Com mais equipes, Gavião Kyikatejê quer ampliar representatividade indígena no futebol do Pará

No Dia dos Povos Indígenas, presidente do clube, Zeca Gavião, diz que luta para inscrever times masculino, feminino e de base no calendário da FPF em 2024.

Caio Maia
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Pioneirismo e representatividade. Talvez essas sejam as melhores palavras para traduzir a importância do Gavião Kyikatejê, primeiro clube de futebol formado por indígenas a chegar à divisão de elite de um torneio estadual. A equipe, sediada em Bom Jesus do Tocantins, município do sudeste do Pará, está longe da Primeira Divisão do Parazão desde 2021, mas segue sendo exemplo de luta e resistência dos povos originários do Brasil.

Em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, comemorado no Brasil no dia 19 de abril, o Núcleo de Esportes de O Liberal conversou com Jakure Pepkrakte, mais conhecido como "Zeca Gavião", presidente do clube. Na entrevista, o mandatário da equipe disse que o Kyikatejê ainda tem como prioridade o futebol profissional masculino. No entanto, a visibilidade adquirida nos últimos anos fez com que a equipe expandisse, criando times nas categorias de base e no futebol feminino.

"A gente está se preparando pro campeonato da Segunda Divisão deste ano. Além disso, estamos Copa Pará Sub-20, onde ganhamos dois jogos, empatamos um e perdemos outro. No feminino é mais complicado, porque é difícil juntar as meninas. Elas têm dificuldade de jogar porque a maioria delas é mãe e não temos uma categoria de base do futebol feminino. A maioria vem mesmo jogar por amor ao esporte. Apesar disso, estamos trabalhando para criar um time feminino para jogar o Campeonato Paraense", explicou.

O amor ao esporte, citado por Zeca Gavião, parece ser uma das poucas coisas que incentivam o clube para a permanência no profissionalismo. Segundo ele, o Kyikatejê sofre com várias dificuldades em relação à logística em épocas de competições.

"A mesma dificuldade de um clube pequeno do interior, ainda mais sendo um clube indígena. Não temos apoio nenhum. A gente dá o nosso jeito aqui de bancar alimentação e estadia dos atletas. Agora no Sub-20, a maioria já transfere a escolaridade para dentro da comunidade, alguns não indígenas. Eles já estudam aqui, ficam por aqui mesmo, porque alguns que a gente percebe que vai dar certo para o profissional. Mas as dificuldades são grandes, muito grandes para nós, tudo é complicado para o indígena. Aí fica ruim para conseguir patrocínio, tudo a gente não tem", lamentou.

As categorias de base, entretanto, parece ser a grande garantia de futuro da equipe. Segundo Zeca Gavião, os times não-profissionais tem desempenhado boas campanhas em torneios juvenis. O desempenho só não é melhor, de acordo com o presidente, devido ao número reduzido de potenciais atletas na comunidade.

"Na nossa base está funcionando agora só o Sub-20 e estamos aguardando o campeonato Sub-17. A categoria de base menor a gente ainda não está trabalhando. Pra eles, o foco é no colégio mesmo, nas aulas de educação física. A gente até trabalhou um ano passado com a categoria de base dentro da nossa comunidade, só que a nossa aldeia não tem um contingente muito grande de atletas. Nisso, outras aldeias vinham trazer seus filhos, só que as coisas começaram a apertar e eles foram desistindo. Ficomos com poucos atletas e demos uma pausa nas categorias de base de 17 anos para baixo", contou.

História

image Atacante Aru na estreia do Gavião Kyikatejê na elite do futebol paraense em 2014 (Ricardo Lima / Futura Press)

Fundada na década de 1980, o Gavião era uma equipe tradicional do futebol amador do sudeste do Pará, tendo disputado cinco finais do campeonato marabaense, ganhando três destas. Com os bons resultados na liga municipal, o povo Gavião decidiu profissionalizar o time em 2009 junto a Federação Paraense, adotando o nome de Gavião Kyikatejê.

Em 2013 o time alcançou ótimos resultados: primeiro na Segunda Divisão, onde terminou em 2º colocado avançando para divisão de acesso; e na Seletiva do Parazão, desqualificando equipes tradicionais do estado, e avançando a elite estadual em 2014.

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