CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Pará: com escola em reforma há oito anos, alunos estão com o ensino prejudicado em Colares

Pelos relatos, alguns estudantes teriam desistido de frequentar as aulas

Carolina Mota
fonte

O tempo que a construção de uma nova sede para os alunos da EEEFM Luciola Brasil  tem levado para ser entregue — cerca de oito anos — está prejudicando o desempenho dos alunos matriculados na instituição. A escola é a única que leciona o ensino médio nas proximidades, localizada na rua da Republica, Meio Rural Fazenda, no município de Colares, nordeste do Pará. Em denúncias feitas à equipe do Eu Repórter, o prédio antigo foi condenado pelo Corpo de Bombeiros local por conta da falta de estrutura para abrigar os alunos, professores e funcionários.

Após o prédio ser condenado, a comunidade foi remanejada para o prédio da Escola Estadual Governador José Malcher, localizada a cerca de 15km em comparação ao antigo prédio. Para chegar ao novo endereço, estudantes e professores passaram a enfrentar dificuldades.

VEJA MAIS

image Escola do bairro do Marco está sem merenda escolar; distribuição já foi normalizada, diz Seduc
Problema estaria ocorrendo há quase três meses, dificultando o desempenho dos alunos em sala de aula


image Escola Municipal de Salvaterra passa por problemas estruturais, diz denúncia
Em nota, a Prefeitura de Salvaterra alega que o local recebeu reformas e reparos recentes

Um professor da instituição conta, de forma anônima, que foi disponibilizado um ônibus escolar que levaria os estudantes até a nova sede. No entanto, nem todos os dias o veículo faz a viagem e os motivos são diversos. Assim, os alunos precisam tirar do próprio bolso o custeio de passagens, condições que nem todos os matriculados possuem. "Hoje, por exemplo, não teve aula porque nenhum aluno conseguiu chegar à escola, pois o ônibus não fez o trajeto por falta de repasse financeiro. Há dias em que dois ou três alunos chegam pra assistir aulas, mas precisam pagar R$20, que é o valor da passagem de ida e volta", disse o professor.

O docente afirma que, com a demora na entrega do novo prédio e com a dificuldade para chegar à sede provisória, moradores e familiares dos alunos passaram a realizar uma reforma, por conta própria, do prédio condenado pelos bombeiros para tentar resolver a questão, que, segundo eles, é vista com descaso por parte do poder público. "Mas como voltar para um prédio que corre o risco de desabar?", questiona.

Em outro relato anônimo, uma pesquisadora que realiza trabalhos na sede antiga da escola conta que muitos alunos, de crianças a adolescentes, desistiram de frequentar as aulas devido à falta de condições. "A minha avó desistiu de estudar por falta de escola. Hoje ela está com 85 anos e esse problema persiste. Crianças e adolescentes crescem em famílias envolvidas com agricultura, onde há uma cultura que coloca o trabalho acima do estudo. Então, se esbarram com essas dificuldades, a tendência é largar a sala de aula e passar a trabalhar. Essa situação dificulta o direito básico, que é o acesso à educação", diz.

A pesquisadora afirma que são essas problemáticas que estão presentes na vida de quem vive nos municípios mais distantes, que contribuem para o baixo índice de pessoas alfabetizadas. "Pela minha pesquisa, pelo menos 60% dos agricultores não completaram o ensino fundamental básico e isso distancia esses trabalhadores dos seus direitos. Se querem educação, precisam sair de suas terras", afirma.

Tanto o professor quanto a pesquisadora afirmaram que alguns alunos do último ano do ensino médio, que estavam se preparando para prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), desistiram de fazer o teste e passaram a cuidar de tarefas fora das salas de aula.

A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informou, por meio de nota, que os reparos emergenciais na unidade já constam no cronograma de obras da Secretaria, e que os alunos foram encaminhados para outra escola, onde recebem as atividades pedagógicas. "Em relação ao transporte escolar, a Seduc esclarece que a situação será normalizada em breve, devido a revisão de contrato", comunicou. 

O projeto Eu Repórter é uma iniciativa do Grupo Liberal, que busca reforçar a proximidade com os leitores e internautas, incentivando ainda mais o jornalismo colaborativo. Para participar das reportagens e conteúdos, compartilhando histórias, denúncias e sugestões de matérias com a redação de O Liberal, basta acessar o site eureporter.grupoliberal.com ou enviar suas informações para o Whatsapp (91) 98565-7449, onde será iniciada uma conversa diretamente com repórteres da redação. A denúncia pode ser feita de forma anônima.

(Carolina Mota, estagiária sob supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades de O Liberal)

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Eu Repórter
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS NOTICIAS EUREPORTER