos para os caminhos que vêm a seguir. A democracia constrói-se dia a dia, não se conquista só e se mantém. Tem que se construir e tem que se lutar por ela. Por isso, eu acho que é muito importante esta partilha aqui com os brasileiros, com a Comunidade Acadêmica Brasileira, dessa nossa caminhada para a democracia”, ressalta.

image Maria Fernanda Gonçalves Pinheiro, vice-Cônsul de Portugal em Belém (Ivan Duarte / O Liberal)

Durante todo o dia irão ocorrer três palestras que fazem parte da programação do Colóquio, iniciando com a de José Antônio Pinto Ribeiro, que falará sobre “O 25 de Abril em 1974 e em 2024, sem Trompetes nem Trombones“. 

“Vou tratar sobre todos os passos que levaram até a conquista dessa democracia, por meio da Revolução dos Cravos. É importante explicar como as colônias e demais povos foram influentes também para a conquista dos direitos que fossem realmente justo a todos. Foi um processo longo e é importante dar esse destaque a ele”, diz o Ex-Ministro da Cultura de Portugal e fundador e presidente do Fórum Justiça e Liberdades.

image José Antônio Pinto Ribeiro - Ex-Ministro da Cultura de Portugal e fundador e presidente do Fórum Justiça e Liberdades (Imagem: Ivan Duarte)

Além dessa palestra, ainda ocorreu a conferência da jornalista Anabela Mota Ribeiro, que tratou sobre a temática “Como casa limpa / Como chão varrido / Como porta aberta: os habitantes de uma casa chamada Liberdade”. E para encerrar a programação, Renato Janine Ribeiro tratou sobre “A conquista da democracia em Portugal e no Brasil”.

image  (Imagem: Ivan Duarte)
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