CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

OMS aponta origem animal para vírus na China; EUA e 13 países criticam relatório

Diretor-geral da OMS pediu nova investigação e acusou o governo chinês de falta de transparência e de limitar o acesso dos investigadores

Agência Estado

A missão conjunta da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da China para investigar as origens da covid-19 indicou que o coronavírus provavelmente foi transmitido de morcegos para humanos por meio de um outro animal. O relatório divulgado ontem dá as primeiras respostas sobre o início da pandemia, questão que continua a provocar tensão entre Pequim e Ocidente.

Composta por 17 especialistas internacionais e 17 chineses, a missão crê que o vírus tenha pulado de um morcego para um animal intermediário - e então para os humanos. Vírus similares, afirmaram, foram encontrados em pangolins. Mas entre os suspeitos de serem intermediários também estão o gato, o coelho, o visom, e o furão-texugo.

A transmissão do vírus através um animal intermediário é considerada "de possível a provável" pelos especialistas, que também não descartam a hipótese de transmissão por carne congelada - defendida por Pequim -, considerando esse cenário "possível".

O relatório recomenda a continuação dos estudos, mas deixa de lado a possibilidade de transmissão para humanos durante um acidente de laboratório. Apesar do relatório, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, acusado de ser complacente com Pequim, pediu ontem uma nova investigação sobre a hipótese de fuga do vírus de um laboratório na China e acusou o governo chinês de falta de transparência e de limitar o acesso dos investigadores.

Os EUA e 13 aliados - entre eles Reino Unido, Canadá, Austrália, Japão e Coreia do Sul - expressaram ontem preocupação com o relatório e pediram que a China dê "acesso total" aos especialistas. Em nota, eles indicaram que a missão da OMS "foi prejudicada e não teve acesso a dados e amostras originais e completos".

"É essencial que especialistas independentes tenham acesso total a todas as pessoas, animais e dados ambientais, pesquisas e pessoal envolvido nos estágios iniciais do surto, que são relevantes para determinar como esta pandemia surgiu", acrescenta o comunicado, sem criticar explicitamente a China.

O governo de Donald Trump chegou a iniciar o processo para sair do órgão da OMS, acusada de era pró-Pequim, medida revertida pelo presidente Joe Biden já no dia da sua posse. A demanda por uma investigação independente sobre a origem do vírus foi fortemente impulsionada pelos americanos.

Críticos acusam a China de manipular o relatório, indicando que vários dos cientistas chineses responsáveis pela coleta dos dados, posteriormente analisados pela missão da OMS, têm ligação com o governo. A divulgação do documento atrasou em razão das negociações com o governo chinês que, por meses, criou obstáculos para que a missão internacional chegasse a Wuhan, cidade onde surgiram os primeiros casos de covid-19.

Em entrevista recente à

, o secretário de Estado de Biden, Antony Blinken, disse ter preocupações reais com a metodologia e com o processo aplicados no relatório da OMS, incluindo o fato de que Pequim, aparentemente, ajudou a escrevê-lo.

O Ministério das Relações Exteriores chinês publicou uma declaração em seu site destacando a cooperação da China com a OMS e assegurando que Pequim "ofereceu a facilitação necessária para o trabalho da equipe, demonstrando plenamente sua abertura, transparência e atitude responsável".

Investigações. A equipe da OMS passou 27 dias em Wuhan, no início do ano, e as descobertas vêm à tona quase 14 meses depois do primeiro caso. Desde então, a pandemia já infectou quase 128 milhões de pessoas e matou 2,7 milhões. Apesar das vacinas desenvolvidas em tempo recorde, têm surgido variantes mais contagiosas.

A análise sobre a origem da pandemia não traz grandes surpresas e recomenda estudos mais aprofundados sobre várias teorias. A única exceção é a hipótese de que o patógeno teria escapado do Instituto de Virologia de Wuhan - tese promovida sem qualquer embasamento por Trump.

A missão de especialistas considerou que é "possível", mas "extremamente improvável" que isso tenha acontecido. Incidentes deste tipo, ressalta o documento, são raros e nem há registros de patógenos próximos ao coronavírus em laboratórios de Wuhan antes de dezembro de 2019.

A missão da OMS nunca teve por finalidade identificar exatamente a origem do vírus, já que isso costuma levar anos. Até hoje, por exemplo, não se pode afirmar com precisão qual espécie de morcego é responsável pelo ebola, estudado há 40 anos. Mas se sabe que o patógeno mais próximo do Sars-CoV-2 de que se tem conhecimento foi encontrado em morcegos.

Segundo o relatório, também não está claro se o mercado central de Huanan foi o marco zero do coronavírus ou apenas o lugar onde ele começou a circular em maior escala. O local, onde os primeiros infectados frequentavam ou trabalhavam, vendia carnes exóticas e animais vivos.

Além disso, o documento lista uma possível, mas "improvável", cadeia de transmissão entre animais e humanos por meio de carnes congeladas. Essa possibilidade havia sido descartada pela OMS, mas há vozes influentes na China que defendem que o vírus chegou a Wuhan por meio de embalagens contaminadas. A inclusão da hipótese aumentou ainda mais o ceticismo sobre o relatório, já alvo de críticas antes mesmo de os especialistas desembarcarem em Wuhan. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱

Palavras-chave

Mundo
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM MUNDO

MAIS LIDAS EM MUNDO