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Tradição e sabor: Os carrinhos de lanches de Belém resistem e prosperam

Em meio ao sucesso crescente também das hamburguerias gourmet, esses estabelecimentos de rua continuam resistem como pilares da cultura gastronômica da cidade, fazendo parte da memória afetiva dos paraenses.

Igor Wilson
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Nos labirintos das ruas de Belém, entre o frenesi urbano e o clima amazônico, os carrinhos de lanches são mais do que meros pontos de alimentação, são símbolos de uma tradição gastronômica que resistiu ao tempo e às investidas das grandes redes de fast food que se multiplicam na capital paraense. Em meio ao sucesso crescente também das hamburguerias gourmet, esses estabelecimentos de rua continuam resistem como pilares da cultura gastronômica da cidade, fazendo parte da memória afetiva dos paraenses.

Um exemplo dessa tradição é o ‘Lanches Paraense’, na movimentada travessa 14 de Março com a avenida Magalhães Barata. Com meio século de história, o estabelecimento atualmente é conduzido por Carlos Frank, neto dos fundadores. Para ele, manter a tradição não é apenas um negócio, mas um legado familiar que atravessa gerações. Frank foi sustentado com a renda do empreendimento e, após adulto, sustenta sua família. Seus filhos hoje o auxiliam esporadicamente, assim como fazia com seu pai, mantendo vivo o ritual de servir lanches saborosos e autênticos, preparados na chapa e com ingredientes frescos.

Sabor Genuíno

Em contraste com a imponente presença de uma franquia de fast food que se instalou há alguns anos diante de seu carrinho, Frank enxerga seu negócio como uma batalha entre Davi e Golias, onde o sabor genuíno e o preço acessível se sobrepõem à uniformidade oferecida pela concorrência.

“Aqui é feito na hora, com ingredientes do dia, fritinho na chapa, lá geralmente é tudo padronizado, muitas vezes apenas requentado, o pão não é do dia, os ingredientes também não. É monótono entende!?”, diz o empreendedor.

image O casal Vitória e Marcos costumam lanchar sempre que podem e gostam dos carrinhos de rua pelo sabor, além de colaborar com os pequenos negócios. (Claudio Pinheiro)

Os clientes, como Vitória Lima e Marcos André, compartilham desse sentimento, destacando não apenas o sabor dos lanches, mas também o ambiente descontraído e a contribuição para a economia local como motivos para sua preferência.

“Eles são mais saborosos e fora o preço que é mais acessível, também o ambiente aqui é bem mais legal, despojado”, disse Vitória. Seu parceiro compartilha a mesma visão, acrescentando a importância de colaborar com a economia dos pequenos empreendimentos locais.

“Colaboramos com o pequeno empreendedor, com a economia regional. O mercado hoje está muito disputado e acaba que optar pelo lanche de rua dá visibilidade a eles, que fazem parte da cultura de Belém”, diz Marcos.

Dicas para empreender no setor

A visão do gerente do Sebrae em Belém, Igo Silva, lança luz sobre os desafios enfrentados pelos empreendedores ambulantes nesse ramo alimentício. Desde a busca pela localização ideal até a regularização perante as autoridades municipais, cada passo é crucial para o sucesso do negócio.

“O empreendedor do serviço ambulante de alimentação que trabalha com uma hamburgueria de rua tem os seus desafios. Ele precisa pensar primeiro na melhor localização, em quais são os critérios que aquele local exige para poder fazer a liberação daquele espaço. E segundo procurar a prefeitura para regularizar tudo”, diz o gerente do Sebrae.

image Frank vende uma média de 80 lanches por dia (Claudio Pinheiro)

Além disso, Igo Silva ressalta a importância do empreendedor buscar sempre capacitação em higiene alimentar, planejamento de cardápio e estratégias de divulgação, fundamentais para garantir a qualidade e a visibilidade dos empreendimentos.

“É importante que ele participe das capacitações focadas na parte de manipulação de alimentos, que vai tratar da parte de higiene, além de ajudá-lo a fazer um bom planejamento de cardápio e a fazer uma boa divulgação”, disse.

Enquanto a noite belenense embala o vai e vem dos clientes em busca de um sabor autêntico, os carrinhos de lanches continuam a ser faróis de tradição e resistência em meio a um mercado em constante transformação.

“Acredito que tem lugar para todos, mas os carrinhos de lanche são a raiz, eles fazem parte da história, embalaram romances, fazem a alegria no pós-festa da galera e com certeza nunca vão desaparecer, assim como eles [as redes de fast food], nós também vamos continuar nos multiplicando”, diz Frank, atendendo a mais um cliente na movimentada noite de segunda-feira.

Como abrir um empreendimento de lanches

Para aqueles interessados em formalizar seus negócios, a prefeitura de Belém informa que é necessário preencher uma ficha de cadastro específica para a atividade pretendida e registrá-la no protocolo da Secon. “Além disso, é fundamental apresentar cópias dos documentos exigidos pelos respectivos decretos. Todas as informações detalhadas podem ser acessadas por meio do site da Secon”, informou o órgão municipal.

A fiscalização desses empreendimentos é conduzida de forma regular pela equipe técnica do DCPV, seguindo um cronograma estabelecido nos locais onde essas atividades estão cadastradas. A prefeitura da capital informou à reportagem do Grupo Liberal que dá “especial atenção a áreas de grande movimentação, como o Ver-o-Rio, Portal da Amazônia, Pontão de Icoaraci, entre outros”.

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