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Técnico do Santa Rosa avalia título mundial de futsal conquistado na Sérvia: ‘encantamos o mundo’

Ignácio Neto contou como foi a adaptação dos garotos à cultura europeia e fez um prognóstico dos próximos compromissos da equipe na próxima temporada.

Caio Maia
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Missão cumprida. É com esse sentimento que o técnico Ignácio Neto chegou a Belém nesta quinta-feira (19), após ter conquistado o título mundial de futsal escolar com o colégio Santa Rosa, de Belém. Na Sérvia, ele comandou uma geração de ouro do futsal do estado. Depois de vencer o Campeonato Brasileiro da modalidade no ano passado, o Santa Rosa, representando o Brasil, venceu o torneio de seleções nacionais com goleada em todos os jogos. Com a honra máxima, Ignácio entende que esse é o momento de "passar o bastão".

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"Eu estou fazendo a transição para o campo. Tenho auxiliares preparados no Santa Rosa para fazer essa transição no futuro. Tô feliz na Tuna e a tendência é que, como no futsal já conquistamos tudo, deixar esse legado com outras pessoas. Me sinto preparado pra dar esse novo passo, vou começar os cursos da CBF e, em cima disso, fazer uma grande campanha no Parazão Sub-20 com a Tuna. Fui chamado pra lá pra isso, pra organizar a base e criar uma nova formatação de atletas. A ideia é que a Tuna tenha, já no Parazão profissional, vários jogadores bons do sub-20 no elenco. Ao lado disso, dos bons resultados, quero tentar migrar para o profissional assim que tiver uma oportunidade", disse o treinador.

image Santa Rosa conquista mundial de futsal escolar (Divulgação/ Santa Rosa)

Em uma longa conversa com o Núcleo de Esportes de O Liberal, Ignácio contou como foi a trajetória do Santa Rosa até o maior título do futsal escolar no mundo. Citou a falta de apoio da modalidade em Belém, contou como foi a adaptação dos garotos à cultura europeia e fez um prognóstico dos próximos compromissos da equipe na próxima temporada.

O Liberal: Como foi a preparação pro campeonato? Imagino que muitos garotos não tinham saido do país. Como foi se adaptar aos novos costumes, a rotina de treinamentos...?

Ignácio Neto: No ano passado nós ganhamos o Brasileiro de futsal escolar. A partir daquele momento começamos a preparação para o torneio e fizemos uma periodização de treinos pro mundial da Sérvia. Quando embarcamos sentimos a questão do fuso horário. Chegamos em Belgrado com cinco horas a mais em relação a Belém e muitos meninos tiveram dificuldades pra dormir. Além disso, a alimentação na Sérvia é muito diferente da nossa, desde como os alimentos são cozidos até nos ingredientes. Não tem feijão lá, por exemplo, e tem salada no café da manhã. Apesar disso, a competição é muito organizada. Você tinha um dia de adaptação, um segundo dia de treino e apenas do terceiro que fomos competir.

OL: O Santa Rosa se destacou por goleadas em todos os jogos. A campanha, inclusive, foi mais tranquila que a do Brasileirão, que ocorreu ano passado. A que se deve isso? Mais preparação do time do Pará ou nível técnico mais baixo?

IN: O nosso futsal encantou o muito. Era muito bonito e ofensivo. Isso mostra o trabalho a longo prazo que fizemos. As equipes do Santa Rosa são preparadas em casa, com alunos realmente estudantes do colégio. Hoje, chegamos a uma marca impressionante: não perdemos pra ninguém há dois anos. Somente neste mundial, fizemos 54 gols e sofremos apenas oito. Todas as noites tínhamos nosso momento de fé, de oração, até porque viemos de uma escola católica. Mas também os garotos tinham o momento de descontração, de resenha. Todas as outras delegações eram ficaram amigas dos meninos, porque eles são muito brincalhões. O título, claro, é consequência de um bom trabalho, mas o mais importante foi dar oportunidade a esses garotos de fazerem novas amizades, conhecerem novos povos. De todo o nosso elenco, apenas um jogador tinha saído do país e dois não tinham nem viajado de avião.

image Santa Rosa representa o Brasil no mundial escolar, na Sérvia (Ca)

OL: O Santa Rosa tem um projeto social interessante para a capacitação de novos jogadores. Como funciona?

IN: O Santa Rosa não tem bolsa-atleta. Lá somos uma instituição filantrópica. Se existe um aluno carente e que tem um certo talento para o esporte, ele pode participar das nossas equipes. Mas é importante destacar que esses alunos que vem de outras escolas fazem parte de um processo de filantropia. O treinamento é desenvolvido na própria escola e não temos parceria com nenhum clube. Claro que existem casos de jogadores que atuam conosco, mas também jogam no Remo, na Tuna, no Paysandu... Mas isso é indiferente da condição dele na escola. Nosso conceito de jogo é todo desenvolvido na escola.

OL: Imagino que um time que conquiste o campeonato mundial deva ter uma boa estrutura de preparação e treinos. O colégio fornece tudo ou há algum parceiro? O que precisa melhorar?

IN: A maioria das seções de treino são feitas na escola, porque temos um bom ginásio. Mas, às vezes, precisamos de quadras maiores, de dimensões oficiais, e treinamos no Gentil Bittencourt, uma escola irmã, que faz parte da mesma congregação religiosa. O que eu tenho observado é que as equipes ao redor do mundo tem parcerias com governos e prefeituras. No Pará, para continuarmos no topo, precisamos acordar pra isso, caso não vamos ficar pra trás. Outros estados têm a capacidade de levar alunos para onde eles quiserem. Alguns governos estaduais custeiam a saída de um atleta de um local para outro apenas para ele jogar por aquela escola. Isso aconteceu com o time de Tocantins, que chegou na final do mundial feminino. Eles olham atletas do mundo todo para formarem um time.

OL: Qual a premiação do torneio. Os atletas serão recompensados de alguma forma?

IN: Tem premiação, mas não em dinheiro. O colégio ganhou certificação internacional, a nível acadêmico. Isso ajuda, inclusive, os alunos campeões a estudarem fora do país, caso queiram no futuro. Além disso, os meninos vão poder pleitear uma vaga no bolsa-atleta, do Governo Federal, que pode liberar um auxílio de até um salário-mínimo.

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OL: De que forma você acredita que esse título possa melhorar a carreira desses jovens, tanto no ponto de vista educacional quanto esportivo.

IN: Os meninos viram outro mundo. Conheceram uma capital europeia, uma cidade limpa, organizada, onde todo mundo falava inglês. No hotel eles eram a sensação, porque o Brasil é a sensação, seja pela mística do 'país do futebol' e também pelo fato do país já ser tetracampeão do mundial escolar. Fizemos amizades com franceses, belgas... Quem não sabia inglês conseguiu aprender coisas, desenrolou algumas conversas e isso é formidável pra eles. O importante é que o mundo todo nos viu pela internet e isso deixou os jogadores em destaque. Existem meninos que receberam proposta de Portugal, de outros times de futebol de campo do Brasil. Isso pode mudar a vida esportiva, daqueles que vingarem no futebol, mas traz uma experiência cultural única para a vida toda.

OL: Qual o peso desse titulo pro futsal paraense, mesmo que seja um título escolar?

IN: Todo mundo se voltou pra gente. Desde o Brasileiro do ano passado, todos olharam mais pra gente. Quatro atletas do ano passado eu 'perdi' pra grandes equipes de outros estados, mas fizemos uma boa renovação de elenco. O que tem que mudar é o olhar para os atletas e treinadores. Perdemos atletas por falta de estrutura de base. Mesmo perdendo tudo isso de atleta, estamos ganhando competições, pra se ter noção da potência que o Pará tem. Nosso objetivo é que as pessoas olhem com carinho pro nosso esporte.

OL: Qual o cronograma de competições do Santa Rosa para o futuro? O que esperar pros próximos anos?

IN: Ano que vem tem o mundial de campo na China. Campo: estadual esse ano, nacional ano que vem, mundial China. Sub-14: JEBs esse ano em Brasília e ano que vem o sul-americano sub-15. Sub-17: Campeonato Paraense esse ano, quem vencer vai disputar o brasileirão ano que vem (CBFS). Mundial só em 2025.

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