Álcool na gasolina: entenda o que mais pesa no bolso dos consumidores

Gasolina no Brasil tem 27% de etanol. Entressafra da cana de açúcar pode fazer preço disparar.

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A revenda de combustíveis, diferente de outros setores, é sempre provocada pela sociedade a explicar o preço dos produtos. Sua relevância é só parte do motivo. A principal razão é o efeito visual: o preço dos combustíveis está exposto em letras garrafais na entrada dos estabelecimentos.

Por isso, surgem questionamentos quando há anúncio de oscilação no preço. Felizmente, superamos o famigerado tabelamento de preços e margens dos anos 90, quando eram controlados pelo Estado. Porém, o setor ainda sofre pressão social e governamental a cada alteração. Mas só quem precisa responder são os postos de combustíveis, aqueles que têm o preço na porta.

A última mudança relevante foi do ICMS, cuja alíquota subiu R$ 0,15 na gasolina. Porém, muitos não compreenderam o real significado da alteração, acreditando que a gasolina teria aumento fixo. A imprensa noticiou que os postos “aproveitaram o reajuste provocado pela volta do ICMS para faturar um pouco mais”, sem compreender o mercado e a composição da gasolina.

A alteração mudou apenas a arrecadação do Estado, que acresceu R$ 0,15 por litro. Não se discute aqui a correção do aumento, o que importa é saber que o ICMS é apenas um dos inúmeros custos da gasolina e não foi o maior responsável pelo aumento recente de preços.

Afinal, o que fez o preço da gasolina subir mais do que os R$ 0,15 do ICMS, em alguns casos? A resposta será diferente sempre que a pergunta for feita, mas agora, em fevereiro de 2024, é simples: por causa do etanol.

Por lei, a gasolina no Brasil tem 27% de etanol anidro. O motivo é um tanto obscuro. Fato é que é ruim para os consumidores: danifica motores e reflete no preço. Apesar de ser mais barato que a gasolina pura, a flutuação do álcool é mais constante. Ele depende da cana de açúcar para ser produzido e as variações no custo da matéria prima impactam no preço final, e muito.

No Brasil, há um período em que a oferta de cana de açúcar diminui. É a chamada “entressafra”, que vai de dezembro a abril. Neste período, produzimos menos cana de açúcar e o preço do etanol aumenta. Às vezes a demanda interna supera a oferta, impactando no preço. Além disso, na entressafra grande parte da cana é direcionada à produção de açúcar refinado para exportação. O adoçante gera mais rentabilidade às usinas, que direcionam o esforço para produzi-lo. Isso é majorado com a alta do dólar, pois o lucro é maior.

Ou seja, na entressafra o preço do etanol aumenta. Consequentemente, o da gasolina sente o reflexo na proporção de 27%. Segundo dados da ESALQ/USP, de janeiro até agora o etanol anidro sofreu aumento de quase 20%. Foi de R$ 2,0557 para R$ 2,4467. Em tese, apenas este fator corresponderia a cerca de R$ 0,10 a mais na gasolina, sem considerar os outros custos. Este aumento foi anormal. Na entressafra de 2022/2023 a majoração foi cerca de 8% apenas.

É importante conhecer estes números para evitar preconceito com o setor. O aumento no etanol em 2024 teve quase o mesmo impacto da majoração de ICMS, mas ninguém dá atenção, pois está escondido na infinidade de custos.

Haveria solução para períodos de entressafra? Sempre há. A lei que exige percentual de álcool na gasolina permite que seja reduzido a até 18% pelo Poder Executivo. A razão para não o fazer durante a entressafra já é outro assunto, bem mais polêmico.

 

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