Preço de frutas e legumes dispara em fevereiro na grande Belém

Quilo da cenoura foi o que mais subiu de preço em relação a janeiro: 35%. Variações climáticas, incluindo o inverno amazônico, influencia na carestia deste e de outros legumes.

Gabriel da Mota

O preço de alguns legumes, como cenoura, batata e chuchu, disparou no mês de fevereiro em Belém. De acordo com dados do Dieese Pará, o quilo da cenoura foi reajustado em +35% em relação a janeiro, e já registra alta de 106% no acumulado dos últimos 12 meses. Outros legumes, como batata e chuchu, também subiram em fevereiro (+23% e +18%, respectivamente). Nesta quinta-feira (14), comerciantes e consumidores da Feira da Pedreira falaram sobre o impacto da inflação, que também chegou a algumas frutas, com destaque para a banana. 

O feirante Nildo Moreira (44 anos) trabalha há 12 anos no local e conta que os legumes que mais subiram de preço em sua banca, nas últimas semanas, foram: batata, cebola, cenoura e chuchu. “Chegou a R$ 15 o quilo da cenoura, mas a gente tá mantendo no padrão entre R$ 10 e R$ 12. O preço normal era R$ 8”, informa. O teto de 15 reais também foi alcançado pela cebola (cujo preço médio era R$ 6) e pela batata (que custava em torno de R$ 8), dobrando o custo de alguns desses itens.

“Devido ao clima da nossa região Norte, muita chuva, isso acaba atrapalhando pra colher, pra carregar, pra transportar. Isso tudo gera um atraso e acaba faltando no mercado. Quem tem, já aumenta um pouco o valor do produto, e a procura é muita”, explica Nildo. Segundo ele, o chuchu está custando R$ 12; o dobro do preço mais em conta a que já chegou (R$ 6). Para não ficar no prejuízo, o comerciante explica que tem adquirido menos hortifrutis para revenda: “Tem produto que se você não vender rápido, estraga e não dá pra armazenar”, acrescenta.

image Fernanda Nery (30 anos), feirante (Foto: Ivan Duarte | O Liberal)

A feirante Fernanda Nery (30 anos) diz que, além da batata e da cenoura, o tomate e a banana também encareceram. “Banana era R$ 8 [a dúzia], agora é R$ 10-12. Todo dia, a pessoa tem que consumir fruta. Mas [os clientes] estão levando menos, pra não deixar faltar”, avalia a vendedora. Na barraca de Fernanda, a alta de preços fez com que as vendas diminuíssem cerca de 30%. 

Na última terça-feira (12), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a inflação dos alimentos foi de 0,95% entre janeiro e fevereiro, em todo o país. De acordo com o IBGE, a cenoura teve alta de 57% no acumulado dos dois meses. O excesso de chuvas na região Sul do país, principal produtora da hortaliça, contribuiu para a alta. No mesmo bimestre, os maiores reajustes foram: manga (44%); batata inglesa (+38%); açaí (+30%); banana-prata (+17,4%) e laranja-pera (+17%).

No Pará, o Dieese divulgou que a cenoura foi reajustada em +35% no último mês, seguida da batata lavada (+23%) e do chuchu (+18%). No grupo das frutas, destacam-se: o abacaxi (+14%), o mamão (+11%) e a tangerina (+9%). Nós últimos 12 meses, destacam-se as subidas de preço do abacaxi (96%), da manga rosa (50%) e do limão (40%). O departamento atribui às fortes variações climáticas, incluindo o período de chuvas intensas na região (“inverno amazônico”) o encarecimento do preço final, considerando a subida no custo dos insumos e no valor do frete que integram a cadeia produtiva. 

Levar menos para não deixar de comprar

Joana D’Arc Ribeiro (64 anos), secretária do lar, era uma das pessoas que faziam a feira no bairro da Pedreira, hoje. Ela comentou sobre o aumento generalizado nos hortifrutis: “A verdura tá um absurdo de caro. Batata, cenoura, tomate… tudo aumentou”, declara. Dona Joana também precisou diminuir a frequência com que compra banana: “Não compro mais todo dia, como eu comprava. Compro duas, três vezes na semana, por causa do meu neto”, explica. 

image Eliete da Costa (60 anos), secretária do lar (Foto: Ivan Duarte | O Liberal)

A secretária do lar, Eliete da Costa (60 anos), tem percebido aumento no preço do maracujá. “A polpa do maracujá, eu comprava a R$ 7. Hoje em dia, tá 15 reais”, informa. Eliete não deixa de comprar o fruto, mas tem adquirido-o com menos frequência: “Antes, eu levava toda semana; agora, é de 15 em 15 dias. Eu levo, porque eu tenho que me alimentar”, diz a consumidora, que prefere a feira ao supermercado pela disponibilidade de produtos mais frescos, ainda que o preço seja mais alto.

Carmen Santos, 68 anos, também observa que os hortifrutis podem ser encontrados mais em conta nos supermercados. Mesmo assim, por ser moradora do bairro, ela preferiu ir à feira da Pedreira. “A banana eu vim comprar agora, porque eu ia fazer um pirão na sopa, com ovo e banana. Tá 15 reais a dúzia. Aonde nós vamos parar com isso?”, reclama a secretária do lar.

Principais reajustes dos hortifrutis em Belém

Em fevereiro | nos últimos 12 meses

Hortis (hortaliças, verduras e legumes)

Cenoura: 35,47% | 106,63%

Batata: 23,3% | 21,13%

Chuchu: 18,85% | 53,51%

Pimentão Verde: 11,59% | 20,35% 

Pepino: 11,21% | 31,52%

Beterraba: 9,86 | 24,83%

Cheiro Verde: 9,19% | 10,41% (maço)

Quiabo: 8,54% | -2,06%

Repolho: 7,84% | 108,19%

Maxixe: 7,61% | 2,18%

Couve: 6,5% | 9,62% (maço)

Frutas

Abacaxi: 14,61% | 96,56%

Mamão: 11,17% | -0,88%

Tangerina: 9,21% | 12,07%

Laranja Pera: 6,91% | 17,28%

Banana Prata: 4,57% | 14,39%

Fonte: Dieese Pará

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