Preço do leite, em Belém, registra alta de quase 20% no primeiro semestre

De acordo com a Embrapa, alta no custo de produção causou queda da oferta

Abílio Dantas
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O preço do litro do leite comercializado em caixa, em Belém, teve alta de 19,78% entre janeiro e junho deste ano, o que significou aumento acima da inflação do período, que foi de 5,61%. Entre maio e junho, especificamente, o produto ficou mais caro 7,07%, quando as placas de venda deixaram de registrar o preço médio de R$ 6,22 e passaram a comercializar a caixa a R$ 6,66. Os dados são de levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese-PA), e confirmam o que as pessoas, em feiras, supermercados e padarias, já sentiam no cálculo mensal das compras.

O motivo da alta do produto básico da alimentação da população, em todas as regiões do país, é a queda da produção, causada por diminuição de pastagens, que ocorre sazonalmente, além do encarecimento dos insumos, segundo especialistas. Em Belém, no período de 12 meses, entre junho de 2021 e o mesmo mês neste ano, a alta foi de 28,57%. O litro de caixa, que custava R$ 5,18, passou a ser comercializado a R$ 6,66, também de acordo com o levantamento do Dieese.

O pesquisador Bruno Giovany, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), zootecnista e chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Amazônia Oriental, afirma que a redução da produção de leite é evidente, e tem como causa primeira a diminuição sazonal das pastagens, que ocorre todos os anos a partir do mês de maio, até setembro. “Uma propriedade, por exemplo, que produz normalmente oito litros por dia, tem a produção reduzida, nos meses de maio, junho e julho, para quatro ou três litros, o que já é esperado. Há a necessidade de maior uso de ração concentrada, o que faz aumentar o custo de produção. Ainda há a possibilidade de que o preço do leite suba até setembro”, anuncia.

Para o especialista, o preço pode chegar a R$ 8, em razão ainda da alta do valor dos adubos, verificada também após o início da Guerra da Ucrânia. O reflexo nos preços se deve à elevada participação da Rússia no mercado global. “Mas não acho que um aumento tão grande é possível, pois seria insustentável para a população. O comerciante vai acabar tendo que absorver o aumento, pois senão ninguém vai poder comprar”, considera.

O pecuarista João Rocha, que possui produção de leite nos municípios de Cachoeira do Arari, no Marajó, e em Abaetetuba, afirma que no arquipélago o aumento foi de R$ 0,10 no litro. “A alta dos insumos só veio impactar nos custos de produção da propriedade que fica descapitalizada para fazer manutenção das pastagens e novo plantio de pasto e agricultura no geral”, argumenta, para declarar que não precisou fazer aumentos significativos.

O preço do cafezinho

Além dos espaços de venda de leite pesquisados pelo Dieese-PA, as panificadoras e tradicionais mercearias de Belém também são locais onde são frequentes as reclamações sobre o valor do preço do leite. No bairro do Marco, uma padaria com mais de 30 anos de existência, na travessa Barão do Triunfo, é um desses pontos. A gerente do estabelecimento, Adda Alves, conta que precisou aumentar o preço do leite em pó vendido em saco.

“As pessoas reclamam bastante, diariamente, pois os aumentos acabam influenciando também os produtos derivados, como o queijo, que está tendo aumentos semanais. Nós precisamos aumentar o nosso pacote de leite, em cerca de 10% no primeiro semestre. Mas o cafezinho com leite e pão com manteiga, que é o nosso carro-chefe, nós conseguimos manter o mesmo preço: a R$ 6”, relata

Brasil

Em âmbito nacional, o aumento do produto no acumulado de 12 meses, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), foi de 21,6%. O preço médio cobrado em junho deste ano foi de R$ 2,68, enquanto em janeiro o valor médio era de R$ 2,10. Além de Belém, 16 outras capitais brasileiras também registraram aumento do preço, entre abril e maio, segundo o Dieese.

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