Atravessando gerações, Basquete em Cadeira de Rodas luta pela formação de atletas e cidadãos

Sob o comando do veterano treinador Wilson Caju, o esporte paralímpico é um dos maiores vitoriosos do estado, mas ainda carece de apoio

Luiz Guilherme Ramos
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O basquete em cadeira de rodas é um dos esportes mais consagrados do quadro paraense. Os títulos são numerosos e os talentos se renovam constantemente. Por trás de todo o sucesso existe um nome que há mais de meio século se dedica ao comando técnico, que além de preparar atletas, forma cidadãos e contribui para a mudança de vida de quem perdeu os movimentos dos membros inferiores ou já nasceu sem eles. 

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Assim, Wilson Caju segue como um dos maiores expoentes do esporte paraense. Com 67 anos de idade e 53 de carreira, o veterano segue firme na missão de descobrir talentos e conquistar troféus, tanto pelo All Star Rodas, quanto pela seleção brasileira, na qual foi treinador por vários anos, Nesta entrevista ping-pong, o desportista falou sobre o basquete, a carreira e o cenário promissor que o Pará mantém firme ao longo dos últimos anos, mesmo com as dificuldades financeiras.  

Quantos anos de basquete?

Eu comecei com 14 anos, no infantil do Clube do Remo. Com 17 virei professor da escolinha do Remo e segui minha vida de técnico nas categorias de base, adulto do Remo, Tuna. Fui técnico das seleções universitárias. São cerca de 53 anos no basquete.

De onde veio a influência?

Eu devo muito ao professor Demóstenes Dias, o professor Zamba. Quando eu tinha 16 anos ele conversou comigo e me inspirou a fazer Educação Física. Disse que eu teria uma vida promissora no basquete. Estive uma época no Paysandu, com o professor Ceará. Tive também a oportunidade de ser atleta do professor Beto Gaúcho. Três escolas diferentes que me ajudaram a me formar no esporte.

De onde surgiu o trabalho com atletas em cadeira de rodas?

veio após um convite do departamento de educação física. Como eu era técnico, me chamaram para desenvolver o trabalho com cadeira de rodas. De início eu confesso que não me empolguei, porque as dificuldades eram grandes. As cadeiras de rodas eram adaptadas com rodas de carrinho de supermercado. Depois que sofri um acidente e precisei da cadeira de rodas, eu comecei a ver, me identificar e adaptar o esporte.

O que há de mais especial com os atletas em cadeira de rodas?

É você mostrar pra eles que existe vida após uma sequela ou para quem já nasceu assim. Eles acreditam no trabalho, se você mostrar carinho, amor e respeito. É impressionante como eles te valorizam e te fazem crescer para melhorar. Esse é o diferencial deles. 

Quantas gerações já passaram por você?

Várias. Temos ex-atletas que chegaram a presidente da Confederação. Alguns têm vida profissional fora do estado bem sucedidas. Já passaram umas três gerações muito boas. 

O Pará vive seu melhor momento no esporte?

O Pará é um celeiro em todas as modalidades paralímpicas. O basquete do All Star Rodas já teve muitos momentos bons. Hoje temos atletas de ponta em todas as categorias, que foram convocados para a Seleção Brasileira. Tivemos cinco atletas escolhidos como melhores atletas do Brasil em cadeira de rodas. Várias premiações nacionais e locais. É uma safra que se renova, conforme você vê que alguns atletas chegam ao seu limite. Mesmo assim eles não são abandonados, eles servem de multiplicadores.

Quais os momentos mais impactantes que você lembra na carreira?

O Parapan de 2007, no Rio, foi muito especial. Você vê a torcida gritar o nome dos atletas, o meu nome. Outro Parapan foi no México, onde ganhamos nossa primeira medalha de bronze. Também estivemos no Canadá, no Visa Cup, que tive o prazer de comandar a Seleção Brasileira, com cerca de 10 atletas do All Star Rodas. No brasileiro, em 22 edições fomos campeões 19 vezes.

São anos de trabalho, mas você ainda vê falta de incentivo do poder público e privado?

Principalmente na nossa região. Vivemos uma grande dificuldade. Não temos um ginásio bom para treinar. Os ônibus muitas vezes não param para o atleta embarcar e ir treinar. Eu não posso reclamar, porque tenho o Banco da Amazônia como patrocínio desde 2002. O principal são os órgãos públicos, que temos que mendigar as coisas para ganhar algo, mesmo levando o nome do Pará. Eu agradeço todo mundo que apoia, mas se uma empresa tivesse interesse em patrocinar o esporte paralímpico, seria muito bom, pois temos potencial.

Hoje o Pará ocupa lugar de destaque no basquete em cadeira de rodas?

Hoje o Pará é uma referência tanto no masculino, quanto no feminino. Na Seleção Brasileira sempre tem atletas do Pará. Eu mesmo fui técnico da seleção por 15 anos. Fui técnico do sub-20, sub-23, adulto. 

Seleção Brasileira

Hoje temos seis atletas na seleção feminina. Em novembro vai haver um Parapan-Americano no Chile, valendo vaga para os Jogos Olímpicos de Paris. Isso vai enaltecer ainda mais as nossas atletas. Procuramos colocar atletas na seleção, porque o All Star Rodas não é um projeto assistencialista, é de formação de atletas. 

Próximos passos do basquete em cadeira de rodas na temporada

Vamos ter agora em agosto o brasileiro feminino, em São Paulo. Em setembro teremos a segunda divisão masculina, onde tenho uma equipe, e em outubro temos o brasileiro da primeira divisão, onde também tenho uma equipe. Nesses períodos haverá treino da seleção brasileira, onde teremos atletas. Em novembro temos o Parapan no chile e em dezembro o brasileiro sub-243, onde devo levar outra equipe. 

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